Os Vingadores

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  Narração – Steve Rogers

     O que tinha acontecido em Nova York já estava mudando o mundo. Pensei que entrar como um vingador da S.H.I.E.L.D. não me deixaria naquela monotonia de antes, pensar muito enlouquece qualquer ser humano; dirigindo minha moto pelas ruas depois do ocorrido, eu avistava nas vitrines de lojas tanto bonecos, quanto roupas e fantasias nossas, me dando velhas lembranças de quando ocorriam as minhas apresentações em busca de jovens para se alistarem a favor dos Aliados.

     Observei bem cada membro que havia aceitado esse projeto e jamais pensei que veria meu uniforme novamente, muito menos um renovado e me trazendo um pouco de nostalgia. Tony Stark, sua semelhança com Howard me surpreendia, tanto nas ações quanto na maneira de viver, ambos compartilhavam a soberba pelo sobrenome e ao saber que até então o ilustre Homem de Ferro desistiu de seus negócios com armas me pegou de surpresa. Sempre fui a favor da justiça e Stark estaria poupando a vida de inocentes com suas armas; ao ler o relatório da S.H.I.E.L.D. sobre ele, me informei em saber que era bom de arrumar confusões e sempre tudo acabava destruído ao ser tocado por ele. Anthony não adentrava aos padrões do projeto, porém seria útil.

     Bruce Banner era o grandalhão que irritado vira um grande monstro verde, conhecido como Hulk. O filho de Howard e ele se deram muito bem, ambos compartilham o mesmo fascínio pela ciência e tecnologias, foram um dos únicos que se entenderam, além de Natasha Romanoff e Clint Barton, que já se conheciam e haviam muitas histórias juntos. A Viúva Negra não era muito de conversar, sempre estava fechada e lutava muito bem, sei que foi difícil lutar contra Clint no estado em que Loki o deixará, nunca me imaginei lutando contra Bucky. Gavião Arqueiro era como Barton é conhecido, trabalhava bem de longe, tendo uma vista clara e ampla; sabia que nos daríamos bem, mesmo sendo conhecido como um assassino altamente treinado, revelava-se calmo.

     E por fim, Thor, seu ego e o de Stark se estranharam desde quando o asgardiano sequestrou Loki quando o escoltava. Outros planetas com vida existiam e agora estava claro, mesmo me causando certo desconforto; Odinson podia ser grandão e com uma força impressionante, mas era evidente o seu amor por este planeta.

     Era um pouco difícil aceitar que minha preocupação agora não seria mais salvar o mundo de nazistas, mas sim de alienígenas, como Tony gostava de chamar. Estava muito além de nós; não mantemos contato desde então, mas sei como a cabeça do Homem de Ferro deve estar abalada por entrar naquele buraco no céu e explodir tudo. Por mais que ele achasse tudo aquilo uma festa, quase custou sua vida, o que faz tanto a equipe ser grata quanto ao mundo todo.

     O incomodo ressoou um pouco sobre meus ombros, os tornando rígidos, quando percebi que me tratavam como alguém desinformado e um tanto inocente e tenho que admitir que as lutas de egos ali ficavam maiores quando não estávamos lutando. Quando tudo pareceu perdido e Thor e Bruce haviam caído da nave, por um momento eu pensei que não os veria mais e todo aquele campo de batalha nas ruas de Nova Iorque me deixavam desesperado; civis em perigo, alienígenas atirando por todos os lugares e apenas Clint, Natasha, Tony e eu para controlar aquilo me deixou sem ar. Ao ver o Hulk em ação, senti um grande peso sair do meu corpo, mas mesmo assim, tentei salvar o máximo de inocentes que eu conseguia.

     Após proteger alguns polícias que questionavam a minha autoridade, algo explodiu, vindo chamas, pedaços de concretos, madeiras e aço para nossa direção me fazendo levantar o meu escudo por instinto, protegendo a vida de policiais que logo após o gesto, entenderam perfeitamente o que eu quis dizer. E assim que saltei, correndo em direção a um prédio, a voz dela ecoou; meu escudo caiu em algum lugar e minhas mãos foram para os ouvidos, como se pudesse aliviar a pressão que estava em meu cérebro. Minha visão começou a ficar embaçada e uma mistura de vermelho, laranja e preto começou a se formar: cores da guerra; eu não podia permitir, por mais que a voz dela ecoasse firme e forte, eu tinha que seguir.

