Audrey
Assim que piso no meu quarto, noto uma senhora de cabelos claros e meio rechonchuda no centro do ambiente. Há vários acessórios em seus braços e seu vestido possui tantas estampas que não consigo decifrar, sei que possui uma cor meio rosada e meio bege e meio marrom e meio uma cor vibrante que lembra azul com verde e... Ok, não faço ideia de quais sejam os nomes de todas as cores que compõe a roupa dela. É tudo muito colorido, vivo e chamativo, muito chamativo.
Seus óculos são grandes e quadrados com os cantinhos arredondados, de um verde escuro que realça o tom mel de seus olhos, o cordão da armação é feito de pequenas pedrinhas em vários tons diferentes de verde com algumas douradas espalhadas ao longo do fio, tudo contribuindo com o realce de olhos tão bonitos. Ela sorri ao ver que está sendo analisada e leva a mão cheia de anéis até a perna dos óculos, ajeitando-os em seu rosto.
— Senhorita Dolce, essa senhora veio para tirar suas medidas — Marina fala, sorrindo forçadamente e olhando desconfiada para a senhora de aparência vibrante e viva.
— Imaginei algo do tipo, Mari, obrigada por avisar. — Avanço até a senhora com um sorriso incerto.
Ela se vira e começa a tirar alguns tecidos de uma bolsa vermelha gigante.
— Boa tarde, senhorita, me chamo Maria e estou aqui para vesti-la elegantemente — ela diz, enquanto mexe em tecidos dourados e vermelhos.
Ela volta a ficar de frente para mim e passa a me analisar de cima a baixo. Seu sorriso vacila um pouco e consigo imaginar o motivo. É óbvio que estou um pouco — muito — abaixo do peso ideal para o meu tamanho e idade, minhas roupas não cabem em mim porque falta massa para preencher todo o tecido. Nesse momento — e em vários outros —, sou uma visão lamentável.
— Não preciso me vestir elegantemente, senhora. — Seu sorriso se torna triste e... saudoso.
Ela volta a me observar atentamente, se demorando muito em meu rosto e um brilho estranho surge nas íris claras. Estranho suas mudanças faciais e lanço olhares para as minhas amigas, em busca de expressões confusas, não encontrando nenhuma.
— Mas tenho que vesti-la, meu trabalho é deixá-la feliz e confortável com seus looks — ela responde animadamente, pegando uma fita métrica.
Como não poderei fugir disso, não posso expulsar a mulher por conta do rei maléfico que temos e muito menos descobrir o motivo do sorriso triste e nostálgico, me aproximo mais dela e deixo que ela tome minhas medidas.
— Quantos anos tem, senhorita? — ela indaga, enquanto anota os números da minha cintura em um bloquinho de notas.
— Dezessete.
Ela para seus movimentos por um segundo, mas logo volta ao trabalho, como se não tivesse parado por um segundo sequer.
— Gosta de dourado, senhorita? — pergunta ao levantar o tecido dourado que eu havia visto ser tirado de sua bolsa.
— Unhum.
Ela me entrega o que parece muito com um vestido inacabado, aponta para a porta do meu banheiro, obviamente falando para eu ir experimentar, sigo em frente para colocar a peça de roupa que com toda certeza ficará grande. Vejo antes de fechar a porta que minhas três amigas decidiram se concentrar em alisar minha coberta. Arrumando motivos para permanecerem no meu quarto sem estar trabalhando de fato.
Visto o vestido com cuidado para não desmanchar as costuras de aparência frágil e saio do banheiro, recebendo três olhares curiosos e um sorriso animado. A senhora, Maria, parece contente com o resultado do vestido.
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Esperança na Liberdade [COMPLETO E EM REVISÃO] - Livro 1
Narrativa generale•2º lugar em Romance no Concurso Young Writters •3º lugar em Ficção Geral no Projeto Realizando •Honraria de Melhor Protagonista na categoria Jane Austen - Romance e Literatura Feminina no Prêmio Imaginadores 2019 Um casamento arranjado. Um rei tira...