Capítulo III

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Capítulo III

A hora seguinte passou-se mais ao menos da mesma forma. Pontes, túneis, escorregas, escadas, o Michael abanava, puxava ou me agarrava. Parecia disposto a fazer-me cair dali a todos os custos.

Não sei bem como, aguentei-me com unhas e dentes e, mesmo nas alturas mais assustadoras, consegui manter o equilíbrio.

Finalmente, avistei o slide final. Deixei sair um grande suspiro de alívio por aquilo ir finalmente acabar.

O Kay já estava lá em baixo, a desapertar o gancho e tirar a armação, e acenou-me.

Agarrei a manivela onde tínhamos de posicionar as mãos e descer os 300 metros até ao chão.

- Força, Olhos Verdes - disse o Michael. - Não caias agora.

- Queres-te calar?! - Quase gritei. - Estou pelos cabelos contigo.

- Pronto. Só estou a dizer para teres cuidado.

Agarrei com ambas as mãos, lancei uma última mirada ao Kay lá em baixo e depois atirei-me.

Mas toda a força que eu tivera de fazer para aguentar as provocações do Michael tinha-me deixado exausta.

E só me apercebi disso quando ia a meio do slide.

As minhas mãos de repente perderam a garra e, com um guincho, soltei a manivela.

Caí, e depois fui repuxada com força para cima pelo arpão agarrado à linha de emergência.

Lá em cima, ouvi o Michael partir-se a rir.

- MICHAEL! - Berrei. - QUANDO ESTIVERMOS NO CHÃO JURO QUE TE VOU MATAR!!

- Lyra! Estás bem? - Perguntou o Kay, uns metros abaixo de mim, preocupado.

- Ya... Acho. Como saio daqui?!

- Tens de fazer força com as mãos e escorregar o que te falta até aqui abaixo. Depois desapertas o arpão.

Só faltavam 100 metros para eu tocar com os pés no chão, mas pareceram sete quilómetros. Tinha as mãos a arder e a cintura a doer-me imenso quando toquei finalmente no abençoado chão e o abençoado Kay se apressou a ajudar-me.

- Estás bem? - Repetiu ele, preocupado, libertando-me da armação.

- Já estive melhor - esforcei-me por sorrir. - Mas arborismo, nunca mais.

O Michael chegou nesse momento. Desceu o slide na perfeição e aterrou com delicadeza.

- Lyra, Lyra - ele abanou a cabeça em descrença.

Mas eu não o deixei acabar

- UMA PALAVRA, Michael, e ficas sem dentes! - Ameacei. Depois, desandei dali. Se ficasse a menos de seis metros daquele rapaz sentia que não me ia controlar e ia estrangulá-lo até ficar roxo.

Meia hora depois, já estava toda a gente cá em baixo.

Eu tinha estado a tentar acalmar-me depois do fiasco com o Michael. Quando vi a Gabby aproximar-se de mim, apressei-me a perguntar-lhe como lhe correra para ela não me perguntar a mim.

- Bem! Foi mesmo giro, e o slide no fim foi o máximo! - De repente, a Gabby deixou de sorrir e disse: - Mas nem sabes o que aconteceu à Olivia...

- O quê?

- Ela foi atrás de mim, em último lugar, e tentou de todas as maneiras convencer o Marcus a dispensá-ladas alturas. Mas ele disse que as regras eram regras e que ela precisava de enfrentar os seus medos, e praticamente obrigou-a a enfiar a armação e subir o pinheiro atrás de mim!!

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