     Cambaleando, levantei e tateei por meu escudo, que estava caído próximo a uma lata em chamas e segui para o prédio. Civis eram feitos de refém e aos libertar daquele prédio, fui para as ruas lutar, enquanto Natasha tentava ir até o topo do prédio Stark, roubando algumas naves intergalácticas; por incrível que pareça, ela estando lá em cima foi como trazer a paz de volta, após o Homem de Ferro levar a bomba para o grande vazio, a Viúva Negra viu-se obrigada a fechar o grande buraco, onde no último segundo avistamos o corpo de Tony cair pelo céu; não havia jeito de o parar, até o Hulk pular em sua direção, aliviando o impacto.

     Bruce era incrível, abateu bichos alienígenas com uma ferocidade depois de eu o incentivar a fazer tal ato e sinceramente agradecia por ele estar ao nosso lado. Me surpreendia o humor de Anthony mesmo caído em uma cratera no chão que sua armadura causará: todos estavam abatidos e cansados e mesmo assim queria festejar por ter salvo o mundo. Ao chegarmos na sala de sua antiga casa, que estava toda estilhaçada e o piso quebrado por Banner enquanto estava em sua forma raivosa ter atacado Loki e o socado de um lado para o outro como se fosse um boneco, ainda senti um ambiente agradável, a brisa refrescava e aliviava a tensão. Depois de finalmente termos derrotado Loki e impedir a invasão Chituri na Terra, realizamos o que Stark queria.

     Confesso que ao comer um shawarma não era tudo o que meu ilustre colega pensava; o lugar estava um pouco destruído e mesmo assim nos atenderam, receio eu que os atendentes estavam um pouco temerosos com nossa presença. Nenhum dos seis estava com forças para tocar em algum assunto, então saboreei a comida e o silêncio como o prêmio do dia.

     Loki recebeu o que merecia, Thor o levou até Asgard no dia seguinte e não imaginava como era ser traído por um irmão. Mesmo ele tendo matado pessoas inocentes na Alemanha e sendo filho de Laufey, rei dos Gigantes de Gelo de Jotunheim, Odin havia o adotado e o amado, ele havia se tornado da família. Sentado em meu sofá, eu esperava receber pelos menos duas semanas de descanso. Absorver coisas sobre guerras intergalácticas era muito para minha cabeça; eu iria tirar esse tempo livre para aproveitar me atualizar sobre o que o homem havia criado enquanto eu estava inconsciente em uma aeronave no gelo; me senti orgulhoso por entender algumas referências que meus novos amigos conversavam.

     O contato humano que eu tive me fortaleceu e não me senti um velho rabugento de noventa e cinco anos de idade; fazer exercícios por um período estava me ajudando a seguir em frente, agora eu fazia outro caminho além da minha casa, academia e a sede da S.H.I.E.L.D., comecei a observar crianças brincando em um parque próximo ou até mesmo sair para tomar um café sozinho, apenas para observar a movimentação.

     A voz não voltava desde o ocorrido, os sonhos com uma pessoa sem rosto haviam parado, até então. Depois de exatamente semanas, ela voltou com mais força, me fazendo cair encolhido da cama, sentindo um líquido escorrer por meus ouvidos; eu havia sonhado com ela e seu rosto estava tão nítido que eu podia o avistar em minha frente. Seus olhos verdes brilhavam, os cabelos castanhos avermelhados caiam em ondas pelos ombros e a pele porcelana cintilava de encontro com a luz; ela vinha em minha direção até algo nos atingir, me fazendo cair naquela imensidão azul que se chamava céu, a fazendo aparecer na borda de uma suposta aeronave gritando por mim, sangue escorria pela sua testa. E foi então que acordei, os ouvidos jorravam sangue e eu ouvia um leve chiado, seguindo de circuitos em todos os cômodos do apartamento, como se todas as luzes haviam sido queimadas.


Continua...

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