Família

623 58 0
                                    

Narração – Florence Bassan

     Eu havia ido atrás de Wanda, onde a encontrei caída em um ônibus, com os olhos cheios de lágrimas; sabia a dor que ela estava sentindo e a abracei, mesmo tendo odiado o fato que Steve a levou para casa, não sabendo se ela estava ao nosso lado. Ela não hesitou, me abraçou como se eu fosse a última pessoa no mundo, molhando meu uniforme, mas eu não liguei. Tudo desmoronava ao nosso redor, me dando a ideia de que minha vida acabaria assim, dando conforto para alguém, se nem eu mesma havia aceitado a dor da perda; fechei os olhos e afaguei seus cabelos, até sentir alguém nos abraçar e Visão, nos tirar o mais rápido possível dali.

     Via destruição que causamos, tudo sendo destruído e famílias sendo carregadas para locais seguros; Visão não aparentava ser forte, mas segurava nós duas sem reclamar, o corpo de Wanda tinha espasmos, ainda chorava baixinho pela perda. De longe avistei Steve em uma das naves salva-vidas, ele estava caído na parte superior, o rosto vermelho. Senti um aperto no coração por não saber o motivo.

 - Vai nos deixar por lá? – Perguntei a Visão, sua voz robótica de J.A.R.V.I.S. soando calma.

 - É o que deseja, senhorita Bassan? – Eu concordo com a cabeça e ele pisca, mudando de rota.
Meus pés tocam o aço, assim como os de Wanda e Visão, atraindo a atenção de todos, menos a de Steve, que mantinha a cabeça abaixada entre os joelhos. Me agacho ficando a sua altura, meus dedos vão de encontro ao seu cabelo loiro e depois procuro o seu queixo, o erguendo.

 - Eu disse que não se livraria tão fácil – Sorrio e seus olhos estão arregalados, o rosto coberto de poeira, sujo; eu entrelaço nossos dedos e ele me abraça com um certo desespero.

     Seu corpo sobre o meu me aperta forte, seus dedos passam por meu cabelo bagunçado e seu queixo se encaixa na curva de meu pescoço e eu o embalo ali, no meio de pessoas que tinham acabado de ver sua cidade destruída, vendo uma demonstração de afeto. Não percebi Clint se aproximar, mas ele sussurrou algo como:

 - Eu disse que ela voltaria, irmão.

***

     Tony, Thor, Steve e eu conversávamos, sobre as joias do infinito e vez ou outra Stark fazia piadinhas sobre Steve ter se desmanchado em lágrimas quando pensou que eu tinha morrido, o que nos voltava a discutir coisas que às vezes saiam do assunto; chegamos fora da sede, Thor partiria para Asgard, assim como os outros, que pela segunda vez desde Nova Iorque, aconteceria de novo.

 - Acha que descobre o que vem por ai? – Steve pergunta, estava entre ele e Thor, que parecia distante.

 - Acho... – Ele deu uma breve pausa – Além deste homem – Ele da um tapinha na barriga de Stark – Não há nada que não possa ser explicado – Se vira para nós e pega a minha mão, dando um beijo nas costas – Foi um prazer revela novamente, Capitã Bassan e agora que é uma vingadora dessa dimensão, creio que nos veremos com mais freqüência.

 - Pode apostar – Sorri para ele; seu martelo foi erguido e a ponte do arco-íris o engoliu, a mesma que já tive a oportunidade de experimentar.

 - Esse cara não está nem ai para o serviço de jardinagem – Reclamou Tony, que partiria em seguida – Mas vou sentir falta dele e vocês vão sentir a minha. Ah, vai ter muito macho chorando – Ele destrava o carro, que vem em nossa direção.

 - Vou sentir sua falta – Steve confessa e eu solto uma gargalhada estrondosa.

 - Vai? – O moreno parece surpreso – E você, pirralha?

