Capítulo 9

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Após alguns dias, em uma manhã qualquer, Raquel estava triste e inquieta. Nada parecia dar certo. Ela estava quase chorando pela insatisfação com seu trabalho. Percebendo o  seu comportamento Alexandre perguntou:

- Tudo bem, Raquel?

Ela não conseguiu deter as lágrimas e, com a voz embargada, respondeu:- Não... Essa droga não quer dar certo.

Alexandre, mais uma vez, empurrou-se em sua cadeira para perto de Raquel a fim de acompa-

nhar algumas planilhas que estavam sobre sua mesa. A colega procurava secar as lágrimas e esconder o rosto rubro. Ao lado de Raquel, Alexandre passou a orientá-la sobre as anotações, e após algumas explicações...-Entendeu? perguntou gentilmente procurando ajudar.  Raquel olhava as planilhas e parecia nem saber o que era.

-Entendeu, Raquel? insistiu ele. Novamente lágrimas teimosas, banhavam sua face agora rosada. A moça não conseguia se concentrar. Ela reclamou com voz abafada:                                        -Esse serviço de novo. Nunca fiz isso e...nem sei o que estou fazendo. Não entendo nada de fatura.

- Alexandre, paciente e gentil, procurou explicar todo o processo de exigências para aqueles cálculos e, ao ver que Raquel ainda parecia alheia, convidou:

- Vamos tomar um café, Raquel? - Não. Eu tenho que... -Desse jeito você não vai conseguir nada. Vamos lá! Vem! insistiu o colega, girando-lhe a cadeira e amparando-a para que se levantasse.

Procurando esconder o rosto avermelhado pelo choro, Raquel atravessou a seção seguida por logo atrás por Alexandre. Ao chegarem a lanchonete que funcionava em outro andar, ele a acomodou na pequena mesa, quase escondida em um canto, e foi solicitar dois sucos.

Raquel, muito envergonhada, ainda procurava esconder o lindo rosto meigo em meio aos cabelos sedosos, perfumados e brilhantes que lhe cobriam parcialmente a face.

Alexandre sentou-se á sua frente e, apoiando os braços sobre a mesa, passou a fixar o

olhar na moça que, de cabeça baixa, não deixava ver seus olhos.

 O silêncio reinou por alguns minutos e Alexandre passou a prender sua atenção na beleza física de Raquel. Apesar de já ter percebido isso antes, agora tinha a oportunidade de  observá-la melhor sem ter que se preocupar com os demais.

A simplicidade da jovem e sua meiguice ofereciam harmonia ainda maior aos delicados traços.

Quando Alexandre se surpreendeu em plena admiração pela moça, sentindo grande atração por ela respirou fundo, ergueu-se e levantou, caminhando poucos passos até o balcão, para ver se o seu pedido já estava pronto. Preocupado, Alexandre passou as mãos pelos cabelos esfregando em seguida o rosto, procurando raciocinar: "O que está acontecendo?", perguntava a si mesmo em pensamento. "Não posso sentir isso. Já me decepcionei muito em relacionamentos anteriores. Sou experiente e não vou me deixar dominar. Quero ajudá-la, sim, mas como seu amigo, nada mais. Admiro a Raquel como pessoa. Não vou me deixar envolver."Após pegar os dois copos, voltou para a mesa onde Raquel estava mais recomposta de suas emoções.

- Espero que goste. É suco de abacaxi.Obrigada agradeceu em voz baixa, concordando com um aceno de cabeça. Arrastando o copo para perto de si, Raquel ficou observando-o, deixando seus pensamentos vagarem.

Não suportando o silêncio, Alexandre perguntou:

- Não é só o serviço que a deixa inquieta e amargurada, não é , Raquel? Ela ergueu os olhos tristes, que novamente se rasaram de lágrimas, e afirmou positivamente. Alexandre a encarou e admirou em pensamento: "Como Raquel é linda! Como é terno seu olhar e generoso o seu semblante, mesmo quando triste."  E acompanhando os contornos, observou:"Que boca bonita!"Rápido, e surpreso consigo mesmo, procurou fugir daqueles pensamentos insistentes e quase sacudiu a cabeça para afugentá-los. "Sou mais forte do que isso", pensava ele. "Não vou me deixar levar por isso." Em seguida perguntou:

UM MOTIVO PARA VIVEROnde histórias criam vida. Descubra agora