Seria uma completa mentira dizer que depois de todos esses anos eu nunca imaginei revê-lo de novo, mas de todas essas vezes eu nunca sabia como me portar, pensando no que iria dizer a ele, e então, trocava, pensava em outras palavras que deveria usar, e novamente repetia, mas nenhuma terminava bem, eu não encontrava as palavras certas, eu não fazia ideia do que dizer a ele porque assim como nós em minha cabeça abalada, não daria certo, não seria mútuo. Depois, reconheci que isso nunca deveria acontecer, eu o magoei e era covarde demais para encara-lo, portanto disse a mim mesma que não voltaria a Green Bay, mas voltei e estava certa de que não o encontraria, e aqui está ele sentado tão próximo de mim depois de tantos anos.
Meu rosto estava tenso, não me atrevia a olhar para o lado, nem mesmo sobre a tentação de um breve deslumbre sobre ele, todos mudamos e de alguma forma sei que ele também, sua total elegância até mesmo em pronunciar uma palavra deixava isso claro. Eu estava suando mesmo com ambiente climatizado do bar, a ansiedade em meu estômago me alertava que eu precisava sair dali.
- Cansado? - o garoto, barman pergunta.
- Muito, acabei de chegar de viagem, desci do voo, dormi alguns horas e decidi que deveria fazer companhia a você. - ele diz com simplicidade.
Abro minha bolsa e a vasculho apressada a procura da minha carteira, havia apenas um nota de cinquenta dólares, e passar o meu cartão demoraria muito e eu não podia correr o risco dele me reconhecer, coloco um a nota no balcão e me levanto pronta.
- Moça, não vai querer o troco? - o garoto pergunta.
Balanço a cabeça em negativo sem ao menos o encarar. Caminho até a saída enquanto tento colocar a carteira e o celular na bolsa, mas a meu nervosismo e agitação fazem com que os dois objetos escapem da minha mão batendo com violência no chão. Me abaixo frenética recolhendo a carteira com as mãos trêmulas, estico a outra para pegar o celular e alguém com a mão grande e dedos finos o pega antes e entrega a mim, o guardo na bolsa e penso em levantar-me e correr, mas isso seria tão ridículo, além disso ele havia me ajudado. Me levanto receosa, apreciando de baixo para cima o seu terno sofisticado preto, a gravata azul-marinho e cinza, e o blazer que combinava perfeitamente com seus ombros largos e fortes, braços músculos, e o torço bem maior e mais robusto, com toda a certeza não era mais um garoto, e então encontro seus olhos totalmente voltados a mim, me observando, nossos olhos se encontram e em seus olhos não a sinal de mágoa, talvez apenas, ainda estivesse imaginando da onde me conhecia, mas eu não daria para ele tempo para isso, desviei o olhar e balbuciei:
- O-Obrigado. - dando as costas e voltando a caminhar.
- Valerie? - ele pergunta e eu engulo em seco.
Eu podia continuar, eu deveria continuar, mas novamente sou levada pelo impulso e me viro para ele, que sorri de canto.
- Oi. - consigo dizer.
Nosso silêncio era perturbador. Ele me observa estático, completamente sem reação e por fim ele suspirou admirado e deu um sorriso de canto quase imperceptível se eu não estivesse o olhando tão fixamente.
- Eu já estava de saída - digo sem vontade nenhuma de me virar e ir.
- Ah, o que acha de um drink? - ele pergunta.
- Tem certeza? - pergunto confusa - Quero dizer, claro, séria ótimo.
- Certo. - ele se recompõe. - O que acha daquela mesa? - ele se volta para um mesa de dois, no fundo do bar, muito reservada e aponta discretamente com a cabeça.
- Perfeito. - assinto o acompanhando.
Nos sentamos inquietos, mas sem dizer nenhuma palavra. Nosso silêncio é cortado por um garçom que nos pergunta o que queremos beber, Drake se volta para mim, sugerindo que eu peça primeiro.
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Realmente quero
Teen FictionValerie era uma garota prudente, ela passou a infancia sobre a pressão de que teria de ser tão boa quanto a irmã, e ela deu o seu máximo. Contudo, ela se perdeu em quem deveria ser e esqueceu de quem era, quando se deu conta não era tarde mas ela só...