Capítulo 18

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— Eu tive que pegar um avião até aqui e ainda assim cheguei antes de você

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— Eu tive que pegar um avião até aqui e ainda assim cheguei antes de você. Excelente.

A sra. Gutierrez lança as mãos no ar, furiosa. Nate está parado atrás dela, tenso, um prisioneiro no próprio apartamento.

Lica está em choque.

— Você tem ideia do quanto isso é inconveniente? — continua ela. — Ter que cruzar o oceano uma semana antes das eleições? Você ao menos se importa com isso?

A sra. Gutierrez é baixinha, bem mais do que imaginei, embora ninguém perca muito tempo pensando nisso. A presença dela é impactante. Ela parece tão enérgica quanto aparenta nas fotos e na televisão, mas, neste momento, não há dúvida de que é muito mais assustadora. Ela me olha de cima a baixo com olhos cor de avelã que são terrivelmente familiares para mim.

— E você deve ser a Samantha.

Meu nome é pronunciado como o de alguém que não é bem-vindo ali, e é exatamente como me sinto. Fico de cabeça baixa, encarando o chão.

— Olá.

Lica fica na minha frente, tentando me proteger.

— Sinto muito. Sinto muito, mãe.

— Ah, você vai sentir, sim.

Nate dá um passo à frente.

— Que bom que chegaram bem, Samantha…

— Amanhã de manhã temos uma conversa agendada com a diretora da escola — avisa a sra. Gutierrez.

Um nó se forma em minha garganta.

— Nós três?

— Não — responde ela, com a cara fechada. — Minha filha e eu.

Meu rosto queima de vergonha por ela ter me colocado no meu lugar.

— Samantha, a sua conversa com a diretora será na terça-feira — anuncia Nate. — Por que não…

— Obrigada pela ajuda — diz a sra. Gutierrez a Nate. — Sei que minha filha tem dado muito trabalho. Sinto muito por tê-lo incomodado dessa maneira.

Tenho a impressão de que é ela quem está dificultando o trabalho dele, mas Nate só esfrega a careca e diz:

— É o meu trabalho. Mas tudo bem, ela é uma boa menina.

É evidente que ela não acredita no que Nate acaba de dizer. Talvez acreditasse se conhecesse Rafael e Dave. Ela dá um aceno de cabeça firme e se vira para Lica.

— Vamos embora.

Lica arregala os olhos.

— Para onde?

— Para o seu quarto. Temos muito o que conversar, mocinha. — Ela abre a porta e se despede de mim com outro aceno de cabeça. — Samantha.

Meu coração está do tamanho de uma pedra minúscula, irradiando dor para todos os lados. Enquanto a mãe a arrasta, Lica aperta minha mão com a mesma força imensurável de antes. Nossas mãos se separam apenas quando não conseguimos mais esticar mais os braços. Trocamos um último olhar de angústia e então ela se vai.

The HAPPY Ending • LimanthaOnde histórias criam vida. Descubra agora