Na manhã seguinte, Alexandre levantou bem cedo e, preocupado com Raquel, telefonou para sua irmã e pediu:
- Depois da faculdade vem pra cá e fica com ela? Não quero deixá-la sozinha, entende? Tenho que ir trabalhar e não quero ficar telefonando á toa.
- Tudo bem, eu vou aceitou Rosana. Mas, e aí? Como foi? Vocês conversaram?
- Tenho muita coisa pra contar, mas agora não dá. Falaremos depois.
- Tudo bem.
- Tchau, Rô. Agora preciso ir.
Após desligar o telefone, Alexandre percebeu a aproximação de Raquel que parecia estar um pouco desorientada. Acostumada a se preparar para ir ao trabalho, aquela manhã estava sendo muito diferente.
- Você não está esquecendo o atestado de convalescência, está? perguntou.
- Não. Já peguei avisou tranquilo arrumando sua pasta.
- Acho que amanhã vou com você. Preciso passar pela entrevista e pelo exame médico que exigem para a demissão. Mais tarde vou telefonar para confirmar.
- Claro, iremos juntos, sim. Após pequena pausa, ele perguntou: Raquel, tem certeza de que vai ficar bem aqui sozinha?
- Vou, sim. Não se preocupe sorriu ao responder acanhada.
- A Rosana, depois da faculdade, virá pra cá ficar com você.
- Isso é bom. Preciso conversar com alguém.
Ao vê-lo pegar as chaves, ela colocou-se a sua frente e falou:
- Alexandre, desculpe-me pelo que fiz ontem, por fazê-lo sofrer tanto. Eu nunca imaginei que alguém pudesse ficar assim por minha causa.
- Desculpe-me você por ter sido tão firme argumentou com leve sorriso , quando fico assim parece que estou insensível, mas não é.
- Eu precisava ouvir aquilo. Não vou dizer que meus pensamentos estão livres de perturbações ou de ideias terríveis, porém, estou bem melhor.
Alexandre a abraçou forte e beijou-lhe a testa. Afastando-se, teve o impulso de beijá-la nos lábios, instante em que percebeu que Raquel, por medo, parecia tremer prevendo sua intenção.
Alexandre deu um sorriso, passou-lhe a mão carinhosamente pelo seu belo rosto, apertou seu queixo beliscando-o levemente, como quem brinca, e falou:
- Agora preciso ir. Á noite conversaremos.
- Tchau.... disse Raquel, estampando um sorriso emocionado. Alexandre foi embora satisfeito, sentindo-se feliz. A caminho do serviço não tirava o sorriso do rosto. Lembrou, porém, que teria muito trabalho com Raquel, pois sabia que ela precisava vencer seus medos, seus traumas. Mas isso não importava, pensava, ele seria paciente. Iria tratá-la com todo carinho e respeito. O principal já sabia, Raquel o amava.
Sim! O amor dos dois haveria de vencer todas as barreiras, todos os medos, triunfando. Por um instante ele riu e lembrou-se de como a vida era engraçada. Todas aquelas mulheres que praticamente se ofereciam, ele não quisera, agora estava apaixonado e disposto a tudo para conquistar a mais difícil que já vira. Que ironia do destino!
Mais tarde Rosana chegou ao apartamento do irmão e foi recebida por Raquel, que lhe ofereceu um abraço demorado e muito apertado. Ela ficou surpresa ao observar o ânimo da amiga e disse:
- Fico feliz em vê-la! Você está bem?
- Vem cá! pediu Raquel sorrindo. Sente-se aqui. Acomodadas, Raquel pegou as mãos da amiga, que se sentara ao seu lado e, curiosa, estava com grande expectativa, pois sentia que algo tinha acontecido. Sem demora Raquel contou-lhe tudo.
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UM MOTIVO PARA VIVER
Espiritual..."A familía autoriza a doação?"i O que fazer diante desta situação? No que nos baseamos para tomar tal decisão? Quais as consequências? É certo? É errado doar orgãos? O que nos diz a espiritualidade? Filhos adotivos? Qual a diferença entre filhos...