CAPÍTULO QUARENTA E TRÊS

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Sentei-me na cadeira e fiquei olhando a quantidade de caixas enormes espalhadas pela sala. Aquilo era assustador e estressante. O sofá estava ocupado com as caixas menores e algumas embalagens plásticas.

— Isso é insano! — Apoiei os cotovelos na mesa e meu queixo em minhas mãos.

— Se você não comprou isso, quem foi? — Perguntou Maite sentando-se ao meu lado e fazendo o mesmo que eu.

— O Christopher? Quem mais? — Christian respondeu, surgindo pelo corredor e trazendo consigo um pacote de salgadinhos.

— Ele não comprou nada. Não faria isso sem mim, faria?

— Ah, ele tá todo ansioso com tudo, mas ainda não cicou louco.

— Será o que tem nessas caixas?

— Não sei, são enormes e a maioria é pesada.

— Mudando de assunto, ele já contou pra Ale sobre os quadrigêmeos? — Neguei.

— Qual o medo dele? O que pode ser mais assustador que ter quatro bebês a caminho? — Christian se sentou em cima da mesa e enchei a boca com um pouco de salgadinhos.

— Sei lá! O Poncho já chamou a atenção dele por isso. Logo esses pirralhinhos nascem e ela não sabe deles.

— Acho que ela não fará questão alguma de conhecer os netos. Ela me odeia!

— Não exagera, Dulce. Eu gosto dela, é uma boa pessoa.

— Fale por você, a nora queridinha dela.

— Espera, eu não entendo. O que houve pra ela não gostar de você, Dulce?

— Ah, fora o fato de que quando ela me viu pela primeira vez eu e o Christopher estávamos quase fazendo a dança do acasalamento, nada.

— Não esquece da ex namorada dele.

— Tem essa puta aí também! Só de lembrar dela fico enjoada. — Passei a mão sobre o estômago. — Vou beber água.

Os três só foram embora depois que Christopher chegou, e então no instante em que ficamos sozinhos eu fui tomar banho, incapaz de travar uma conversa decente com ele.

Depois do banho, me vesti com um vestido leve, calcei uma sapatilha e sem falar nada, peguei minha bolsa e saí. Eu não iria permitir de forma alguma que ele controlasse minha vida. Peguei o primeiro taxi e fui, a pesar do receio, para a casa dos meus pais.

Fiquei um tempão no portão, pensando se iria tocar a campainha m, se já e traria sem avisar ou se voltaria para a casa de Christopher sem me pronunciar.

A luz da sala estava acesa e a do quarto que pertencia a Marcela também. Soltei um suspiro longo e apertei a campainha. Demorou um pouco até a porta se abrir e quando abriu, eu travei por completo. A pessoa do outro lado se parecia comigo e não era Marcela.

— Você... — Ela pronunciou e eu dei dois passos para trás.

— Eu... eu volto outro dia.

— Renata? Quem é?

— Ann... — Por que não me disseram que ela estava ali?

— Dulce? — Minha mãe pareceu espantada. — Oh, eu não esperava você aqui.

— Percebi. — Olhei para Renata que não tirava os olhos da minha barriga e quis sair correndo. Não podia sequer decifrar o que aquele olhar dizia.

— Por que não entra?

— Eu volto outro dia.

— Quem é o pai? Digo... você não estava em outra cidade? Não poderia sero Christopher, né?

— Do que isso te interessa? — Perguntei, brava demais.

— Por favor, não briguem. — Implorou minha mãe, passando as mãos pelo rosto.

— Caramba! Reunião familiar e nem me chamam? — Marcela surgiu atrás delas com um balde de pipoca que exalava um cheiro horrível.

— Eu vou embora, nem devia estar aqui.

— De repente a familia resolveu reunir e você vai embora? Não, né! Vem, a gente ia ver um filme, vem ver com a gente. — Marcela abriu espaço entre as duas e me puxou para dentro de casa.

Eu não conseguia pensar em nada além do fato de que eu deveria saber que Renata estava ali. Ouvi alguns sussurros atrás de mim mas não tentei ouvir o que era.

— Quer pipoca? Tá uma delícia! Vem, senta aqui, sua barriga deve tá pesada.

— Não! Eu vou embora, Marcela! — Puxei minha mão e andei alguns passos para trás. Tropecei em alguma coisa e caí sentada no chão.

Aquilo doeu infernalmente. O impacto contra o chão fez eu sentir que estavam enfiando facas em meu útero.

— Ah, Droga!

Minha mãe se abaixou rapidamente perto de mim enquanto eu apertava a regiao abaixo da barriga e gritava de dor.

— Tudo bem, não deve ter sido tão grave assim, filha.

— Ta... tá doendo muito.

— Vem, você precisa levantar. De vagar, tá?

— Calma, Dulce. Eu vou ajudar você.

As três me ajudaram a ficar de pé, porém senti mais dor ainda, além da visita ficar turva e eu me sentir fraca.

— Droga! Mamãe, olha. — Era Renata quem tava falando. Olhei para onde ela apontava e vi sangue escorrendo por minhas pernas.

— Ah não! Isso não!

— A gente tem que ir pro hospital. — Ela me fez sentar no sofá sem se importar se sujaria ou não. — Fernando? Corre aqui!

Ela gritou e em pouco tempo meu pai saiu do escritório, com o celular na mão. — O que houve? Dulce?

— Ela caiu, e tá com sangramento. Leva ela pro carro?

— Ele arregalou os olhos enquanto vinha o mais rápido possível na minha direção. Sem pensar duas vezes,
Ele pegou a chave do carro na mesa de centro e depois me pegou no colo.

Eu só conseguia chorar, naquele momento mais de medo que de dor. Eu estava perdendo meus filhos e não sabia o que fazer. A dor era tanta que eu desmaiei na metade do caminho.

[REVISÃO] Inevitável - RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora