[Versão gratuita] Depois de sofrer um acidente, Alec Stevens se muda de cidade com sua família e passa a ter que conviver com diversas questões psicológicas. Ele ganha novos amigos, um novo emprego e um sentimento irresistível por um garoto heteross...
25 de outubro – Quinta-feira Assunto: Desculpe a demora para te escrever.
Querido Matthew,
Desculpe não ter te escrito antes, mas meus pais e eu só conseguimos terminar de resolver nossos problemas e nos instalar na nova casa no final de semana passado. Minha mãe está procurando um trabalho como costureira e meu pai continua largado no sofá bebendo o dia todo. Acho que ele nunca vai mudar este péssimo hábito.
Consegui um emprego de meio período em um Cyber Café. Geralmente saio do novo colégio que estou estudando e vou direto para o trabalho. Sei que parece cansativo, mas juro que estou me acostumando com isso. Não me resta muito tempo para jogar videogame ou ler gibis como éramos acostumados a fazer juntos. Espero você não tenha deixado de fazer estas coisas e nem deixado de sair para passear pela cidade como fazíamos.
Meu primeiro dia no novo colégio foi bem interessante. Alguns garotos me abordaram no intervalo e me fizeram uma infinidade de perguntas. Acho que para eles era estranho e um pouco curioso alguém ser transferido no quarto ano do ensino médio e em um mês como outubro. Fiz amizade com duas pessoas da minha turma de matemática. Um deles é o Thomas e ele foi o primeiro garoto que veio conversar comigo. Tudo bem que fiquei quase duas semanas sem conversar com alguém, mas fiquei feliz de ter feito amizade com ele. Thomas me apresentou para Nina, uma garota muito diferente das garotas que costumávamos conversar em nosso antigo colégio. Nina é tímida com as pessoas a sua volta, mas quando Thomas e eu sentamos com ela no refeitório e nos afastamos dos outros alunos, ela se solta completamente. Acredito que Nina tem uma queda pelo Thomas, mas por enquanto é só uma suspeita.
Meus amigos já sabem que sou gay. No começo, Nina ficou calada enquanto Thomas comemorava o fato de finalmente ter encontrado um amigo gay. Ele acredita que vou ajudá-lo a arrumar mais garotas.
— Alec, homens gays sempre são rodeados de amigas. — Ele disse.
— Mudei há pouco tempo, então não conheço ninguém além de vocês e do dono do Cyber Café que trabalho — confessei.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
— É questão de tempo até você ter dezenas de amigas para me apresentar — disse Thomas.
— Não seja safado, Thomas! — exclamou Nina parecendo enciumada.
Conheci também um garoto que chamou bastante a minha atenção na aula de inglês. O professor e alguns amigos dele o chamam de Arthit. Pesquisei na internet e descobri que Arthit significa sol em tailandês. Deve ser esta a nacionalidade dele. Ele é um pouco mais alto que eu, seus olhos são bem puxados e seu cabelo é bem liso e escuro. Não que eu tenha espiado, mas ele é do time de basquete do colégio. Descobri isso quando fui ao banheiro no intervalo de uma aula para outra e o vi correndo pela quadra com o uniforme do time. Ele tem uma ótima forma física, mas apesar disso, ele não é tão popular quanto os outros membros do time. Arthur pode não ser o mais popular, mas em minha humilde opinião, ele é o garoto mais lindo que eu já vi em toda minha vida.
— Arthur Arthit? — perguntou Nina fazendo uma careta.
— Fala baixo, por favor — murmurei entredentes olhando para os lados para ter certeza de que ninguém estava prestando atenção em nossa conversa na aula de matemática.
— Arthur Arthit é reserva do time de basquete, Alec. Ele é o quarto ou quinto melhor do time — disse Nina em tom de deboche.
— Por que a pergunta? — questionou Thomas com um tom malicioso.
Juro que meu estômago embrulhou e eu pensei que fosse vomitar naquele momento. O mais engraçado é que eu não fazia ideia do porquê estava perguntando de um garoto que eu nem conhecia. Na aula de inglês, Arthur senta no último lugar do canto esquerdo da sala que fica ao lado das janelas. O meu lugar é na segunda carteira da segunda fileira da direita para a esquerda... É bem distante.
— Ele lembra alguém que eu conheço na minha cidade natal — menti forçando um meio sorriso para disfarçar.
— Tem certeza que é só isso? — Thomas perguntou enquanto erguia uma das sobrancelhas repetidamente.
— O que mais poderia ser? — questionei franzindo o cenho.
— Talvez você goste dele — teorizou Thomas.
— Ele é hétero, então não tenha esperança — disse Nina arrancando e amassando uma folha do caderno dela.
— Eu nem estou pensando nisso — afirmei abrindo meu livro de matemática e desviando minha atenção para ele para encerrar de vez aquele assunto.
Eu não preciso mentir para você, Matthew. Admito que achei o garoto oriental bem bonito e diferente de todos os garotos que já vi. Óbvio que não vou mais pensar sobre isso. Ele é hétero e nós sabemos bem o que acontece quando um rapaz gay gosta de um rapaz heterossexual... Da muita merda! Não se preocupe, pois não vou stalkear ele.
Estou escrevendo este e-mail do computador que fica no balcão do Cyber Café onde trabalho. Já terminei de limpar a loja e de fechar o caixa do dia. Estou apenas esperando encerrar meu horário de trabalho para ir embora. O trabalho aqui é bem tranquilo. O Sr. Walsh é muito simpático e sempre me oferece a comida caseira que prepara. Por mais que seja dono do estabelecimento, ele não é daqueles chefes que ficam no seu pé te cobrando e pedindo coisas absurdas. Ele é muito calmo e atencioso com minhas necessidades. Sou muito grato pela oportunidade que ele me deu. Às vezes sinto que ele está um pouco cansado e adoentado pela forma de andar e falar. Ele costuma reclamar que está com dores no peito e fadiga... Espero que ele melhore logo, pois é um bom homem.
Falando nisso, como está seu avô? Espero que ele esteja recuperado e que te leve para acampar como sempre fazia quando ia te visitar.
A situação financeira daqui de casa ainda não melhorou. As dívidas continuam chegando e não vemos para onde vai o dinheiro no final do mês. Farei tudo que eu puder para ir bem no trabalho e ajudar minha mãe com o que estou ganhando. Estou juntando um pouco do dinheiro que ganho para comprar um notebook. Sinto falta do meu antigo computador, dos meus jogos online e das streams que víamos no YouTube até tarde. Espero que até o final de novembro eu já tenha juntado dinheiro suficiente para comprar um notebook que suporte pelo menos um dos meus jogos favoritos.
Amanhã tenho aula com meus novos amigos Thomas e Nina. Vou falar sobre você e contar o que fazíamos para nos divertir. Nina talvez não ligue muito para essas coisas, mas acredito que Thomas se encaixaria muito bem em nossa antiga turma de viciados em jogos. Gostaria de saber se o Arthur Arthit também curte jogos...
Vou te escrever com frequência agora que tenho mais acesso à internet e a redes sociais. Prometo também te contar tudo o que acontece no meu dia a dia.
