Ao caminhar seguindo pelo corredor lateral da casa, Raquel passou a ouvir Marcos e Alice conversando em voz alta e seu nome ser pronunciado.
Sem imaginar que eles sabiam de sua chegada, caminhou a passos lentos parando próxima de uma janela onde poderia ouvir melhor o que eles diziam.
- Antigamente você não acreditava. Agora está aí nervoso e sem saber o que fazer.
- Eu mato a Raquel! prometia Marcos, enfurecido. Aquela mentirosa!
- Mentirosa mesmo! Eu vi, com os meus próprios olhos. Depois de breve pausa, Alice prosseguiu com voz de desdém: Quer dar uma de mocinha ingênua, pura! Ela é uma safada, isso sim!
- Você foi até eles?
- Ora, Marcos! Você acha que eu ainda deveria me sujeitar a isso?Tenho testemunha, se quiser. Porém, depois do que vi hoje, exijo que tome uma atitude, antes que ela apronte e sobre para nós.
Não suportando mais ouvir aquilo, Raquel entrou, parou após os primeiros passos e perguntou:
- O que eu posso aprontar, Alice? Apesar de sentir seu coração apertado agora, Raquel tentou ser forte e insistiu com veemência na voz fraca: Diga Alice! O que é que eu posso aprontar e deixar para vocês?
- Quem você pensa que é para exigir alguma coisa aqui na minha casa? interferiu Marcos rigoroso ao encorpar a voz.
Tomada de um súbito mal-estar, Raquel sentiu-se atordoada. Não esperava aquela reação de seu irmão. Marcos nunca agira assim. Tentando se defender, a moça insistiu:
- Quero saber o que Alice inventou a meu respeito. Como ela pode me tratar assim e...
- Alice não inventou nada.
- Eu mesmo vi! interrompeu-a bruscamente.
- Viu o quê, Marcos? perguntou Raquel.
Sinto muito, Raquel interferiu Alice coberta por um verniz cínico , estou cansada de esconder tudo do seu irmão. Chegou o momento de dizer a verdade. Após pequeno intervalo de tempo, continuou:
- Lá no serviço, assim que comecei a trabalhar, souberam que éramos parentes e pensaram que eu fosse igual a você. Foi aí que começaram a fazer inúmeros convites... convites indecentes.
- O quê?! indignou-se Raquel. Que história é essa?
- Chega de dar uma de santa, Raquel! gritou Alice, representando de uma maneira impressionante. Você sabe do que eu estou falando. O Marcos também está ciente de tudo. Não precisa mais fingir para nós. Seu irmão já te viu chegando em casa com um e com outro!Marcos sabe que você está acostumada a aceitar convites para esses programas levianos e se vende. O que ele não sabe é que você já tirou filho várias vezes porque não achou um trouxa para assumir você e a criança!
Raquel começou a empalidecer diante da veemência da cunhada, que gritava. Ela ficou estática, ensurdecida e não conseguia reagir contra Alice. Marcos, paralisado, também ficou boquiaberto e incrédulo ao que ouvia da esposa. Ele ficou em silêncio enquanto sua mulher arrumava forças e convicção para dizer mais sem que restasse qualquer dúvida sobre a verdade.
- Estou sabendo também.... continuou Alice, que você está tentando "segurar" esse tal de Alexandre, dizendo que ele é o pai do filho que você está esperando.
- Chega, Raquel! Já chega! Se pensa que vai largar esse filho aqui, está muito enganada.
A moça olhou para seu irmão e não conseguia falar por causa de seu estado de choque. Raquel passava mal. Marcos, por sua vez, enlouquecido, colocou num grito seu ódio e sua repugnância para com aquelas revelações, dizendo:
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UM MOTIVO PARA VIVER
Spiritual..."A familía autoriza a doação?"i O que fazer diante desta situação? No que nos baseamos para tomar tal decisão? Quais as consequências? É certo? É errado doar orgãos? O que nos diz a espiritualidade? Filhos adotivos? Qual a diferença entre filhos...