CAPÍTULO DOZE

787 61 34
                                    

Pisquei algumas vezes tentando me adaptar à claridade que invadia o quarto. Soltei um suspiro pensando que tudo havia sido um sonho, mas então ouvi vozes baixas vi do do andar de baixo. No instante em que me sentei ma cama, senti uma dor de cabeça horrível que me fez querer chorar.

Tomei um pouco de coragem e fui até o banheiro, depois me enrolei em um hobbies e desci as escadas. Notei que os dois se calaram qiando me viram.

— Oi.

— Ei, vem cá! — Christopher me estendeu a mão e fui até ele que estava sentado na banqueta na cozinha. —Dormiu bem? Está melhor?

— Acho que sim, só estou com uma ressaca infernal, mas nada que um copo de café não resolva. — Olhei meu pai que estava de pé do outro pado da bancada. — Oi pai.

— Quer comer alguma coisa?

— Eu preparo, não se preocupe.

— Deixa eu cuidar da minha garotinha um pouco? — Desviei o olhar.

— O que foi?

— Como a mamãe tá? Eu sinto saudades dela.

— Ela está bem. E preocupada, mas bem.

— Devia ligar pra ela, amor.

— Eu não consigo, Chris. — Sentei-me ao seu lado. — Eu tentei, mas antes da ligação completar, eu desligo.

— Se eu ligar, você fala?

— Eu não sei. E se ela começar a chorar ou fazer perguntas? E se ela me pedir pra voltar? Eu acho que não posso.

— Sua mãe entende que precisa de espaço, querida. Mais que eu, até, mas ela ainda é a sua mãe e te ama
Incondicionalmente.

— Eu não sei... já faz tanto tempo.

— Sim. — Ele deu a volta na bancada e veio le dar um abraço. Abraço forte, daqueles que eu desejei receber inúmeras vezes e estava sozinha. — Eu senti sua falta, meu amor. Nós sentimos.

— Me perdoa?

— Pelo quê?

— Por ser assim... por deixar você de cabelos brancos e por partir sem dizer adeus... eu... eu surtei, pai. Eu precisava sair, ou faria algo pior.

— Por quê? — Ele voltou a me soltar e foi pegar um pouco de café para mim. — Quer comer ou não? — Neguei pegando a caneca de café na mão dele.

— A Renata... eu fui... eu fui vê-la... tentar conversar com ela, mas quando cheguei lá, ela disse que era minha culpa, que não poderia mais andar. E eu... talvez eu tenha culpa mesmo.

— Não foi sua culpa o Kevin te agarrar no meio da boate. Se ela não tivesse chegado, nem saberia, Dulce. Além do mais, ela tentou atropelar a grnte, lembra? É problema dela se ela perdeu o controle do carro.

— Ah, Christopher, por favor! Não é sobre a boate, apenas. É sobre tudo... o Daniel, você, os meus amigos, o O
Kevin... tudo.

— Eu queria entender isso, de verdade. Sempre
Vi vocês discutindo, las nunca soube o real motivo. Quem é Daniel?

— O garoto que ela gostava, pai. Eu... eu o roubei dela, como fiz com o Christopher. Ela já estava brava por que as meninas preferiram ser minhas amigas à ela, e quando isso aconteceu... bom, a gente nunca mais foi amiga.

— Nossa... — Ele se manteve calado por um tempo e eu me encolhi. — Eles estavam juntos?

— Do que isso importa, Fernando?

— Não, não estavam. Ele nunca quis nada com ela.

— Então não tinha por que ela dizer que você o roubou dela.

— Como fiz com o Christopher? — Ele assentiu e pude ver ele ficar sem graça ao meu lado.

— Pai, eu amei o Christopher no maldito momento que o vi pela primeira vez e quando soube dele com a Renata eu tentei o máximo ficar longe dele. Tentei odiá-lo, mas eu não consegui. A atração foi mais forte que nós dois.

— Dá pra perceber... tanto tempo depois e vocês dois não se esqueceram...

— Eu amo a sua filha, Fernando. Nunca foi a minha intenção magoar nenhuma das duas e eu não pretendo desistir da Dulce por que a Renata não aceita isso.

— Já deu pra perceber isso também. — O vi pegar o pote de biscoito e começar a comer. — Isso daqui tá murcho.

— Tem uns cinco meses que esse negócio tá aí, deve tá horrível. — Beberriquei meu café.

—Tá precisando comprar algumas coisas aqui.

— Eu tô bem, não se preocupe com isso.

— Eu não pretendo passar os próximos dias comendo biscoito mircho, Dulce.

— Próximos dias? — Olhei para Christopher e ele assentiu. 

— Mas... e o seu trabalho?

— Vou trabalhar direto daqui, vai ser só por alguns dias.

— E depois você vai embora de novo.

— E vou voltar de novo. Pelo menos de quinze em quinze dias. Eu disse que ia te ajudar, não disse?

— Mas... e quanto a eu ser internada? Eu tava falando sério.

— Se de tudo não ficar bem, a gente opta por isso, mas somente se não houver outra saída. Não quero minha filha numa clínica psiquiátrica.

— E se eu machucar alguém? Ontem... eu achei que vocês fossem coisa da minha cabeça, eu podia ter machucado ou matado vocês.

— Mas não o fez. Olha, eu conversei com o Christopher e você vai continuar com suas consultas, mas também acho que e deve parar com os remédios. Você precisa se abrir e por pra fora o que sente, precisa deixar as pessoas ajudarem você.

— Dulce, quando exatamente suas visões começaram?

— Eu não sei... eu acho que depois que comecei a tomar esses remédios, mas eles e as bebidas sempre ajudam.

— Teve alguma ontem? — Assenti. — Por isso bebeu daquela forma?

— É... — Minhas bochechas coraram. — Ei estava bem, tava fazendo tudo como você pediu, mas eu briguei com o Mocolas e acabei ficando mal.

— Nicolas? Quem é Nicolas? — Perguntou meu pai.

— Um amigo... ou ex amigo. Tanto faz! — Olhei Christopher que parecia sem graça. — Eu disse a ele que amava o Christopher e ele... bom... não reagiu muito bem, né.

— Isso vai passar, eu prometo. E quanto ao Nicolas, não deixe que ele seja mais um problema, tá? — Christopher beijou minha testa.

— O que acha de sairmos para almoçar os três? Acho que ainda tem muota coisa para conversarmos. — Sugeriu mei pai e eu assenti.

Um almoço com os dois homens que eu mais ava na vida poderia sim me fazer bem.

[REVISÃO] Inevitável - RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora