O Centre Pompidou é um museu de arte moderna, uma construção enorme em formato de caixa que parece ter sido virada do avesso. A estrutura interna é exposta e há uma hierarquia de cores: verde para o encanamento; azul para o ar-condicionado; amarelo para energia elétrica; e vermelho para a segurança. As cores primárias e vibrantes colidem com a elegância nobre e cinzenta do resto da cidade. Por algum motivo, isso me faz gostar ainda mais do lugar.Eu não me importaria de ir andando — o restaurante japonês a que vou com Michel é bem na esquina, sem contar a Casa da Árvore —, mas Lica me levou direto ao ponto de táxi mais próximo.
O átrio do museu é prata e neon. Passamos pelo balcão de informações e damos as mãos de novo. Estão suadas. É o paraíso. Subimos as intermináveis escadas rolantes, cobertas por uma parede de vidro e aço. É possível ver as ruas iluminadas de Paris na linha do horizonte. Falamos sobre as coisas pequeninas e brilhantes que avistamos — pessoas, carros e catedrais, e até a Torre Eiffel—, mas não porque não temos nada mais interessante para conversar. A sensação é de que temos muito sobre o que conversar.
E por onde se começa quando se tem tanta coisa a dizer?
Acabamos de subir a escada nível quatro e passamos para a cinco, e fico um degrau acima de Lica. Nossos olhos estão na mesma altura. Rimos, nem sei bem por quê, e, então, ela
segura minhas mãos e — de repente — começa a se aproximar.É agora.
Lica hesita e se afasta. Inclino o corpo para a frente para mostrar que é o momento certo, que estou pronta, para dizer “sim, é agora, vamos fazer isso logo”, e ela sorri de novo.
Começamos a fechar os olhos, sinto o nariz dela roçando o meu e… bzzz!
Nos afastamos. O bolso dela toca de novo.— Desculpa — diz ela, aturdida. — Desculpa.
Soltamos as mãos, e ela pega o celular para colocá-lo no modo silencioso. Lica solta uma gargalhada.
Meu coração está latejando.
— O que foi?
— Ela conseguiu um emprego. — Lica balança a cabeça. — Ela conseguiu.
Ela me mostra a tela do celular e a foto de uma garota com o cabelo chanel platinado com um colete de poliéster sorrindo e fazendo um sinal de “V” com os dedos. É a melhor amiga de Lica, Cristina Yamada.
Sorrio, apesar de não termos nos beijado.
— E onde é que a Cristina vai estudar agora?
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The HAPPY Ending • Limantha
Hayran KurguRomântica sem salvação, Samantha tem essa paixão na artista emburrada Lica desde seu primeiro ano na School of America, em Paris. E, depois de um encontro por acaso em Manhattan durante as férias de verão, um romance pode estar mais próximo do que S...