Capítulo 42

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VALIENTE


A respiração calma de Audrey traz alívio para o meu coração. Após vê-la desesperada, tê-la assim é ótimo para os meus ânimos. Nunca tinha visto tamanha dor em seu olhar e não quero presenciar isso mais uma vez. Não sei se aguentaria vê-la sofrendo novamente como vi mais cedo.

Com a notícia que ela recebeu, dormir estava sendo impossível. Em qualquer outra situação, evitaria deitar-me ao seu lado na cama — para garantir a minha sanidade mental —, mas sabendo como ela estava sofrendo, segui para a cama e a abracei. Em instantes seu corpo cedeu e adormeceu. Seus braços ainda me apertam fortemente, como se ela se agarrasse a mim para poder dormir.

As atitudes do Rei me preocupam demais. Ele nunca fez questão de mostrar cada rosto preso. Nunca parabenizou os guardas ou soldados que executou a prisão. Todas as suas atitudes são novas e me confundem.

Como alguém muda drasticamente seu jeito de agir?

Com qual objetivo o rei está fazendo isso?

Tento deixar o rei de lado e foco em minha namorada. Seus olhos ainda estão úmidos por conta das lágrimas derramadas. As vezes sua respiração muda de ritmo, seguindo para algo assustado e sei que se trata dos pesadelos que ela citou. Beijo seu rosto quando percebo a alteração em sua respiração e logo a sinto relaxar. Gostaria muito de apagar todos os demônios que a atormentam. Ainda irei encontrar seu tutor e farei ele pagar por cada maldade cometida.

Não sei quando adormeço e nem quando acordo, para mim a noite não passou ainda, mas sei que já amanheceu. Audrey permanece dormindo tranquilamente e não gostaria de deixá-la, mas tenho que fazer algo para libertar sua amiga e quanto antes melhor.

Deixo a cama lentamente, visto um moletom qualquer e sigo direto para a sala dos Hackers. Como imaginei, muitos computadores já estão ligados e muitos trabalham em suas máquinas. Semanas atrás teríamos o triplo de computadores ligados e pessoas trabalhando neles, mas com a situação atual muitas coisas mudaram.

— Bom dia, Lucas — Marcos cumprimenta ao parar ao meu lado. — E a Audrey?

— Levou horas para adormecer, talvez acorde tarde hoje — respondo, torcendo para estar certo.

— Ela falou algo sobre quem foi preso?

— Uma amiga que a ajudou fugir. O nome começa com Mari, ela não chegou a completar mas não vai ser difícil encontrar.

— Seria mais fácil se soubéssemos tudo de sua vida. Como eu iria imaginar que ela sofreria daquela forma por alguém da vida de antes. — Marcos passa a mão pelos seus cabelos castanhos, os bagunçando.

— Seria, mas nem ela sabe muito sobre nós. — Uma pontada de culpa me toma.

Já perdi as contas de quantas vezes quis contar tudo para ela, mas meu lado egoísta me impede. Não quero que ela entre nesse mundo caótico que vivemos. Não a quero envolvida nas coisas perigosas do Abrigo. A quero na segurança que posso oferecer.

— Você devia contar, ela vai ficar furiosa se descobrir de outra forma.

— Eu sei — suspiro cansado. Meus dedos automaticamente seguem para meus cabelos. — Irei contar, assim que ela estiver mais calma. Agora, vamos descobrir tudo o que for possível sobre essas prisões.

— Por onde começamos? — Marcos indaga, sentando-se de frente a um computador.

— Não faço ideia — confesso. — Não reconheci nenhum dos rostos presos, provavelmente são todos inocentes que deram o azar de serem carregados pelos soldados.

Esperança na Liberdade [COMPLETO E EM REVISÃO] - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora