Capítulo 9

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  Seria mais fácil e mais rápido. Desistir de tudo.

  Por que não?

  Sem agua e sem comida provavelmente não aguentaria e sem contar que provavelmente não resistiria a mais uma surra de Justin.

  Agora seria só esperar, esperar que a fome e a sede me deixassem fraca o suficiente para que um soco me fizesse cair.

  Talvez se tivesse sorte, Justin me desse um tiro e tudo ficasse mais fácil, ou, quem sabe eu poderia encontrar algo com que cortar os pulsos. Não deveria ser tão difícil assim. Não é?

  Não!

  Eu não poderia desistir de tudo assim tão fácil, não antes de me vingar. Não antes de vê-lo sofrer. Não é?

  É!

  Isso tá começando a ficar estranho: conversar comigo mesmo.

  Eu estava quase tirando a conclusão de que estou louca.

  Mas analisando a situação, poderia ser pior! Poderia estar sã.

  (...)

  As horas estão passando e nada acontece.

   Droga! Droga! Droga!

  Não tem nada pra fazer nessa porra!

  Escuto um barulho. Serio que é só eu falar que as coisas acontecem?

-CADÊ ELA?-Justin berrou para alguém.

  Pelo visto não estou sozinha.

-É... Ela esta no quarto senhor.-uma voz masculina responde.

  Senhor?! Até parece!

  Escutei quando ele veio para o quarto.

-Aprendeu que tem que me respeitar?-ele chegou perguntando.

-Justin, chega né? Me leva para casa por favor.-falei me aproximando.

-Tem água e comida para você alí.-sussurrou

  Suspirei com...raiva?

-CARALHO, ME DIZ O POR QUÊ DISSO?-não aguentei.

-Eu... Eu não posso Mel. Eu não posso.-ele falou, era possível escutar sua voz falhando.

-NÃO PODE? PORRA JUSTIN CHEGA, JÁ DEU! NÃO AGUENTO MAIS.-gritei.

-Mel, só come, por favor.-falou baixo.

-Não, eu não vou comer. Você vai me matar se eu continuar aqui desse jeito.-falei.

  Me analisou, soltou um longo suspiro e saiu.

  Serio? Ele veio pra cá só para brigar e depois ir embora?

  Pelo menos ele não me bateu!

  Ainda tenho chances de viver alguns dias...

  Grande chance!

  Mas que droga eu tinha que pagar aquela aposta!

  Tinha que ter indo Chaz e o beijado!

  Argh!

  Eu tinha que ter feito tudo isso!

  Por quê eu não escutei Matt? Porquê?

  Espera ai, Matt me avisou. Ele sabia de alguma coisa.

  Ah se eu pego Matt... Aquele filho de uma mãe miserável!

  Mas o quê ele sabia e ... Por quê tudo isso?

  Droga!

  Fico andando de um lado para o outro até que o cansaço e a fome me vencem.

  Me jogo no chão ao lado de um prato e uma garrafa de agua de 500 ml.

  Sério? 500ml?

  Rasguei o papel alumínio que estava cobrindo o prato.

  Mexido de ovo, carne e sei lá mais o quê.

  Até que não era assim tão mal. Comi feito uma condenada( o que eu sou agora) e bebi quase a garrafa toda em um só gole, mas me controlei e deixei o equivalente a mais ou menos três dedos de água na garrafa.
  Bom pelo menos já vi que morrer eu não vou, pelo menos não agora.
  Olhei para o meu corpo. A minha situação não estava nada boa. Os hematomas estavam amarelados em algumas partes, já em outras estavam completamente roxos.
  Ainda não tenho a menor idéia do que irei fazer quando sair daqui.
  Não sei que desculpa vou dar quando voltar para escola, muito menos se irei voltar para a escola.
  Eu tenho que dá um jeito de sair daqui, tenho que dá um jeito de fugir desse inferno.
  Sem que eu percebesse a noite caiu.
  Pela primeira vez em muito tempo consegui durmi de verdade.
  (...)
  Acordei com o sol batendo no meu rosto e devido á alguns barulhos vindos lá de fora.
  Tinha sede...
  Olhei para onde havia deixado a garrafa, mas ela não estava mais lá, no seu lugar havia uma nova garrafa cheia e um prato coberto com alumínio.
  Não tive tempo de levantar e Justin entra no quarto. Não é um momento muito apropriado para pensar isso, mas ele está... lindo.
  Já eu! Sem comentários...
-Eu só quero que isso seja rápido...-sussurrou jogando sua jaqueta de couro no banquinho.
  Ele se aproximou cauteloso, quase nervoso.
  Segurou meu rosto em suas mãos e me beijou.
  O beijo calma e apaixonado... logo se tornou urgente.
  Com urgência arrancou minha blusa. Não, não é isso que eu quero.
-Justin, para! Eu não quero.-falei colando minha testa na dele do jeito mais carinhoso possível, afaguei seu rosto, fazendo pequenhos círculos em suas buchechas olhando no fundo de seus olhos. Na esperança de ele desistir disso tudo.
  Mas ele continuou... Da pior forma possível.
  (...)
  Os dias estavam se passando cada vez mais devagar fazendo com que a minha vontade de ir embora só aumente.
  Minhas dores estão cada vez maiores.
  Algumas vezes eles traziam comida e água, já até haviam me levado em um banheiro que tem no galpão para que eu tomasse banho.
  Até que um dia eu acordei e vi que a porta estava entre aberta ... Era minha chance.
  Fui até a porta e a abri com cuidado, olhei os corredores e não havia ninguém.
  Perfeito.
  Entrei novamente no quarto, do lado do banquinho havia uma mochila preta, que não fazia a menor idéia de quem poderia ter a colocado ali, e no banquinho dois pratos de comida e duas garrafas de água. Soquei tudo dentro da bolsa, joguei-a nas costas e sai cautelosamente para não fazer nenhum barulho.
  Ao sair do "quarto" tinha um pequeno corredor em direção a saída. Ouvi passos longes vindo de outro cômodo.
  Calma Mellanie! Respira. Não se desespera, não se desespera...
  Os passos estavam se aproximando.
  Tá, agora pode se desesperar! E corre!
  Foi o que eu fiz.
  Corri feito uma prisioneira fugindo da cadeia.
  E esse corredor que não acaba?
-Não adianta correr.-falou o cara ofengante por estar correndo.
  Atrás de mim.
  Finalmente achei a saída. Por sorte não havia ninguém lá fora.
  Olhei para o lado e não vi literalmente nada.
  O galpão estava no meio do nada.
  Distraida não percebi que o capanga de Justin estava se aproximando. Corri enquanto ele atirava várias vezes.
  Corri, corri e corri mais um pouquinho até que uma bala me atingiu na perda esquerda.
  Corri, o que não estava sendo nada fácil com uma bala na perna, o máximo que pudi.
  Dispitei o capanga e me sentei debaixo de uma árvore. Estava perdendo muito sangue.
  Minha perna latejava de dor. Lágrimas escorriam pelo meu rosto. Lágrimas de dor, de ódio, de mágoa... Será esse o meu fim?
  Minha vista foi ficando embaçada aos poucos até que tudo escureceu.

  

Por culpa de uma aposta-Justin bieberOnde histórias criam vida. Descubra agora