Narração – Steve Rogers
Banner e Stark haviam feito questão de trazer um mini laboratório para a nova sede, que agora não sabíamos mais como a chamar. Clint estava montando uma pequena sala de treinamentos, enquanto Natasha e Thor ainda estavam fora de radar; soubemos o que havia acontecido em Asgard, então um dos vingadores desaparecidos estava justificado a sua ausência. Eu costumava passar algum tempo observando ela, seu corpo estava coberto de um daqueles vestidos que usei quando no hospital e suas bochechas coradas, adquirindo a tonalidade da vida. Os cabelos estavam mais brilhoso e sua temperatura estava normal, mas faziam cinco dias que ela estava em coma. Doutor Smith nos informou que havia sofrido uma concussão e que a mesma havia sumido horas depois, o que deixou Bruce intrigado; suspeitávamos que algo em seu organismo se semelhava com o soro que doutor Erskine havia injetado no projeto Gama da qual fui a cobaia.
Tony havia feito questão de tirar uma amostra de sangue e um fio de cabelo, com objetivo de procurar se ela havia identidade nos sistemas, mas nada foi reconhecido, como se ela não fosse pertencente a esse mundo; o colar que havíamos encontrado em seu pescoço era feito de material asgardiano, o que Thor teria que nos explicar para o que aquilo foi utilizado.
- Você não sai dai, picolé – Stark estava escorado na batente, me observando – Daqui a pouco cria raízes – Ele me jogo uma garrafa de água e eu a peguei, colocando em um copo que havia no carrinho ao meu lado e pressionando nos lábios fechados da garota com a ajuda de um canudo.
- Ela me tem uma sensação familiar – Tomo todo o cuidado do mundo para que ela não engasgue e ele solta um barulho incrédulo.
- Talvez porque vocês dois usem a mesma fantasia – Sinto o sarcasmo em sua voz e o observo intrigado.
- Está querendo dizer que eu estou por trás disso tudo? – O encaro e coloco o copo no lugar.
- Ah, quem sabe, talvez isso explique muita coisa – Eu caminho até sua direção, ficando cara a cara com ele e quando estou prestes a falar alguma coisa, ouço um barulho de vidro se quebrando e logo ambos encaravam até então a garota, que agora tinha os olhos abertos e a mão tremula.
- Steve – Ela sussurra e todas as minhas duvidas desaparecem. Os olhos verdes arregalados me encaram surpresos – Pensei que não fosse real.
- Quer dizer que ainda não está por trás disso tudo? – Tony da um sorrisinho de lado, como se aquilo fosse óbvio.
- Não, ele não está. – Uma voz ecoa forte, com uma certa confiança e determinação. Em seguida, Thor entra no recinto, seguido de Fury e Banner ao encalço – Ninguém está por trás disto, a não ser o multiverso.
- Multiverso? – Questiono confuso e Tony assemelha o mesmo jeito, não como se ele não entendesse o que Thor dissesse, mas como se estivesse se perdido em pensamentos.
- É um conjunto de muitos universos. São outras dimensões, em que há várias realidades distorcidas da nossa – Bruce parece impressionado, ajeita os óculos no rosto e continua – De uma forma bastante simples, vocês podem entender a Teoria dos Multiversos através de uma analogia. Imagine um globo de neve, aquele que a gente geralmente dá de presente para o amigo secreto no final do ano. A redoma de vidro, a parte mais externa desse objeto, seria a fronteira máxima de tudo (tudo mesmo) o que existe. Seria impossível ir além desse limite. Cada floco de neve dentro do vidro representaria um dos infinitos universos que habitam dentro dessa gigantesca esfera.
- Está dizendo que ela não é mais uma alienígena ou uma deusa paraníca, sem ofensa Thor, mas uma pessoa de outro mundo? – Tony questiona, arqueando a cabeça.
- Sim, a Florence é de outra dimensão – Thor afirma – E não me ofendeu, midgardiano.
- Vocês se conhecem? – Fury parece ao mesmo tempo irritado e como se já esperasse por esse detalhe.
- Os asgardianos sempre se lembram de quem luta por eles – A garota responde, que até então permanecia em silêncio, nos fazendo a encarar, como se ela tivesse aparecido ali como um fantasma – O que foi? Estavam filosofando e esqueceram que eu estava aqui? – Sua ironia era semelhante à de Tony, onde Sam que havia chegado à pouco tempo franziu o cenho – Falam como se eu não estivesse presente.
- Tem certeza que não são parentes? – Ele deu uma leve batida no peito do Stark, causando risos em Thor e Bruce; Tony não estava mais com o aparelho que o mantinha vivo, acontecimentos haviam ocorrido nesse meio tempo, inclusive no último Natal, que ele havia explodido todas as suas armaduras para resgatar Pepper
Clint adentra o recinto, sua roupa justa de treinamento destacava os músculos e o topete ainda estava em perfeitas condições; Florence, o suposto nome dela, o encarou e Barton retribuiu o olhar, os dois ficando naquele estado até Nick pigarrear.
