Capítulo 1

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   Meu nome é Valerie Scarlette Marin, tenho dezessete anos e sinto que ainda não fiz nada do que eu gostaria de verdade. Passei os últimos anos me sujeitando a diretrizes, me esforçando para tirar boas notas e nunca dei atenção no que estava perdendo. Meu pai sempre me disse que eu deveria ser como a minha irmã, hoje ela faz faculdade na Universidade Stanford e eu fui procurada por um olheiro de Harvard.

   Eu nunca tive pulso firme, nunca fui eu mesma, se o meu pai dissesse para que eu fosse de um jeito, eu seria, só para agrada-lo, só para ser melhor. Diferente da minha irmã eu não era popular, mas todos sabia quem eu era, porque ajudava qualquer um com as matérias, porque não sabia dizer não, no entanto, não conseguia fazer trabalhos para outra pessoa, nem mesmo por dinheiro, não que precisasse. Mas qualquer jeito me parecia muito errado, e tudo que errado, eu descartava.

   Depois desse ano eu vou para o campus, cursar direito, mas sinceramente não sei se é o que eu quero. Como se alguém ligasse, todos os meus passos já estão premeditados, esse é meu último ano e eu só queria fazer coisas diferentes. E esse garoto sentado na minha frente o nome dele é Drake, ele é magro, alto, sempre está usando óculos escuros, — o que é meio esquisito — e eu quero transar com ele.

  Me disseram que ele é cego de um olho. Já ouvi também que ele tem problemas com a luminosidade, acho mais provável a segunda teoria, eu teria de descobrir por mim mesma já que ele não falava com ninguém, por isso, hoje sentei junto a ele na mesa do refeitório, ele ficou me encarando, eu suponho.

— Por que você usa óculos escuros? — Pergunto.

— Não é da sua conta. — ele responde.

— Meu nome é Valerie. — digo.

— Okay, Valerie, dá o fora.

— Essa mesa é sua?

— Alguém mais além de eu senta aqui na semana? — ele pergunta irônico.

— Fiz a perguntei primeiro.

— Sim, é, e você deveria sair daqui. — devolve ríspido.

— Grosso...

   Ele ri travesso. Mostrando dentes brancos e retos. Fora algo que me surpreendeu, dado as vezes que o vi fumando no estacionamento esperava pelo menos por dentes amarelados.

— Posso mostrar a você o que é realmente grosso.

— Eu adoraria ver — digo sisuda. — Você nem imagina — sussurro e me levanto.

   Este era um desafio e eu nunca perdia. Arquitetar um trabalho para a feira de ciências era cansativo, mas não difícil, passei duas vezes para o nacional e ganhei uma vez. Drake agora era como o nacional, e eu o ganharia, a diferença é que talvez ele seja difícil. Mas nos acampamentos de verão certas atividades eram complexas, mas ganhar a medalha valia todo o esforço. Por isso, eu não podia desistir. Mudei algumas de minhas aulas só para estar na mesma turma que ele, eu parecia agora uma perseguidora, mas eu nem sabia como fazer isso exatamente, então só agia por impulso. Por pura sorte Drake estava sem dupla na aula de química e o professor nos colocou juntos. Havia um trabalho que seria muito importante, e o professor nos deu até o final do semestre para termina-lo e entregar. Drake do meu lado não parecia descontável, mas irritado talvez. Ele não falou comigo, e eu fiz o mesmo. Quando o sino soou ele se levantou com pressa da cadeira e saiu da sala, e eu o segui.  Ele estava guardando os livros no armário, encostei do seu lado e o encarei.

— O que você quer? — ele pergunta áspero.

— Minha casa às oito, hoje. — disse.

— Pra quê? — ele pergunta confuso.

Realmente queroOnde histórias criam vida. Descubra agora