CAPÍTULO DEZENOVE

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Marcela se afastou pela milionésima vez, como quem não sabia o que fazer ou falar. Em seu olhar, havia uma pitada de fúria que eu conhecia bem.

— Mar...

— Olha, nem fala nada tá? Vai lá fazer o que faz de melhor!

Tudo bem, eu entendia o fato de que ela estava brava comigo. Entendia que messe tempo, ela quem teve que segurar as pontas em casa porque era única das três que ainda vivia lá.

— Eu não estou fugindo, só estou levando o Christian para um lugar melhor.

Olhei por cima do ombro dela e vi Christopher e Christian parados e encostados no carro de Christopher. Anahi e Alfonso já tinham ido na fremte no carro dele e Maite preferiu ir com eles.

— É o velório da avó dele. Isso é ridículo!

— Ele não quer ficar aqui, o que posso fazer? Se ele deseja, assim será. Eu vim por ele, então, farei o que precisar.

— Sempre pelos seus amigos. Entendi! — Ela deu uma risada fraca enquanto coçava o cabelo. — E a família que se dane, né? Pensou na mamãe alguma vez nessa sua aventura? Por que ela pensou muito em você e como eu queria que ela não pensasse. Você e a Renata só destroem a nossa família! — Pesado! Olhei para cima segurando as lágrimas.

— Não é bem isso. Olha, isso não é local nem hora para discutir esse assunto tá? Eu preciso ir, eles estão esperando.

— Quer saber, eu vou embora. Já que o Christian tá indo, não tem por que eu continuar aqui. Passar bem!

— Marcela... — Tentei tocá-la mas ela se afastou e saiu, sem sequer olhar para trás.

Engoli o choro que estava prestes a escapar e soltei um suspiro. Um longo e dolorido suspiro. Como não podia fazer nada naquele momento, eu simplesmente ignorei. Ou tentei.

Era realmente um bom dia. Maite, Marcela, Christopher... Quem seria o próximo a querer enfiar-me em uma forca?

O silêncio no carro fora constrangedor. Christian parecia estar prestes a dormir no banco de trás. Christopher ainda parecia ta irritado comigo, e sem motivos. Ou talvez tivesse...

— Christian, não quer ir pra casa? Você está exausto. — O olhei pelo retrovisor. Aquilo era ele no dia a dia ou simplesmente por que estava a noite inteira acordado.

— Não. Eu estou com fome. Não como há mais de um dia.

— Tá. — Fingi mexer em minhas unhas enquanto Christopher procurava uma vaga para estacionar. — O que vamos comer?

— O de sempre. Não se esqueceu, né? Batat...

— Não me esqueceria nunca. — Dei um sorriso fraco depois de o interromper. — Olha, eu sei que tá todo mundo irado comigo, e que talvez eu nem seja mais bem vinda aqui, mas isso não vai mudar o fato de que eu jamais vou esquecer o quanto foi bom nossos momentos juntos.

— Tá falando isso pela Mai. Não liga não, ela só tá falando assim porque tá irritada por você ter ido embora sem falar com a gente. Conhece ela né? Além do mais, eu sei que você vai voltar seja lá pra onde veio. Tá aqui só de passagem. Eu só não sabia que o Ucker sabia onde você estava nem que estavam juntos. — Ele chegou para a frente apoiando-se entre os dois bancos. — Ou não estão? Ele tá com uma cara de leite azedo! Credo! Brigaram? — Eu comecei e rir. O que tinha dado dele para disparar a falar dessa forma? — Ah, claro! Vocês sempre brigaram né? Mas mesmo assim não se largam. Há quanto tempo estão juntos? Não importa, vocês sempre dão um jeoto de reconciliar, e posso imaginar como. A mai me comtava cada coisa, que eu ficava sem acreditar. Se bem que nunca foi Santa né? Caramba! Você era uma poriguete, Dulce!

— CHRISTIAN!!! — Christopher e eu exclamamos em uníssono e ele fez cara de quem não tava entendendo nada.

— Falei demais? — Assenti. — Desculpa, é que já fazia tempo que eu não me divertia tanto.

— Está se divertindo com o quê?

— Eu nunca me diverti tanto como me divirto com vocês. Lembram como era no início? Adorava o tapas e beijos. Mais tapas que beijos, claro!

— Chega, né? Vamos comer? — Destravei o cinto de segurança e olhei para Christopher.

— Eu vou indo na frente.

Christian saltou para fora do carro numa velocidade que eu desconhecia. Christopher continuou parado, olhando para as próprias mãos.

— O que eu fiz dessa vez? Por que está bravo comigo?

— Eu não estou.

— Ah não? E sair me deixando sozinha, quando você deveria estar ao meu lado? Tudo isso por que eu não quis comer? Eu... ah, caramba! Isso é tão ridículo!

— Acha ridículo? — Ele deu um riso fraco. — Nem precisávamos estar nessa situação. Você nos colocou nela! — Deu ênfase na última frase e aquilo machucou. Ele era a última pessoa que eu esperava dizer aquilo.

— E isso agora? Por quê?

— Quer saber? Deixa pra lá, estão esperando a gente.

Ele também saiu, e isso ke deixou extremamente irritada. — Alexander!  — Gritei, antes dele fechar a porta na minha cara e sair me ignorando. — Estúpido! Te odeio! Não sei por quê foi atrás de mim, se era pra jogar na minha cara!

Continuei gritando enquanto saía do carro, mas nem assim ele parou de andar. Ouvir aquilo me deixou uma sombra no peito. Eu só estava ali por que ele me convenceu do que deveria fazer, e do nada ele simplesmente dá a louca?

A vontade de ir embora naquele mesmo instante fora enorme, mas então lembrei da voz de Marcela. Fugir! Eu realmente era boa naquilo e precisava parar, principalmente naquele momento.

Christian precisava de mim naqiele instante e não era nem de perto justo, mas depois... eu não responderia por mim.

[REVISÃO] Inevitável - RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora