Capitulo 7

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Audrey

Passei muitas horas da minha vida imaginando como era a cidade. Entretanto minha imaginação nunca chegou tão perto da realidade. O caos que eu havia visto lá perto do prédio é uma virgula perto do que vejo nas ruas por onde estamos andando. O mundo é caótico.

As ruas não ficam um segundo vazias, há muitos veículos passando e as vezes, um barulho alto — que desconfio que seja a tal buzina — soa.

Um caos.

—Então, Audrey, me conte, quem foi que escolheu seu nome? — ele começaa falar do nada. Seu olhar parece fixo a frente, mas percebo que  elelança olhares rápidos em minha direção. — Foi sua mãe, né? Os maridos sempre deixam as esposas escolherem os nomes.

— Não sei dizer. Não tive a oportunidade de perguntar — conto, um pouco ofegante por ter que desviar de várias pessoas.

Noto que seu rosto perde aquela expressão amistosa e sorridente de minutos antes.

— Por que não teve a oportunidade? — sua pergunta soa baixa.

— Não os conheci.

Compreensão inunda sua face e ele assente algumas vezes.

— Faz muito tempo que eles morreram? — indaga, me olhando diretamente.

— Eu ainda era bebê.

— Sinto muito. — Ele passa a mão pelos cabelos, os jogando para trás. — Eu não devia nem ter perguntado, não se te conheci nessa cidade, me desculpe.

— Não tem problema.

— Não, é sério, me desculpe. É horrível ser órfão e é pior ainda quando você não tem a oportunidade de se lembrar deles. Nessa cidade, o que mais se encontra são órfãos, nem deveria ter perguntado sobre seus pais. — Seu tom de voz é triste e isso me diz uma coisa sobre o Lucas, ele também perdeu os pais.

Ele desvia o olhar da rua para mim. Eu concordo com a cabeça e ele dá um sorrisinho meio triste.

Andamos mais um poucoe a cada passo, me sinto mais confusa e perdida. Toda hora Lucas vira em umacurva. Foram tantas desde o prédio que juro que se eu decidir voltar, nuncamais acho aquela rua.

— Você é nova na cidade, né? — ele se pronuncia, quando entramos em uma rua menos movimentada.

— Sou. — Seria uma mentira? Acho que não. Dezessete anos presa no palácio me transforma em uma novata em qualquer lugar que eu vá.

— Foi o que imaginei. Uma informação sobre a Cidade do Rei, as ruas são numeradas.

— Numeradas? — Sinto minhas sobrancelhas se juntarem em decorrência da minha confusão.

— Isso, cada rua é igual um número. Por exemplo, agora estamos na 80 — Ele aponta para um poste na rua e nele tem pintado o número oitenta em vermelho. — e vamos entrar na 30.

Quando fazemos a curva, ele aponta para outro poste e tem o número trinta igualmente pintado.

Ótimo, números no lugar de nomes. Todos os mapas que consegui possuíam nomes, em nenhum momento eu vi números. Se antes eu me sentia perdida, agora eu tenho certeza absoluta que eu levarei muito tempo para me achar na Cidade do Rei.

— Quem foi o gênio que teve a ideia de dar números no lugar dos nomes? — Lucas ri com a minha pergunta.

— Não faço ideia, mas é assim há tantos anos que ninguém lembra exatamente quando foi que mudou. Algumas ruas possuem as placas do antigo nome, mas são tão poucas que o povo acaba ignorando. — Ele ajeita o cabelo novamente e acho que isso é uma mania que ele tem. Já perdi as contas de quantas vezes ele jogou o cabelo para trás. — Logo você aprende o necessário para viver nessa cidade. — Concordo com a cabeça. — Estamos quase chegando na 25 — ele comenta, apontado para a frente.

Esperança na Liberdade [COMPLETO E EM REVISÃO] - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora