Narração – Florence Bassan
- Ah, então foi tudo isso que eu perdi em minha adolescência? – Franzi o cenho, enquanto Peter me entregava um copo de plástico vermelho com ponche – Hormônios – Ele soltou uma risada espontânea, me deixando um tanto quanto confusa.
- Não é porque você não envelheça mais, que isso deixa de ser divertido – Dei uma golada no líquido e em seguida retirei o copo da mão do menino, deixando em cima da mesa que estávamos escorados.- Vai por minha humilde opinião, qual a graça de batizar bebidas? – A música alta preenchia os nossos ouvidos, tínhamos que gritar um com o outro para podermos conversarmos.
- Você me lembra muito uma pessoa – Ele segurou em minha mão e me puxou para a pista de dança. O salão do baile estava todo decorado, as luzes coloridas se alternavam e colidiam com um globo pendurado no teto; era tudo tão encantador, me sentia uma criança em meio tudo aquilo.
- Provavelmente uma pessoa velha – Seu riso preencheu os meus ouvidos mesmo com todo aquele barulho, suas mãos estavam em minha cintura e eu tinha que inclinar minha cabeça para poder encarar seu rosto.
- Sabe, na primeira vez em que te vi, achei que seria semelhante a Viúva Negra, quando traiu o senhor Stark ajudando o Capitão América – Juntei as sobrancelhas – Ela se mostrou incapaz de se confiar. Mas depois que pude te conhecer melhor, vi que você é alguém que viveu uma vida por obrigação, uma vida que você não queria, Florence. Você me lembra muito Steve Rogers, moralista e certinha, como ouvia o senhor Stark dizer dele, mas um tanto quanto além. Uma versão melhorada dele. – Processar aquelas palavras estava sendo difícil; algo me dizia que ele estava errado sobre Natasha e que esse pensamento estava sendo influenciado por Tony.
Mas eu não compreendia o porquê de achar isso. Eu estava lá, lembro-me muito bem de ter sentido a mesma indignação que o Peter estava sentindo e de como me afetou profundamente quando ela deixou de lado tudo o que demonstrava, mostrando que éramos irrelevantes e que parecia que estávamos pensando em nós mesmos, mas era para um bem comum; poderíamos não ter para quem lutar, para quem vingar tudo o que acontecia, mas lutávamos com um objetivo.
Reconheci a música eletrônica que estava tocando, In My Mind – Dynoro e me entreguei a música, dançando alegremente. Peter sorria e tentava acompanhar a minha animação, até o ver encarar um ponto fixo, que acompanhei até a porta do ginásio, vendo seu rosto alegre se fechar no exato momento em que MJ adentrava e seus olhos procuravam por alguém. Sabia que algo estava ocorrendo ai.
- Por que não fala com ela? – Chamo sua atenção, vendo suas bochechas corarem.
- Não é bem assim. Ela foi alguém que eu quis demonstrar o meu valor, mas eu podia estar enganado - Apenas assenti, encarando todos a minha volta – E além do mais, não te deixaria sozinha aqui. Estou em ótima companhia e não trocaria por ela.
Sorriu de lado, uma música calma começa a tocar e o ritmo que dançávamos estava sendo substituído por outro mais lento; os casais se colavam um aos outros e o garoto a minha frente me estendeu a mão, na qual voltei a aceitar.
- Essa música é ótima – Entortei os lábios – Nunca imaginei que Between do Courrier tocaria em festa de escola.
- Nunca imaginei que alguém além de minha pessoa e Ned gostasse dessa música – Ele aproximou o seu rosto do meu, encostando sua testa na minha. Uma de nossas mãos estava entrelaçada e todas as pessoas ali pareciam ter desaparecido como fumaça. Fecho os meus olhos, me deixando ser guiada, sentindo nossas respirações se misturarem, até uma voz próxima nos assustar, me fazendo se afastar de Peter em um pulo.
- Cara – Ned coloca uma mão no ombro do amigo, como uma expressão alegre; ele usava um terno roxo e parecia eufórico – Todos estão comentando sobre vocês! – Sinto meu rosto arder e começo a encarar o chão, tímida.
- Senhoras e senhores – Uma voz ecoa através de um microfone, chamando a atenção de todos.
Uma luz branca se volta ao palco e a música começa a diminuir; uma garota caminha até o rapaz que pediu atenção, carregando duas coroas em cada mão, sendo acompanhada por outra, que consigo havia um buque de rosas – Gostaria de os informar que os votos para rei e rainha do baile já foram cessados e já possuímos um resultado!
Um cochicho se espalhou pela multidão e a garota que estava com o buque foi até o rapaz com um envelope vermelho. O baterista começou a tocar em forma de incentivar o mistério e algumas meninas davam gritinhos empolgados, enquanto o cochicho continuava, cada vez mais alto.
- Dylan faz muito suspense – Ned reclamou – Se fosse eu, já teria de uma vez revelado.
- Olha só! O casal inscrito de última hora deu a volta por cima. Gostaria de anunciar que o rei e a rainha do baile desse ano, nada mais é do que Peter Parker e Sierra Carpenter!
Ned faz uma comemoração exagerada, enquanto sinto minhas pernas serem petrificadas no lugar.
