Sentei-me na escada olhando a tela do celular. O relógio já marcava mais de uma hora da madrugada e nada de Christopher voltar. Eu já estava impaciente, porque não sabia se devia ficar brava ou preocupada, porque ele não conhecia quase nada na cidade e ele tinha saído sem nem mesmo levar a carteira ou o celular, então, como eu iria conseguir contatá-lo? E se algo acontecesse e ele morresse como indigente?
Fiquei quase meia hora sentada ali no escuro, na mesma posição, olhando para fora até que por fim ele resolveu aparecer. Continuei sentada, apenas esperando ele aparecer, mas tudo que ouvi foi o barulho de algo pesado sendo jogado no sofá, então me levantei, busquei todo o ar que pude para meus pulmões no intuito de manter um pouco de calma e desci a escada.
— Onde você estava, Uckermann?
Ele se sentou rapidamente, e pela pouca luz da sala que invadia a sala pude ver seu rosto de espanto. — Pensei que já estivesse dormindo.
— Sem essa. Isso lá são horas de chegar? Não liga, não avisa onde tá, se tá bem. Você nem mesmo levou a desgraça do celular.
— E desde quando se importa? Pensei que estava te dando o espaço que queria, aliás, eu nem deveria estar aqui, não é mesmo.
Ele se levantou, passou por mim e subiu a escada. Como podia ser assim tão insensível? — Você não pode fazer isso. — Gritei, indo atrás dele. Já no quarto, ele começou a se despir, e quando terminou, ficando apenas de cueca olhou para mim. Ele tava muito, mas muito bravo.
— Ah não? Eu sou adulto, vacinado e tomo minhas próprias decisões, Dulce Maria. Não somos nada, então não tenho que dar satisfação alguma a você, tá bom! Se não me falha a memória, há três meses atrás você me disse, em alto e bom som, que não podíamos mais ficar juntos, que eu não fazia bem a você, e depois você me liga, do outro lado do mundo, depois que eu estava finalmente tentando seguir a minha vida, pra falar que está grávida.
Fiquei pensando no que responder, mas não consegui no primeiro momento. Ele soltou um suspiro e entrou no banheiro. Mais uma vez eu o segui e fiquei da porta, olhando ele ficar completamente nu e entrar em baixo do chuveiro. De costas, fiquei olhando para sua bunda enorme e branca enquanto ele nem parecia perceber minha presença ali.
— Não desconta a raiva que você tá de mim em meus filhos.
— Oh, desgraça! — Ele se virou, assustado e eu ri. — Deixa eu tomar banho em paz pelo menos?
— Vai por mim, meu anjo, você não vai ter paz nunca mais na sua vida. A propósito, por falar em inferno, sua mãe ligou.
Ele fez uma careta, talvez por eu associar a querida mãezinha dela ao inferno e eu revirei os olhos.
— O que ela queria?
— Não sei, deixei ela falando sozinha enquanto deixava um vídeo pornô rodando no computador, fazendo ela pensar que a gente tava ocupado demais transando.
— Dulce!!! — Ri quando ele pegou o sabonete e este escapou de suas mãos, parando no chão.
— O que foi? É tão ruim assim ela saber que a gente tá junto, aliás, você não contou a ela ainda, não é mesmo? — Semicerrei os olhos o encarando.
— Como sabe disso? — Disfarçou, abaixando-se para pegar o sabonete que insistia em pular para longe.
— Por que ela ficou completamente surpresa ao ouvir minha voz.
— Nossa, você é tão infantil às vezes.
— E você é super maduro, bebê! — Ironizei e ele desligou o chuveiro para se ensaboar. Aquilo era tão excitante.
— Você deveria contar a ela, não deve ser tão ruim assim ser avó.
— Isso é um problema meu, não acha?
— Não quando quem está grávida sou eu. Aliás, quero saber logo se terá condições dela se aproximar das minhas crias.
— Você não pode decidir isso, sabia? Ela tem os mesmos direitos que seus pais.
— Meus pais não odeiam você, apesar de tudo. — Ele não respondeu, apenas voltou a ficar de costas enquanto ensaboava seu corpo, deixando-me na vontade de arrancar minhas roupas e entrar ali com ele. — Caralho!
— O que foi?
— Nada! — Minhas bochechas coraram e fiquei morrendo de vergonha naquele instante. Eu quase tive um orgasmo só de olhar para ele.
— Você tá bem?
— Sim. — Mordisquei meu lábio inferior o olhando.
— Tem certeza?
— É melhor eu sair daqui.
Voltei para o quarto e fiquei deitada na cama, abraçando o travesseiro, porque era a única coisa que iria conseguir naquela noite. Fechei meus olhos e quando já estava quase dormindo, Christopher se jogou ao meu lado.
— Quer que eu durma aqui?
— Não. — Resmunguei, quase chorando. Pra quê? A gente nem se tocava, mal nos olhávamos, pra que ele iria dormir ali comigo.
— Não? — Senti ele tirar o cabelo caído em meu rosto e abri meus olhos. Ele estava apenas enrolado na toalha, seu cabelo estava molhado e escorriam algumas gotas em seu corpo.
— Se não vai satisfazer minha vontade como mulher, é melhor sair daqui antes que eu te amarre na cama e abuse de você, por que você tá me deixando louca, Uckermann.
— Caramba, tá tão difícil assim? — Não respondi, até por que minha cara já respondeu por si só. Ele deu uma risada e eu escondi meu rosto no travesseiro. — E se eu machucar você?
— Ah, me poupe! Seu pênis é grande, mas não é pra tanto. Acha mesmo que vai invadir meu útero? Quanto ego!
Levantei-me da cama, afastando daquele cheiro nada bom de sabonete que tirou toda minha excitação naquele momento. Além do mais, se tivéssemos que transar, não queria que fosse assim, quase que forçado. Se ele não estava com vontade, não seria eu quem ia pedir isto.
— Onde vai?
— Pra bem longe de você, você tá fedendo!
— Mas eu acabei de tomar banho. — Dei uma olhada para ele fazendo careta. — Tá enjoada? Pensei que já tinha passado essa fase.
— Eu também.
Desci a escada, fui até a cozinha, tomei uns três copos de água e depois me deitei no sofá, onde fiquei vendo TV até finalmente dormir.
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[REVISÃO] Inevitável - Redenção
Fiksi PenggemarDa saga Inevitável Há um sentimento forte entre eles. Tão forte que facilmente poderia ser confundido com paixão. Há huma atração tão forte que nem mesmo o dinheiro, tempo ou a distância pode interferir. Vidas destruídas, sonhos despedaçados... Não...