Capítulo 11

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Audrey


Você ficou louca! Louquinha de pedra!

Minha voz da consciência grita enquanto ando entre os dois.

Quando o cara me atacou, me arrependi de não ter aceitado a ajuda dos dois. Fiquei apavorada quando vi a faca na mão dele e dei graças pela existência de Alves, ele me atacou tantas vezes usando uma adaga que me senti preparada quando a faca do agressor voou longe.

Porém, depois de tê-lo socado — e sentido uma dor terrível — comecei a temer pela minha vida. Lucas e Marcos estavam longe demais a essa altura e a minha consciência gritava me xingando por ter perdido a oportunidade da proteção dos dois até chegar em algum lugar mais seguro. Quando meu rosto explodiu em dor e ardência, depois de eu ter usado o mesmo golpe de ontem à noite, só torci para correr o suficiente para me esconder do homem.

Não esperava esbarrar com Marcos e Lucas logo em seguida e muito menos ser chamada de irmã por Marcos. O olho de relance e vejo um sorrisinho em seu rosto. De onde ele tirou o irmã, eu não faço ideia, nem somos parecidos. Enquanto minha pele puxa para um tom escuro a dele obviamente seria clara se ele tomasse menos sol. Suspiro e olho o caminho escuro a frente.

Como as ruas são escuras...

Um Abrigo. A ideia me parece muito interessante, um lugar seguro, onde os guardas não possuem acesso? A ideia é boa demais. Talvez eu esteja sendo tola ao extremo por estar confiando nos dois, minha consciência está garantindo esse sentimento de tolice, mas não tenho outras opções, não sei para onde ir e não acho que conseguiria fugir de outro agressor. Meu pulso ainda dói por ter socado o último.

— Irmã? De onde você tirou essa ideia? — Lucas finalmente preenche o ar a nossa volta com sua voz, depois de eu ter ignorado a pergunta de Marcos sobre a minha idade.

— Cara, foi a única coisa que passou pela minha cabeça. — Ambos riem. — Como ele ia saber que eu estava mentindo? Não dá para ver o rosto dela — Ele aponta para mim. — e ninguém me conhece de verdade. — Ele dá de ombros e permanece sorrindo.

Lucas está me olhando enquanto anda e o vejo acenar com a cabeça algumas vezes, concordando com o que o amigo disse.

— Você tem razão, sem ver o rosto dela, não tem como afirmar que ela não é sua irmã. — Lucas sorri e novamente, ajeita o cabelo para trás. Será que é um tique nervoso que ele tem?

— Obrigada, Marcos — agradeço sinceramente, pela milésima vez no dia de hoje.

— Não tem de quê, maninha.

— Não me chama de maninha — peço gentilmente, e ele sorri abertamente.

— Por que não? Somos irmãos! — Estreito os olhos em sua direção.

— Não somos irmãos, sou filha única.

— Olha só quanta coincidência! — ele exclama animadamente, e olha para Lucas com um sorriso de orelha a orelha. — Eu também sou filho único!

— Viu! Não somos irmãos! — sorrio, tirando meu capuz para sentir o ar noturno no rosto.

Marcos passa a encarar meu rosto diretamente e me arrependo de ter retirado a touca que até então, cobria meu rosto perfeitamente.

— Quantos anos você tem? — ele repete a pergunta.

— Dezessete, Marcos — respondo, um pouco mal-humorada.

Tenho certeza de que ele iria repetir essa pergunta mil vezes até que eu dissesse minha idade.

— Perfeito! Sou o irmão mais velho — declara, de maneira animada e vejo o brilho de seu sorriso com o canto dos olhos.

Esperança na Liberdade [COMPLETO E EM REVISÃO] - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora