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24 de novembro – Sábado
Assunto: Garotos são confusos.

Querido Matthew,

Eu gostaria muito de poder ler mentes e decifrar o que passa na cabeça das pessoas. Eu sempre soube o que sou, mas... Garotos heterossexuais conseguem gostar e ficar com outros garotos e ainda continuarem sendo heterossexuais? Eu diria que eles são bissexuais, mas por que eles insistem em dizer o contrário?
Sim, Matthew, estou falando tanto do Asher quanto do Arthur e vou explicar os motivos.

O sábado começou igual ao sábado da semana passada. Visitei o Sam para tentar animá-lo, já que ainda não superou o término do relacionamento com o Phillip. O trágico nessa história é que Sam pareceu estar bem mais forte nos primeiros dias, mas conforme o tempo passa, parece piorar e ficar mais chateado com o que aconteceu.

— Sinto muito a falta dele — disse Sam, enquanto comia um pote grande daquelas lasanhas congeladas.

— Achei que você já tinha superado o Phillip — comentei, confuso.

— Foram três anos da minha vida com um garoto lindo, dotado, inteligente... — disse, comendo mais e mais lasanha.

— Você estava xingando o Phillip de todos os nomes possíveis e imagináveis até semana passada, Sam. — Pigarreei depois, sem saber como agir.

— Ele é um cretino, e isso é óbvio, mas o que posso fazer se ele é gostoso pra caramba? — questionou ele, antes de levantar e ir à cozinha buscar mais comida.

Estou preocupado com o Sam. Eu o visito todos os finais de semana, e não há um sábado em que ele não me abrace e chore por causa do término. Sem falar que ele anda comendo muito, e percebi que está começando a engordar. Não me atrevo a dizer isso, pois sei que ele me mataria.

— Você é um bom amigo, Alec. Sempre está aqui me apoiando com sua presença. Jamais vou esquecer isso — disse Sam, me levando até a porta quando resolvi ir embora.

— Sei que você faria o mesmo por mim — falei, abraçando-o.

— Se você falar com o Phillip... — Sam começou, mas não conseguiu terminar a frase.

— Vou ver o que posso fazer — prometi, entendendo completamente o que ele queria dizer.

Era quase meio dia quando Thomas me ligou dizendo que teria que cancelar a vinda até minha casa, pois tinha surgido um imprevisto familiar e ele precisava sair com os pais dele. Confesso que fiquei chateado por não poder contar com a companhia dele naquele dia. Minha semana estava uma droga e eu precisava de amigos como o Thomas a meu lado. Mandei uma mensagem de texto para o Phillip depois do almoço. Combinamos de nos encontrar naquela noite em uma lanchonete aqui perto para conversarmos. Fazia bastante tempo que não nos víamos. Sinto saudade de conversar com o Phillip. Ele é um bom amigo e sempre me dá bons conselhos.

Assim que terminei de comer a sobremesa deliciosa que minha mãe fez para aquele almoço de sábado, recebi uma chamada em meu celular de um número desconhecido. Não costumo receber chamadas assim. Você sabe que sempre fui reservado e nunca saí passando meu número para os outros.

— Alô?

— Alec?! É o Asher!

— Asher?! Como você conseguiu o meu...

— Arthur me passou! Eu pedi seu número para ele!

Asher parecia animado e era possível ouvir várias vozes do outro lado da linha.

— Aconteceu alguma coisa? — perguntei, saindo pela porta da frente de casa e sentando no primeiro degrau da varanda.

— Precisa acontecer alguma coisa para eu ligar para um amigo? — perguntou ele.