Capítulo 8

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O Centre Pompidou é um museu de arte moderna, uma construção enorme em formato de caixa que parece ter sido virada do avesso

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O Centre Pompidou é um museu de arte moderna, uma construção enorme em formato de caixa que parece ter sido virada do avesso. A estrutura interna é exposta e há uma hierarquia de cores: verde para o encanamento; azul para o ar-condicionado; amarelo para energia elétrica; e vermelho para a segurança. As cores primárias e vibrantes colidem com a elegância nobre e cinzenta do resto da cidade. Por algum motivo, isso me faz gostar ainda mais do lugar.

Eu não me importaria de ir andando — o restaurante japonês a que vou com Michel é bem na esquina, sem contar a Casa da Árvore —, mas Lica  me levou direto ao ponto de táxi mais próximo.

O átrio do museu é prata e neon. Passamos pelo balcão de informações e damos as mãos de novo. Estão suadas. É o paraíso. Subimos as intermináveis escadas rolantes, cobertas por uma parede de vidro e aço. É possível ver as ruas iluminadas de Paris na linha do horizonte. Falamos sobre as coisas pequeninas e brilhantes que avistamos — pessoas, carros e catedrais, e até a Torre Eiffel—, mas não porque não temos nada mais interessante para conversar. A sensação é de que temos muito sobre o que conversar.

E por onde se começa quando se tem tanta coisa a dizer?

Acabamos de subir a escada nível quatro e passamos para a cinco, e fico um degrau acima de Lica. Nossos olhos estão na mesma altura. Rimos, nem sei bem por quê, e, então, ela
segura minhas mãos e — de repente — começa a se aproximar.

É agora.

Lica hesita e se afasta. Inclino o corpo para a frente para mostrar que é o momento certo, que estou pronta, para dizer “sim, é agora, vamos fazer isso logo”, e ela sorri de novo.

Começamos a fechar os olhos, sinto o nariz dela roçando o meu e… bzzz!
Nos afastamos. O bolso dela toca de novo.

— Desculpa — diz ela, aturdida. — Desculpa.

Soltamos as mãos, e ela pega o celular para colocá-lo no modo silencioso. Lica solta uma gargalhada.

Meu coração está latejando.

— O que foi?

— Ela conseguiu um emprego. — Lica balança a cabeça. — Ela conseguiu.

Ela me mostra a tela do celular e a foto de uma garota com o cabelo chanel platinado com um colete de poliéster sorrindo e fazendo um sinal de “V” com os dedos. É a melhor amiga de Lica, Cristina Yamada.

Sorrio, apesar de não termos nos beijado.

— E onde é que a Cristina vai estudar agora?

The HAPPY Ending • LimanthaOnde histórias criam vida. Descubra agora