— A Dulce é meio maluca às vezes, mas até que a gente gosta dela. Ela nunca recusa uma balada!
— Isso não é verdade. — Defendi-me, semicerrando os olhos na direção de Italú. — Eu sou normal!
— Eu conheço a peça. — Continuou Christopher, para em seguida tomar um pouco de vinho tinto. Vinho este que parecia estar delicioso, mas eu estava tentando me controlar para não beber.
Nos últimos dias eu não tinha colocado uma gota de álcool na boca, mas por pura decisão de Christopher. Ele fez o favor de jogar fora tudo e qualquer tipo de coisa que tinha álcool em minha casa, incluindo uma caixa de bombom com recheio de licor de cereja que eu havia comprado um doa antes dele chegar.
— Então vocês já se conheciam desde a Cidade do México, né? — Zoraida perguntou, e antes que um de nós dois pudéssemos responder, ela continuou. — Faz sentido ela passar tanto tempo em castidade. Ela estava esperando por você. Se bem que... eu cheguei a achar que ela e o Nic... bom...
— Achou errado! — Nicolas a interrompeu, e pude ver como ele segurava firme a taça em suas mãos. — Éramos apenas amigos, não rolou nada entre a gente, não é mesmo, Dulce? Até parece que iria ficar comigo pensando em outro cara! Ela é boa demais, pessoal! Jamais faria algo assim.
— Nic... — Soltei um suspiro, sentindo um pouco de pena dele, principalmente por saber que aquele homem à minha frente parecia estar segurando com todas as suas forças um choro que com certeza me destruiria.
— Então, Christopher? Como pretende levar isso adiante? — Ele me ignorou e olhou para Christopher que estava sério ao meu lado. Dei de ombros, e voltei minha atenção ai prato de espaguete à minha frente. — Vai ser um relacionamento à distância ou vai se mudar de vez para o interior?
— Ainda é cedo para decidir.
— O Christopher é ocupado demais lá para vir pra cá. Aliás, como vai a empresa do seu pai?
Arregalei meus olhos em direção à Ivalú que nem se deu conta do que estava prestes a fazer. Aliás, como ela sabia de Christopher?
— Está bem. — Limitou-se, repousando sua mão sobre a minha. — Muito trabalho, mas nada que um pouco de dedicação não resolva.
— Você é dono de uma empresa?
— Não! Sou diretor!
— Ah... tá explicado! — Nicolas deixou-se escorregar parcialmente na cadeira olhando com certo deboche para mim.
— O que quer dizer com "tá explicado"? — Deixei meu garfo cair no prato, sentindo um pouco de raiva. Só me faltava essa agora!
— Eu não disse nada. — Fez-se de desentendido.
— Dá pra parar com isso? Não seja estúpido! Eu não preciso do dinheiro dele, tá? Nunca precisei!
— Pessoal, sem brigas! — Pediu Ivalú.
— Espera, vocês dois estavam saindo? — Zoraida, escandalosa como sempre não se conteve. Minhas bochechas queimaram e eu me encolhi. — Agora tá explicado... por isso você não convidou ele. Pensei que tinha esquecido de mandar a mensagem, sei lá... mas não pensei que tivesse dormindo com ele. Caramba, como isso é engraçado!
— Isso não é engraçado, Zoraida! E caramba, eu sinto muito, Nic. Sinto mesmo, mas quando eu transei com você não pensei que ele viria até mim, então por favor, pare de agir assim. Tínhamos uma amizade boa antes disso tudo.
— Não tem que se explicar pra ele, Dulce!
— Não, não tenho, mas também não vou aceitar ele agir assim. Já ficou claro minha posição, e ele precisa aceitar isso.
— Olha, Dulce, na boa, eu aguentei você por mais de ano, cheia de dramas e chorando por tudo e por nada, isso sem contar o seu mau humor, que no ninguém consegue aguentar e é assim que me retribui? Você em algum momento tentou pensar que esse cara nem mesmo estava aqui quando você precisou?
— Você não sabe de nada.
— Christopher, ela sempre volta como um cachorro pra você?
— Ei, olha como fala dela!! — Ele afastou a cadeira, mas antes que ele se levantasse eu o impedi.
— Sai daqui Nicolas! — Gritei, me levantando e jogando o guardanapo sobre a mesa, batendo a mão sobre o tampo logo em seguida. — A gente ficou pouquíssimas vezes e transamos uma, então não vem dar uma de todo poderoso comigo, tá? Você não faz ideia do que eu passei, do que nós dois passamos, então por favor, cala a porra da sua boca!
— Tudo bem, amor, não vale a pena. — Christopher me segurou. Eu estava trêmula, estava com raiva e eu queria sim bater nele.
— Eu vou embora, nem fui convidado pra essa merda mesmo. Que se dane!
Ele se levantou, virou a taça de vinho de uma vez na boca e saiu, logo depois de me lançar um olhar assustador. Sem nem mesmo pagar a conta do que tinha consumido.
— Nossa! — Zoraida se arrumou na cadeira.
— Porquê chamaram ele? Por quê? Se eu não o convidei é por que sabia que isso iria acontecer. Era para ser um jantar saudável, mas não, ele tinha que estar aqui para mostrar o quão problemática eu sou. É isso mesmo, eu estou nessa cidade por que eu sou um problema, e se eu nunca quis falar sobre o meu passado é por que eu sou uma má pessoa.
— Não é verdade, Dul... a Renata não... — Ivalú tentou me interromper, mas eu continuei, impedindo-a de prosseguir.
— Eu sou uma maluca que roubou o namorado da irmã e quando a coisa ficou ruim, fugi como um cachorrinho. Cachorrinho esse que sempre, sempre vai voltar para ele e foda-se o que vão pensar!
Voltei a me sentar, apoiando o rosto na palma das mãos tentando conter o choro de raiva. Ninguém falou nada além das mesas próximas, e na minha mesa, por um bom tempo, tudo que se ouvira eram os talheres se chocando contra o prato.
— Vocês vão querer sobremesa? — Comecei a rir junto com meus amogos, um tanto desesperada.
O que eles pensariam de mim agora? Ja bastava eles pensarem que sou uma bebada maluca, agora sabiam que eu era uma narraqueira, e pior, uma vadia.
— Desculpa, gente. — Os olhei e eles riram ainda mais.
— Relaxa, já achávamos que você era louca, agora temos certeza. — Italú comentou, e eu sorri. — Se não fosse louca, nem andava com a gente, vai por mim.
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[REVISÃO] Inevitável - Redenção
FanfictionDa saga Inevitável Há um sentimento forte entre eles. Tão forte que facilmente poderia ser confundido com paixão. Há huma atração tão forte que nem mesmo o dinheiro, tempo ou a distância pode interferir. Vidas destruídas, sonhos despedaçados... Não...