Capítulo X

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Capítulo X

- Isto não faz sentido. Não faz o mínimo sentido.

Eram as únicas palavras capazes de descrever o que se estava a passar. Tínhamos todo caído como uns patinhos na armadilha que alguém astutamente armou, com o rádio a lançar gritos. Agora, não havia uma única pessoa que não estivesse alerta, como se de repente se fosse abrir um buraco no chão e nos engolisse.

Estávamos todos a sussurrar em grupinhos separados. A união que tínhamos formado com o sucesso dos esquilos desmoronara-se. Estávamos todos tão afastados uns dos outros como quando nos tínhamos visto pela primeira vez no Domingo.

Eu, o Michael, o Alfie, o Kay, a Gabby e o Alex estávamos sentados no pátio. Eu ainda sentia uma dor de cabeça devido ao gás. A poucos metros de nós estavam o Josh, o Ian, o Julian e o Tom, a sussurrar entre si e a lançar-nos olhares de esguelha.

- Tem de haver uma razão no que está a acontecer aqui - murmurou o Michael, mais para si do que para nós. - Tem de haver uma LÓGICA por trás disto.

- Eu digo-te a lógica, Michael - cortou o Kay. - Os monitores psicopatas tramaram-nos e está aqui dentro alguém além de nós que nos quer matar. Aqui está a lógica.

- O Michael está certo - defendeu-o a Gabby. Estava mesmo pálida, tanto que parecia que ia cair para o lado a qualquer momento. - Há aqui alguma coisa que não estamos a perceber.

- Uma?! Várias! - Corrigiu o Alfie. - Querem que comece por onde? Porque é que os monitores nos trancaram aqui? Porque é que nos tentaram matar? Porque é que não nos deixaram morrer e alguém misterioso abriu a porta no último segundo? QUEM É o psicopata que armou este teatro e que está algures escondido?!

- Temos de nos organizar - decidi, falando pela primeira vez. A dor de cabeça estava sempre mais acentuada. - Alguém tem papel e caneta? - sempre senti que as coisas ficam mais claras quando são escritas.

O Alex tinha um bloco de notas e uma esferográfica. Eu sentei-me com a folha branca à minha frente e bloqueei, sem saber exatamente como começar.

- Muito bem. Vamos por partes. - Disse por fim. Estavam todos numa roda apertada à minha volta. Escrevinhei:

1 - VIEMOS TODOS PARA ESTE CAMPO ONDE NOS APRESENTARAM OS DORMITÓRIOS E INSTALAÇÕES E FICAMOS A CONHECER OS MONITORES.

- Até aqui nenhuma dúvida - disse. Todos assentiram, menos o Michael, que parecia pensativo.

2 - A CHRISTINA MORRE NO JOGO DE LASER TAG. O MARCUS DEU UMA ESPINGARDA VERDADEIRA À DAIANA "SEM QUERER".

- Aqui já é mais complicado - interrompeu-me o Alex. - O Marcus efetivamente enganou-se e sem querer apetrechou a espingarda verdadeira... Ou deu-a à Daiana DE PROPÓSITO, para ela matar alguém?

- Acho muito difícil alguém se enganar simplesmente numa espingarda dessa maneira - disse o Kay secamente. - Não sei vocês, mas se tivesse de apostar, eu diria que o Marcus fez de propósito.

- Mas porquê?! Qual o interesse em matar a Christina? - Perguntei, exasperada. Sentia o meu cérebro a dar o nó lentamente.

- Não era preciso ser a Christina, podia ter sido qualquer um de nós!

- De novo, porquê? Porque é que o Marcus havia de querer matar os miúdos que vieram ao seu Campo de Férias? Se nos queria ver mortos, pegava ELE na espingarda e começava a disparar, ou envenenava a nossa comida, sei lá!

- Isso não era nada subtil e as culpas iam cair todas nele.

- Não vamos chegar a lado nenhum se continuarmos a discutir este tópico - interrompeu o Michael. - Por enquanto não temos informação suficiente para saber se o que o Marcus fez foi propositado ou puro desleixo. Lyra, ponto 3.

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