Capítulo 2

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Aquele convite para incluir-se como companhia das moças na hora do almoço não foi uma surpresa, era de seu costume convidar, a cada dia, uma colega diferente,sem distinção, para almoçar.

Bem mais tarde, chegando na seção onde Raquel trabalhava, Alexandre, na companhia de um amigo que trouxera consigo, aproximou-se da colega e chamou:

-Vamos? Onde está a Rita?

- Ainda não chegou. Mas...olha....estou tão...

Antes que Raquel argumentasse qualquer empecilho, ele alertou:

-Raquel, presta atenção: Você me parece preocupada demais com seu trabalho. Vejo-a pálida, com uma carinha de quem está com sono e até alheia a tudo o que está fazendo.  -Aproximou-se mais, com seu jeito atencioso, pegou-a pelo braço tirando-lhe a caneta da mão e girando sua cadeira, foi conduzindo-a agora com ambas as mãos para que levantasse e prosseguiu:- Vamos almoçar porque, aí sim, estará mais revigorada, ficará mais atenta no que estará fazendo...

Quando Alexandre a segurou pelo ombro, brincando gentilmente com quem a conduzisse, Raquel, com o semblante sério, esquivou-se rapidamente, parecendo não gostar de ser tocada daquela forma.

Observando o gesto arredio, Alexandre, um tanto sem jeito, recuou erguendo ambas as mãos mostrando que não a tocaria mais e dizendo:

-Desculpe-me, eu não...

- Sou eu quem pede desculpas, eu....-disse Raquel também embaraçada, sem saber como se justificar pelo que fizera.

Vagner, colega de ambos que se encontrava ao lado e presenciou a cena, achou estranha a atitude da moça, porém, somente trocou ligeiro olhar com Alexandre e nada falou.

A chegada de Rita acabou desfazendo o clima um tanto sem graça que, repentinamente, havia se feito.

Ao ver  Vagner acompanhando Alexandre a colega afirmou:

-Que bom, o Vagner irá conosco?

-Sim, irei.

-Então vamos logo! - pediu Alexandre animado e colocando-se á frente para saírem.

Almoçando em um lugar de pouco luxo, recolheram-se os quatro colegas a uma mesa em um canto do restaurante onde conversavam bem á vontade.

Rita, muito falante, atraia para si a atenção de todos.

Com sua bela voz agradável e seu riso gostoso de ser ouvido, ela conseguia trazer alegria e animação.

Raquel, no entanto, mais recatada, sorria vez ou outra, permanecendo a maior parte do tempo em silêncio.

No momento em que ficava séria, uma tristeza indefinida podia ser notada em seu olhar, mas a todo custo Raquel tentava disfarçar.Sem deixar que os demais percebessem, Alexandre a expiava. Muito observador, ele se deixava atrair pela quietude, um tanto misteriosa e natural, que Raquel trazia em si.

Em dado momento, ele, já incomodado com a ausência de participação de Raquel  naquela conversa, decidiu provocá-la.

- E você, Raquel? O que tem pra nos contar?

Imediatamente todos pararam e voltaram a atenção para a moça que, timidamente, pela súbita questão, pareceu quase se encolher emudecida por alguns instantes, mas que, por fim, falou:

-Bem...- Dissimulando com um sorriso, completou: - Não tenho nada pra contar.

Alexandre e Vagner fixaram-se em Raquel observando seu meigo encabulamento.

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