In a Song | Harry Styles

Capítulo 26

Cheguei ao estúdio no horário marcado e Harry foi para a gravadora, e quando entrei as meninas já estavam lá passando o som. Quando fui falar com elas, imediatamente me bombardearam de perguntas como "onde você estava ontem?" ou então "você nos deve explicações". Foi engraçado, eu me embolei toda na hora de falar e quando finalmente as palavras saíram da minha boca, elas começaram a gritar como se eu tivesse ganho um Oscar.

- Você vai nos contar todos os detalhes depois! – Leticia berrou.

- Ah tá, você espera que eu vá descrever o que aconteceu pra vocês? Nem em sonho! – Dei risada, que cena mais constrangedora. – Agora calem a boca, antes que as pessoas comecem a pensar merda.

Apesar de o astral estar bom no ensaio de hoje, Maira continuou distante de nós como foi no primeiro ensaio, e como vinha sendo há dias. Ela estava definitivamente estranha, e eu não tinha dúvidas de que algo estava acontecendo e ela não queria nos contar. A questão é: o que será que pode ser tão secreto, a ponto de ela não confiar nem nas melhores amigas para contar?

Acabamos o ensaio por volta das cinco da tarde, e as garotas foram tomar um café com os dançarinos da apresentação no Starbucks do outro lado da rua. Eu estava um pouco cansada e então decidi ir para casa. Passei um bom tempo no meu quarto fuçando no Twitter e respondendo algumas mentions e perguntas de fãs. Saí de lá só depois de algumas horas, com fome.

Como sabia que as garotas haviam saído, nem me preocupei em procurar por algum sinal de vida, mas antes de descer a escada ouvi um barulho vindo do segundo quarto do corredor. Era do quarto da Maira. Chamei pelo seu nome, mas ela não respondeu. Dei meia volta e entrei lá, observando seus pôsteres do Paramore colados na parede juntamente com os de outras bandas que ela tanto amava. Não havia ninguém lá dentro.

Quando já estava de saída, avistei em cima de sua escrivaninha o seu caderno de composições. Maira é uma garota cheia de sentimentos, e gosta muito de expressá-los em músicas e desenhos, que também fazem companhia a seus pôsteres colados na parede. Ela usa este caderno como uma espécie de diário, e escreve sobre tudo o que sente nele. Relutei em abri-lo, pois não sou do tipo que é curiosa, mas parei para pensar por outro lado: se havia algo de tão sério acontecendo a ponto de fazê-la mudar completamente de personalidade, com certeza ela escreveria ali.

Era minha única forma de descobrir o que realmente estava acontecendo com ela. Não pensei duas vezes, sentei-me em sua cama e comecei a folhear o pequeno caderninho lilás.

A cada palavra que eu lia, ficava mais surpresa: era uma mistura de tristeza e raiva, rancor e incompreensão, que resultavam em músicas extensas e carregadas de emoções ruins. Há meses Maira estava triste, infeliz, sentindo saudade de casa e dos amigos e questionava-se se havia sido ou não uma boa ideia ter se inscrito para o The X-Factor.

A primeira música de seu caderno falava sobre coisas das quais ela se arrependia. Ela não tinha nome, e contava a história de uma garota que se perdeu no caminho entre o certo e o errado. Havia também um garoto envolvido na história, o qual ela perdeu por alguma razão não especificada.

A segunda música era intitulada "Just Another Sad Song" e falava sobre alguém que fez todas as escolhas erradas. O eu-lírico sentia saudades de casa, do clima frio da sua cidade natal e de passar mais tempo com as pessoas que ama. Ela criticava as pessoas que estavam a sua volta, como se ninguém realmente a conhecesse ou pudesse entendê-la.

A terceira música se chamava "Gloomy Sunday", algo semelhante a "Domingo Sombrio". Essa foi a música que mais me preocupou, pois Gloomy Sunday é o nome da música conhecida como "música dos suicidas", a música mais triste do mundo, a qual, inclusive, ela fez uma referência. Esta canção falava sobre se sentir presa e controlada, sobre não ter poder de opinião sobre si mesma e sobre coisas que ela estava sendo obrigada a fazer. Segundo ela, talvez a única solução fosse fazer algo que ela jamais pensou em fazer.