Capítulo 13

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Antes...

- Bom dia. - Digo animada e sorrio para papai - Escritório do Sr. Marin!

- Sarah, você pode passar para o Robert. - Uma mulher diz irritada.

- Qual seria o assunto? - Pergunto.

- Sou eu Sarah, Emily! - ela diz impaciente - Passa logo pro Robert, eu não tenho tempo.

- Pai, - cubro o fone - Tem uma mulher querendo falar com o Senhor, Emily é o nome dela.

- Passe pra mim. - Ele ordena exasperado e tranca a porta de vidro entre eu e ele.

   Naquele dia a secretária do meu pai, Sarah, estava doente e achei interessante ser sua assistente por alguns dias, meu pai aceitou de imediato e amou minha dedicação. E estava indo tudo bem até eu atender a essa ligação, e eu desconfiei que a reação que ele apresentou ao ouvir aquele nome não se tratava de apenas uma mulher de seus negócios, aquela mulher tinha intimidade a ponto de o chamar pelo nome. Vacilante, pego o telefone e escuto a conversa entre os dois:

- Eu esqueci, me desculpe. - Ela diz.

- Eu te avisei que ela estaria aqui, você não podia ter ligado Emily. - Meu pai diz rude.

- Robert, eu já pedi desculpas, eu não vou mais ligar, prometo. Mas eu preciso do dinheiro, precisa fazer isso hoje pra mim e mais tarde eu posso te retribuir.

- Escute bem, nunca mais ligue Emily! A tarde quando eu vou sair do escritório passo no banco e deposito pra você.

- Não! - Ela diz irritada - Eu quero em dinheiro, você me prometeu em dinheiro Robert.

- Okay, okay! No almoço eu te entrego, me espere no lugar de sempre.

- Eu te espero, até amor. - Ela diz.

- Até. - ele diz.

   Desliguei o telefone antes que ele percebesse e fui até o banheiro lavar o meu rosto, eu não queria acreditar naquilo, tinha que ter outra explicação, mas eu sabia, que a resposta era única e explícita. Naquele mesmo dia quando ele me saiu, eu o segui. Foi chocante saber que a mulher com quem meu pai estava se relacionando, traindo a minha mãe e destruindo nossa família era jovem, e poderia ter a minha idade, e isso não o impediu em nada, eu não reconheci o meu próprio pai, alguém se intitulava íntegro e agora não passava de um canalha. Ela me viu, me viu chegar e encontrou meus olhos enquanto depois de um longo beijo abraçou meu pai, eu nunca esqueceria aquele rosto, aquele olhar presunçoso, aquela boca rosada ou cabelo ruivo, me lembro até do vestido indecente que ela usava. Mas tinha algo que eu não esperava, que minha mãe também estivesse desconfiada e a aparece no meio daquela cena, discutindo com meu pai e se recusando a olhar para Emily, pois por mais que ela fosse a amante ainda sim era só uma adolescente e minha mãe uma mulher de princípios. E em meio a lágrimas, eu só conseguia pensar que eu fiz tudo certo, que eu, mamãe e até Jane fizemos do nosso melhor, percebi que fazer tudo certo não leva a lugar nenhum se não for pra si mesma. E que alguns conceitos na vida a gente tem que ter o próprio. E foi assim que pensei que talvez tudo que eu tenha aprendido ser certo não passava de manipulações, eu sabia que pessoas erram, e eu até entendia, mas hipocrisia não, é um erro muito grande, é uma PORRA DE UMA GRANDE MENTIRA!

Agora...

   Se alguém me perguntasse o que é amar a um ano atrás eu diria que é uma forma exagerada de explicar o desejo, mas agora com os olhos inchados e olheiras profundas eu compreendo que vai muito além disso. O problema não é nunca perdoar, quando há um ato como o de Drake você sabe que não pode voltar de jeito nenhum, traição não é uma como uma simples briga, porque a briga pode ser resolvida, a traição não, a deslealdade causa uma mágoa muito forte e confiar depois dela é quase impossível, sabendo disso, a única opção que resta é esquecer, e isso te mata. Mas uma decisão ao contrário custaria a minha dignidade, e ela quase  foi tomada quando Emily cuspiu todas aquelas palavras. Essa dor, eu não sei como lidar, eu fico trancada nesse quarto deixando lágrimas amargas e cheias de ódio descerem e pra falar a verdade elas não me ajuda aliviar essa angústia, minha vontade era quebrar tudo que havia no quarto porque eu sentia que descontar em algo tudo que eu estava sentido de alguma maneira me traria leveza, no entanto, eu estava inerte, paralisada por uma dor esmagadora. Eu não fazia mais nada, como por exemplo agora que estou na cama enquanto perdida em vários pensamentos, eu apenas comia, ia ao banheiro, sentava na poltrona, chão ou cama, e por fim, em algum momento eu pegava no sono.

Realmente queroOnde histórias criam vida. Descubra agora