 - Sem dúvidas, vou dar graças a Deus por ter finalmente seu traseiro tirado de minha poltrona favorita – Ele coloca a mão sobre o peito, como se tivesse ficado ofendido – Estou brincando, Tony. Sabe que te considero demais.

 - Bom, eu to afim de dar um tempo – Ele desvia do assunto – Talvez eu siga o exemplo de Barton, morar numa fazenda com a Pepper, torcendo para que ninguém nos exploda.

 - Uma vida simples – Steve conclui.

 - Você chegará lá um dia – Ele aponta com o queixo em minha direção – Talvez com ela – Me sinto ruborizar diante o comentário.

 - Bom, não sei não – Steve está na mesma situação que eu – Família, estabilidade, o cara que queria isso foi congelado há 75 anos, alguém diferente retornou.

 - Talvez deixando de lado essas prioridades – Rebati – Quem sabe algum dia, não?

 - Vocês estão bem? – Tony abriu a porta do carro.

 - Estamos em casa. – Respondi.

 - Sabe que poderia te mandar para qualquer país que quisesse, né baixinha? – Insistiu Tony.

 - Fico completamente grata pela oferta, Tony, mas quero fazer companhia para Steve – Ele concorda e suspira.

 - Obrigado por ter me apoiado, mesmo depois do enforcamento – Sorri para ele.

 - Sempre vou te apoiar, mas não vai me impedir de puxar suas orelhas quando precisa – Ele sorri de canto, entra no carro e abaixa o vidro.

 - Cuida dela, picolé – Da um aceno e Steve responde em um murmuro.

 - Vou cuidar.

     Procuramos por Natasha, que estava encarando uma das paredes, perdida em pensamentos. Sabia que esse motivo era Bruce, que havia entrado em uma aeronave e perdido o contato, ele provavelmente queria ficar a sós consigo mesmo, refletir tudo o que ele fez esses últimos dias; talvez todos merecessem esse precioso tempo, para descansarem e pensarem sobre as vidas que salvaram, outras que não conseguiram e se conseguem ou não lidar com isso. Sabia que Steve e principalmente Tony passariam se remoendo por isso, mas eu os ajudaria independente da maneira, agora éramos uma família.

 - Vai ficar parada ai? A parede não vai resolver todos os seus problemas, ruiva – Paro ao lado dela, a observando – Reconheço que é uma parede bonita e tudo, mas temos que tra... – Ela me interrompe.

 - Pensei que Steve e o Tony continuariam se paquerando, como estamos?

 - Não somos os Yankes de 27 – Respondeu Steve.

 - Mas temos alguns batedores – Respondeu ela.

 - São bons, não são uma equipe – Natasha sorriu de lado e eu finalizei

 - Vamos os deixar em forma.

     Adentramos a um enorme cômodo, com janelas que iam do chão ao teto cobrindo uma parede inteira e pisos de mármore. Parados bem no centro estavam Wanda, Visão, Sam e Máquina de Combates, prontos para o primeiro treino diário. Me sentia em harmonia por estar fazendo alguma coisa que ajudasse e sabia que alguma hora Steve e eu precisaríamos ter uma conversa sobre tudo o que aconteceu em Sokóvia, mas eu ainda preferia adiar, até estar digerido tudo.

     Eu olhava Steve com admiração, mesmo ele tendo sido criado para ser um soldado, ele tentava mudar isso nos dias atuais e só eu havia percebido isso; eu estava disposta a o ajudar enfrentar o que fosse, desde que ele me permitisse ficar ao seu lado, independente do que acontecesse. Todos haviam percebido um clima diferente entre nós, menos nós mesmos. Me senti tentada em segurar sua mão, mas a segurei atrás de meu corpo, dando um suspiro pesado e me focando nele.

 - Vingadores – Steve se pronunciou, a voz alta e clara para todos ouvirem.

Continua...



Capitão América: O MultiversoOnde histórias criam vida. Descubra agora