- Acho que vamos precisar de respostas – Ele tira Florence de seu devaneio e ela o encara, assentindo.
- Então comecem a se sentar.
Demos tempo para Florence trocar de roupa, umas que Maria Hill havia deixado, sabendo que um dia ela acordaria, ou não. Fury nos direcionou até um dos cômodos que havia uma enorme mesa, onde todos se acomodaram perfeitamente; Sam sentava a minha direita e Bruce à esquerda e na minha frente, Florence era rodeada por Stark e Barton, deixando Thor e Nick nas pontas. Thor e ela se olhavam como conhecidos, como se tivessem anos de histórias.
- Então, podem me dizer o que está acontecendo aqui? – Um Tony inquieto perguntava e Florence suspirou lentamente.
- Meu nome é Florence Bassan, eu nasci na Itália e encontrada pela S.H.I. E.L.D. com nove anos, quando o avião em que meus pais estavam caiu em alto mar, o que tentando me manter nutrida, roubei uma mercearia com nada demais: um único saco de pão. Esbarrei em um senhor e o comerciante veio atrás, na qual ele de imediato assumiu ser meu responsável. – Ela deu uma pausa – Somos de dimensões diferentes e a minha é a mais próxima da realidade que vocês tem
– Ela olhou diretamente para minha pessoa – Não sou sua versão da minha dimensão Steve, pois... – Tony a interrompe.
- Como eles são a mesma pessoa, com mesmo corpo, o mesmo gene, a mesma mente, se entrarem em dimensões igualitárias, os dois morrem.
- Isso mesmo Anthony – Ela concordou – Só consegui vir para está dimensão porque a minha eu daqui já está morta, por razões desconhecidas e que prefiro não investigar. Mas de onde venho, estamos estudando possibilidades disso acontecer. – Ela apalpa o pescoço – Meu colar, que creio que retiraram, era uma espécie de chave que desencadeava um portal, um fragmento do mesmo, para quando eu precisasse voltar para minha casa.
- Ele se quebrou ao cair em Mount Baker – Ela deu um longo suspiro, voltando a me encarar.
- Então estou presa aqui – Concordei.
- Qual é a sua missão aqui? – Fury a pergunta, a fazendo arquear a sobrancelha – E como seus hematomas da queda se curaram tão rápido?
- O portal não lhe dá informações onde vai cair, não foi esperado isso – Cada movimento que ela fazia, todos a observavam – Os hematomas que tive foram curados através do soro de super soldado que tenho no organismo e a minha missão é simples: eu como uma viajante entre dimensões, vim para ajudar.
- Se não é a versão do picolé aqui, como é possível possuir o mesmo soro? – Stark a encara e Bassan assente, tentando ser mais clara.
- Como disse, fui resgatada pela S.H.I.E.L.D. quando virei órfã. Eu me senti grata por terem me acolhido e quis os fazer perceberem que não foi perca de tempo, que eu não era mais apenas uma simples agente, eu me dediquei para que sentissem orgulho e verem que não perderam tempo – Florence estava absorta em pensamentos, distante – Então com muito esforço, atingi um rank muito alto nas patentes de organização e Trinity Sanders, a diretora da S.H.I.E.L.D. da minha dimensão, como Fury era da de vocês, viu o mesmo potencial, de quando viram que o Steve tinha.
- Mas como é possível? – Banner entra no assunto – Vocês tinham uma cópia do soro que doutor Erskine criou?
- Bem, não – Ela negou – Mas a dimensão de onde venho é muito mais avançada que a de vocês, estamos cerca de quase um século de distância – Ela encarou as mãos – Wapasha Wenersbach, o Homem de Ferro junto com milhares de cientistas conseguiram uma única amostra de sangue do nosso Capitão América e com isso conseguiram o estudar, criando um soro semelhante mas não tão benevolente quanto ao original, com algumas falhas, mas mesmo assim aceitei ser uma cobaia. Entretanto, não tenho tantas recordações quando menor, entretanto, estou ciente que fizeram alguns experimentos que retarda meu envelhecimento – Deu uma pausa – Sou mais velha do que pareço, acreditem.
- E o que aconteceu com o Capitão América da sua dimensão? – Perguntei curioso; já que a dimensão dela era avançada, poderia saber o que aconteceria com minha versão.
- Bom, ele morreu – Trocamos um longo e demorado olhar, pairando um pesado silêncio. Por mais que estivesse tentando esconder suas emoções, reconheci um pequeno lampejo de tristeza em seus olhos.
Continua...
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Capitão América: O Multiverso
FanficNosso querido e amado planeta Terra não estaria preparado para mais um evento marcante que mudaria a sua história. Além de alienígenas, deuses enlouquecidos, um super soldado de outra época, assassinos altamente treinados, uma fera verde que poderia...