— Eu tive que pegar um avião até aqui e ainda assim cheguei antes de você. Excelente.
A sra. Gutierrez lança as mãos no ar, furiosa. Nate está parado atrás dela, tenso, um prisioneiro no próprio apartamento.
Lica está em choque.
— Você tem ideia do quanto isso é inconveniente? — continua ela. — Ter que cruzar o oceano uma semana antes das eleições? Você ao menos se importa com isso?
A sra. Gutierrez é baixinha, bem mais do que imaginei, embora ninguém perca muito tempo pensando nisso. A presença dela é impactante. Ela parece tão enérgica quanto aparenta nas fotos e na televisão, mas, neste momento, não há dúvida de que é muito mais assustadora. Ela me olha de cima a baixo com olhos cor de avelã que são terrivelmente familiares para mim.
— E você deve ser a Samantha.
Meu nome é pronunciado como o de alguém que não é bem-vindo ali, e é exatamente como me sinto. Fico de cabeça baixa, encarando o chão.
— Olá.
Lica fica na minha frente, tentando me proteger.
— Sinto muito. Sinto muito, mãe.
— Ah, você vai sentir, sim.
Nate dá um passo à frente.
— Que bom que chegaram bem, Samantha…
— Amanhã de manhã temos uma conversa agendada com a diretora da escola — avisa a sra. Gutierrez.
Um nó se forma em minha garganta.
— Nós três?
— Não — responde ela, com a cara fechada. — Minha filha e eu.
Meu rosto queima de vergonha por ela ter me colocado no meu lugar.
— Samantha, a sua conversa com a diretora será na terça-feira — anuncia Nate. — Por que não…
— Obrigada pela ajuda — diz a sra. Gutierrez a Nate. — Sei que minha filha tem dado muito trabalho. Sinto muito por tê-lo incomodado dessa maneira.
Tenho a impressão de que é ela quem está dificultando o trabalho dele, mas Nate só esfrega a careca e diz:
— É o meu trabalho. Mas tudo bem, ela é uma boa menina.
É evidente que ela não acredita no que Nate acaba de dizer. Talvez acreditasse se conhecesse Rafael e Dave. Ela dá um aceno de cabeça firme e se vira para Lica.
— Vamos embora.
Lica arregala os olhos.
— Para onde?
— Para o seu quarto. Temos muito o que conversar, mocinha. — Ela abre a porta e se despede de mim com outro aceno de cabeça. — Samantha.
Meu coração está do tamanho de uma pedra minúscula, irradiando dor para todos os lados. Enquanto a mãe a arrasta, Lica aperta minha mão com a mesma força imensurável de antes. Nossas mãos se separam apenas quando não conseguimos mais esticar mais os braços. Trocamos um último olhar de angústia e então ela se vai.
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The HAPPY Ending • Limantha
FanficRomântica sem salvação, Samantha tem essa paixão na artista emburrada Lica desde seu primeiro ano na School of America, em Paris. E, depois de um encontro por acaso em Manhattan durante as férias de verão, um romance pode estar mais próximo do que S...