O dia seguinte anunciou-se com lindos raios solares, cuja claridade parecia diferente, envolvendo a todos de maneira muito especial. Após duas horas de viagem, Raquel e Alexandre chegaram ao educandário onde Bruna Maria estava. Eles conheceram o lugar, que fora apresentado por uma freira bem gentil e, em seguida, foram conduzidos até um pátio bem arborizado nas laterais e revestido no centro por lindíssimo gramado salpicado de florzinhas miúdas. A freira e uma assistente social faziam companhia ao casal que, de longe, passaram a ver outra irmã trazendo pela mão uma pequena garotinha.
- É ela?! perguntou Raquel ansiosa.
- É sim, confirmou a freira sorridente.
A esposa, sem perceber, apertava o braço do marido e ele, sorridente, afagava-lhe a mão. Em dado momento, Raquel, soltando-se do braço forte de Alexandre, apressou se em direção da filha para encurtar a distância que parecia longa. A pequena garotinha de lindos cabelos dourados, compridos e com belos cachinhos, que balançavam ao andar, trazia uma doce alegria no rostinho tranquilo. A freira que a conduzia soltou-lhe a mão e Bruna correu na direção da mãe. Raquel, com lágrimas a correr pela face, ajoelhou-se á espera de um abraço. Próxima, a menina parou sorrindo, afagou-lhe o rosto com sua pequena mãozinha e disse com voz doce e delicada:
- Você é minha mãe? Eu sabia que ia vir me buscar, mamãe. A tia me disse.
Raquel a abraçou forte, apertando a filha contra si, enquanto chorava muito. A menina começou a chorar também e a mãe teve que procurar se conter para não assustá-la.
- Tudo bem, filhinha. Não chore, não.
- Chorei porque estou feliz dizia com sua doçura peculiar.
Raquel a olhava sem se cansar, passando-lhe a mão no rosto e nos bracinhos como quem não acreditasse naquele momento.
- Você está bem, filhinha?
- Tô! Eu sabia que você vinha.
- E! Quem disse? perguntou Raquel.
- A tia. Em seguida a menina questionou: - Por que você não veio antes?
- Porque a mamãe não pôde. Tive problemas. Um dia conversaremos sobre isso, tá bom, filhinha? respondeu a mãe que já esperava por essa cobrança.
- Agora, meu bem, vamos aproveitar esse momento, tá certo? Bruna, com seu sorriso ingênuo e delicado, perguntou olhando na direção de Alexandre, sem que Raquel esperasse:
- Mamãe, e o papai, não vai me abraçar?
Ao ouvir isso, Alexandre apressou-se na
direção de ambas, ajoelhando, como Raquel, ao lado da pequenina. Ele também não conseguia conter as lágrimas. Estendendo-lhe os braços, a menina falou meigamente:
- Você é igualzinho no sonho.
A emoção não os deixou prestar atenção no que Bruna falara. Em pranto, Alexandre abraçou a filhinha, enchendo-a de beijos e carinho. Liberto das amarras da própria consciência, ele, emocionado, recebia agora a filha verdadeira que, num passo oportuno agora era registrado com ideais sublimes. Eles jamais esqueceriam tanto júbilo. Poucas palavras foram trocadas, porém não se pode dizer o mesmo quanto ás emoções. Seus corações se entrelaçaram na mesma harmonia, felicidade e esperança.
O horário se escoara rápido. Bruna Maria chorou ao ter que deixá-los, mas recebeu promessas de visitas. Raquel ficou aborrecida pela separação. Abraçada ao marido, ela não se importava com os demais e chorava.
Irmã Eunice, que conhecia toda a vida de Bruna Maria, em dado momento comentou, na frente do casal, com a assistente social que acompanhava o caso:
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UM MOTIVO PARA VIVER
Espiritual..."A familía autoriza a doação?"i O que fazer diante desta situação? No que nos baseamos para tomar tal decisão? Quais as consequências? É certo? É errado doar orgãos? O que nos diz a espiritualidade? Filhos adotivos? Qual a diferença entre filhos...