Capítulo 3

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Alguns dias haviam se passado após os últimos ocorridos, mas Alice e o esposo não conseguiam se harmonizar.

Irritada com a difícil situação financeira, a pobre mulher exibia insatisfação e longas queixas dissertadas com modos até furiosos no falar e no agir.

Mais uma vez o casal iniciava outra desinteligência.

- Eu não vou sair daqui e me submeter á tamanha humilhação de ter que ir morar na casa da sua irmã! - afirmava ela veemente. - Se Raquel tem tanta boa vontade em ajudar, que se mude pra cá e ajude você a pagar o aluguel.

Andando de um lado para o outro, sentindo a fronte como a queimar pelo excesso de preocupações e problemas. Marcos ocultava seus pensamentos, agora tenebrosos.

Alice não parava de se queixar com modos que irritaria a qualquer um.

Após alguns passos negligentes até próximo á pia da cozinha, o homem, desesperado, pensou ao fitar uma faca:

- É por isso que muitas tragédias acontecem. Não suporto mais Alice.. Bem que eu poderia acabar com essa desgraçada agora mesmo, e depois dar um jeito na minha vida.

Quase se apoderando do utensilio doméstico, que agora se transformara em uma arma, Marcos imaginava, enquanto a esposa continuava com suas reclamações:

- Alice é o motivo de todo esse inferno que vivo! - Com as mãos trêmulas e geladas, ele apanhou a faca e olhou para a esposa pensando: - Já chega! Vou terminar com isso!

Um tarefeiro espiritual que desempenhava a função de proteção e amparo aos queridos encarnados, conhecido como espirito protetor, já envolvia com amor e bondade o pobre Marcos que não podia vê-lo, ouvi-lo ou senti-lo.

Esse espirito fazia tudo para afastar aquela idéia de consequências trágicas .

 sentindo a dificuldade de alertar o pupilo, o tarefeiro espiritual, lançou vibrações de amor e socorro a um dos filhos do casal que, mais espiritualizado e flexível ao envolvimento elevado, saiu de onde estava e foi até a cozinha, sem saber muito bem o que queria; Elói abriu a geladeira, encontrou a maça, a pegou e se dirigiu até o pai pedindo:

- Empresta a faca!

surpreso Marcos olhou o filho e num gesto automático, entregou-lhe o utensílio.

Elói cortou a fruta e ofereceu:

-Quer? Toma!

Meio confuso e em choque, o pai respondeu:

- Não.

Alice ainda resmungando, não deu conta do que ocorria. Mas Marcos, ao encarar o filho, se alertou para o que ia fazer, como se despertasse de um sonho para a realidade. Seria uma loucura! Alice não parava de reclamar. Marcos retirou-se sem dar uma palavra. 

Mais tarde, depois de muito e tentando se distrair, ele chegou até a casa de Raquel e passou a contar o ocorrido:

Alice, não quer morar aqui, como eu já disse. E só tenho mais duas semanas para resolver essa situação com o aluguel.

Os pensamentos de Raquel, ligeiros e preocupados, trabalharam na sombra de suas dúvidas. Deveria deixar aquela casa e ir morar com Marcos, conforme Alice propôs? Suas coisas não caberiam na casa de seu irmão. Teria que se desfazer delas. Se não fosse pela dolorosa situação em curso, e por tudo que Marcos já fizera por ela, jamais tomaria aquela decisão. Raquel temia que seu irmão cometesse uma loucura contra a vida de sua esposa ou contra a própria vida. disfarçando as preocupações que lhe fervilhavam as idéias, Raquel decidiu:

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