vinte e quatro.

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EuTeAmo.com | vinte e quatro.

15 de dezembro – Sábado.
Assunto: Me senti no Greys Anatomy!

Querido Matthew,

Espero não ter te preocupado com a minha ausência. Tive um problema na saída do colégio há uma semana, mas acho que Thomas já deve ter contado os detalhes. Fiquei sabendo que seus pais ligaram para a minha mãe dois dias depois do incidente. Diga a eles que agradeço muito todo o apoio e que pretendo visitar vocês em breve. Estou bem melhor e bem mais tranquilo.

O ataque de pânico que tive foi por causa dos ônibus de turismo que o colégio contratou para levar os alunos e o time de basquete para o jogo do campeonato regional. Aqueles ônibus eram idênticos ao que eu estava quando sofri o acidente. Consegui lembrar um pouco daquele dia, e acho que por isso fiquei tão apavorado. As memórias vinham em minha mente, e tudo o que senti no dia do acidente parecia ter voltado. Conversei sobre isso com minha médica...

— Você lembrou do acidente? — perguntou ela.

— Só lembro quando o ônibus já havia... — murmurei, chorando muito naquele momento.

— O que aconteceu?

— Meus colegas estavam feridos. Alguns sentiam muita dor e outros estavam desacordados.

— E o que aconteceu depois?

— Fui o único que não teve ferimentos. Fui o único que não teve lesões graves! — exclamei, começando a ficar nervoso.

— Talvez você não lembre, mas bateu a cabeça naquele acidente. Não foi grave, mas...

— A culpa foi minha! — exclamei, ainda chorando.

— O acidente não foi culpa sua, Alec.

Eu estava muito nervoso para continuar aquela conversa. Me sinto muito culpado às vezes e não consigo entender o motivo. Não consigo lembrar o que me faz ter a sensação de que o acidente foi minha culpa. Talvez você lembre de alguma coisa, Matthew. Não sei se quero lembrar o que aconteceu. Acho que eu não suportaria.

Mudando de assunto... Ficar preso em uma cama de hospital tomando remédios e calmantes que me deixavam tonto foi horrível. Fiquei dois dias sendo vigiado de perto por médicos e enfermeiras. Eu não tinha permissão para fazer nada sozinho. As coisas melhoraram um pouco quando eles finalmente liberaram as visitas...

— Achei que te encontraria desacordado e precisaria te dar um beijo de amor verdadeiro para você despertar — disse Thomas, entrando no quarto e deitando a meu lado naquela cama desconfortável.

— Seria seu sonho, mas não vai acontecer — murmurei, com a voz fraca por estar cansado e dopado com tantos remédios.

— A Nina e o Arthit estão lá fora esperando eu sair. O hospital só permite duas pessoas por vez no quarto, e uma delas devia ser a sua mãe. Onde ela está? — perguntou Thomas, me empurrando um pouco para o lado e se cobrindo com o meu cobertor.

— Acho que foi buscar meu almoço — falei, sentindo minha voz falhando cada vez mais.

Thomas é a pessoa mais cômica que conheço. Por mais dopado e tonto que eu estivesse, ele fez questão de fazer piada com tudo que estava acontecendo no colégio. Ele também contou que teve que brigar com o Arthur para ser o primeiro a entrar.

— Não me assuste desse jeito, mocinho — disse Arthur, sentando ao meu lado na cama.

— Farei o possível — murmurei querendo sorrir, mas não sei se consegui.

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