- Ned, eu não acredito que você fez isso – Peter raiou, furioso com o amigo.
- O que há de mais? Vocês dois estão maravilhosos juntos! Não sei se já lhes disseram isso, mas vocês formam um bonito casal juntos.
A luz branca que focava Dylan agora estava sobre nós e todos olhavam, sussurravam e aplaudiam. Ao ver minha reação, Parker segurou meu queixo com as duas mãos, como se fosse à coisa mais delicada da qual ele já pegara.
- Está tudo bem? – Eu neguei com a cabeça e ele riu anasalado, dando um beijo de confiança na minha testa. Pude ouvir suspiros ao meu redor. – Não importa o que aconteça, eu vou estar lá em cima com você.
Sorri para ele e entrelacei meu braço ao seu, mordendo meu lábio inferior com força. Nos dirigimos ao palco e me ajudaram a subir, sendo recebida com uma salva de palma; Eu já havia visto Dylan na escola antes, ele era o quaterback do time de futebol americano, mas realmente nunca parei para o observar. Seu cabelo loiro estava levemente inclinado para a direita e os olhos castanhos estavam fixos em uma das coroas, que logo foi dirigido a minha pessoa, enquanto uma das meninas que o acompanhava colocava a coroa de Peter sobre sua cabeça.
Dylan colocou delicadamente sobre minha cabeça e logo me entregou o buque de flores. O flashback volta sobre minhas pálpebras, perfeitamente claro:
"- Vai ficar na porta ou irá bater? – Sussurrei ao sentir a presença de alguém e o reconhecer pelo perfume que eu já tinha passado a gostar.
- Desculpe, eu não resisti – Ouvi seus passos pesados sobre o tapete, deixando a porta entreaberta atrás de si – Isso é para você – Ao me virar, encontro um lindo buque de rosas vermelhas em suas mãos e é inevitável abrir um sorriso; as cheirei sem pressa, deixando as pétalas fazerem cócegas em meu nariz – E está muito linda – Meu coração disparou e fiquei com medo de que seja audível aos seus ouvidos, sentindo minhas bochechas corarem.
- Steve, isso é sem dúvidas, o melhor presente que ganhei – Em um instinto o envolvi com meus braços, mal tive tempo de controlar minhas emoções – Irei coloca-las em uma jarra e já vamos. Você também não está nada mal – Dei uma piscadela para ele, o vendo corar."
Tudo pareceu passar em câmera lenta. Forcei um sorriso e aceitei as flores de bom grado, ainda enxergando o rosto de Steve no de Dylan; Peter entrelaçou os seus dedos no meu, o que me fez voltar para a realidade, mas sabia que me lembraria disso mais tarde.
- E agora, abram espaço para a valsa do casal! – Uma música de fundo começa a tocar, acreditava ser uma música da atualidade tocada apenas instrumentalmente, mas ao pouco reconheci como a Love Me Like You Do, da Ellie Goulding, tocada por violino (tocada por Robert Mendoza).
As pessoas começam a se afastar, deixando um corredor para nós. Parker faz uma pequena reverência e eu agradeço com um puxar da saia do vestido; ele estica a mão e eu a seguro, sendo rodopiada de encontro a seu corpo. Me lanço lentamente sobre a frente, me desvencilhando de seus braços e ele me segura pela cintura, me erguendo. Eu sentia como se treinássemos todos os dias para essa coreografia, mas saiu tão naturalmente que parecíamos estar deslizando em direção ao outro.
Aos poucos os casais foram adentrando a pista, nos acompanhando silenciosamente. Eu não me divertia a tanto tempo, que nem me lembrava a última pessoa que compartilhei uma gargalhada; busquei por minha memória a última vez que ri naturalmente, me lembrando de quando viajei com Tony para a Europa; fazia tanto tempo, que mal me lembrava o motivo de irmos sem alguma previsão.
- Eu jurava que você me deixaria por aqui, caso algum acidente acontecesse – Confessei para o rapaz a minha frente – Não sei se te desculparia tão fácil assim, senhor Parker.
- A noite esta inacreditavelmente calma.
- Então você cogitou a possibilidade? – Arqueei as sobrancelhas e ele riu.
- Eu venho cogitando muita coisa desde que descobri sua verdadeira identidade, inclusive se me mataria, caso soubesse que descobri – Dei um sorriso amarelo e ele gargalhou.
- Está sendo uma noite incrível, não tenho como lhe agradecer por estar me ajudando a conhecer o que eu perdi por mais de sessenta anos.
- Fico me perguntando o que tia May acharia se descobrisse que estou saindo com uma idosa – Eu o dei um empurrão lentamente, ofendida.
- Hey! Só tenho sessenta e três anos! Eu quem deveria estar indignada por estar saindo com um bebê nas fraldas!
E a noite foi terminando assim, entre risadas e piadas, o que eu não imaginava que duraria muito tempo para ter outro momento desses novamente.
Continua...
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Capitão América: O Multiverso
FanficNosso querido e amado planeta Terra não estaria preparado para mais um evento marcante que mudaria a sua história. Além de alienígenas, deuses enlouquecidos, um super soldado de outra época, assassinos altamente treinados, uma fera verde que poderia...