Capítulo 41

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Audrey


A pele de meu tornozelo queima graças a um produto que causa formigamento. Seu cheiro lembra a ervas, mas não saberia dar nomes de fato, só sei que meu nariz pinica por conta do aroma. Lucas ficou extremamente aliviado ao saber que eu só havia dado um mal jeito, mas nem por isso controlou seus instintos protetores. A ordem era me levar até José quando chegasse ao Abrigo, porém, ele bateu o pé e me levou direto para Verônica.

Apesar de queimar, o tal produto traz um alívio bem-vindo. Meu namorado assume a função de massagista enquanto Vê procura algum remédio que eu possa tomar.

— Recomendo que fique um tempo sem sair pela cidade — ela fala, enquanto lê a embalagem de um frasco marrom. — Gosto de você, mas não gosto de cuidar de seus machucados.

— E por que não? — Lucas questiona, com seu característico mal humor.

— Porque você é incluso no pacote. Ter você dia e noite exigindo um melhor atendimento é a última coisa que preciso. — Aperto meus lábios para não rir da expressão irritada de Lucas. — Não faz cara feia, você sabe que tenho razão. Não sei como ela aguenta tanto mal humor e proteção.

Ele resmunga algo, mas não consigo discernir. Pelo menos ele não deixa de massagear meu tornozelo, que dói cada vez menos, graças ao que foi aplicado e sua massagem gostosa.

— Tentarei ficar bem— digo. — Assim você não terá que aturar o mal humor de Lucas — acrescento,recebendo um olhar enviesado dele.

— Até você me acha mal-humorado?

— Não posso negar os fatos. — Dou de ombros. Ele suspira irritado e volta a concentrar na tarefa de aliviar minha dor. — Adoro seu mal humor — sussurro para ele.

Em segundos, um sorriso de lado surge em seus lábios, roubando a capacidade de bater corretamente de meu coração.

— Tudo o que tenho é dipirona — Verônica anuncia, entregando um comprimido branco em minhas mãos. — Melhor do que nada — ela afirma, dando de ombros.

Concordo e apenas engulo o remédio, que não possui um sabor agradável.

— Agora posso ir? — questiono, pronta para me levantar da cama e ir para longe da enfermaria.

— Pode.

— Não vai enfaixar o tornozelo dela? — Lucas pergunta.

— Não é necessário.

— Mas seria bom imobilizar — insiste.

— Mas não é necessário. — Ela revira os olhos. — Lucas, ela não quebrou e nem torceu.

— Mas ela está com dor.

Reprimo a vontade de rir ao ver que Verônica perdeu a paciência com o meu namorado. Ela me lança um olhar pedindo ajuda.

— Não quero ficar com o pé enfaixado — falo para Lucas.

— E a dor?

— Se eu não pisar no chão por um tempo, não doerá — digo seriamente. — Ainda bem que tenho um namorado forte para me carregar — acrescento, sorrindo abertamente para ele.

Quando me encontrou, Lucas estava furioso, mas agora, seu lado protetor está extremamente aflorado e com isso, sei que consigo convencê-lo a me carregar por aí e deixar a pobre da Verônica em paz.

Ainda bem que não quebrei nada, senão, ela não teria sossego até que eu estivesse cem por cento curada.

— É uma ideia interessante — admite, com seu sorriso de lado fixo em seus lábios. — Então vamos até José e depois te levo para onde quiser.

Esperança na Liberdade [COMPLETO E EM REVISÃO] - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora