CAPÍTULO QUARENTA E OITO

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Desciei o olhar enquanto Alexandra olhava bem na minha direção. Christopher fechou a porta assim que os outros saíram e ficamos apenas os três no quarto.

— Como você está? Como foi o parti?

— Não vi muita coisa. — Christopher veio na minha direção e pegou minha mão.

— Achei que não viria.

— Eu também achei isso, mas então lembrei que estava cometendo uma besteira sem tamanho. — Ela segurou a barra da maca e soltou um suspiro. — Que espécie de mãe eu seria se não pudrsse ficar feliz pela felicidade do meu filho?

— Uma péssima, diria eu. — Resmunguei.

— Dulce...

— A pesar das diferenças, ela tem razão. O tempo que ficou longe dela não fez bem a você como eu queria acreditar.

— Eu a amo, mamãe, e acho que isso implica viver para sempre aqui no México. Não sei o que levou você e o papai se divorciarem, mas eu estar aqui não significa que eu esteja do lado dele, assim como estar na Suécia não significa estar ai seu lado.

— Eu sei.

— Poncho e eu já somos adultos, temos total direito de decidir a nossa vida e agora... bom... agora eu tenho que cuidar da minha família. Dos meus filhos.

— Admiro isso em você. É só que... eu fiquei com medo.

— Medo de quê? — Ela olhou na minha direção e eu me encolhi. — Sabe de algo que não sei, Dulce?

— Sei? — Encarei Alexandra de volta. Ela que resolvesse seus problemas sozinha.

— Sua mãe sabe, então pensei que ela pudesse ter dito algo a você.

— Alexandra, seja lá qual o seu problema, não acho que minha familia ou eu teríamos algo a ver com isso. Enfim... acredito que não seja bem isso que tenha feito você atravessar o mundo, estou certa?

— Sim.

Christopher siktou um suspiro impaciente e o modo como me olhou não foi nada legal. — Por que não leva sua mãe para conhecer seus filhos, Uckermann?

— É uma boa ideia.

— Mas...

— Eu posso ficar alguns minutos sozinha, além do mais, logo vai vir alguém trazer comida pra mim.

— Ok! Eu volto logo.

— Trafa notícias dos meus bebês. — Depositei um beijo na mão dele. — E aproveitem para conversar. Sozinhos.

Demorou um tempo até trazerem a comida, e quando veio eu comi com tanta rapidez que me deu um pouco de azia. Eu estava faminta e não medi esforços na hora de por toda aquela comida sem sal para dentro, e mesmo empanturrada, senti falta da comida deliciosa que Christopher sempre fazia pra mim.

Tomei toda a água que tinha ao lado da minha maca tentando fazer a azia parar, mas nada adiantava. Tentei me encolher, mas o corte em minha barriga doeu. Ok! Eu queria ter tido um parto normal, pelo menos a dor já teria passado, mas com quatro cabeças dentro de mim, não teria força que aguentasse colocá-los para fora.

— Voltei.

— Ann, oi... — Olhei para Christopher que parecia um pouco irritado.

— Você sabia? — Assenti, enquanto pressionava a região mais alta da minha barriga. — Por que não me contou?

— Ela me odeia justamente por que eu poderia contar, Christopher. Acha que eu tinha algum direito de contar a você?

— Talvez. — Ele passou a mão pelo rosto. — É por isso que eles se divorciaram. Meu pai descobriu tudo e ela preferiu viver longe a ter que deixar meu irmão crescer em um ambiente totalmente frio.

— Mas ele continua tratando ele como filho, né? Não vi diferença alguma.

— Ele é um bom homem. Divorciar foi decisão completamente da minha mãe, ele não queria. — Ele deu uma risada fraca.

— E como ela reagiu? — Fechei meus olhos. A comida realmente não tinha me caído nada bem, e eu estava prestes a vomitá-la.

— Ficou toda boba com eles. Você tá bem?

— Eu acho que vou vomitar. Comi demais.

— Ok! Espera, vou pegar... — Tarde demais. Sentei-me rapidamente na maca e me curvei para o lado, vomitando parte do que tinha comido no chão e nos pés dele. — Droga, Dulce!

Ele ficou ma dúvida entre se afastar ou me segurar, mas optou pela segunda opção. Depois de farantir que eu não vomitaria mais nada, ele me fez deitar novamente.

— Melhor?

— Sim, mas agora quero água. — Então ele virou para pegar e depois me olhou. — Que é? Tava queimando meu estômago, eu tomei tudo.

— Ok! Fica aí, vou dar um jeito nisso.

— Como se eu pudesse ir a algum lugar estando toda costurada. — Revirei os olhos. — Não esquece minha água.

[REVISÃO] Inevitável - RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora