Capítulo 30

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Os dias foram passando e o furor que havia se instalado pela internet, pela mídia e pela boca de todos aqueles que tem o mínimo de contato com o mundo das celebridades foi passando. Eu não estava mais na página principal do E! News, meu Twitter foi se esvaziando e voltou ao fluxo normal de ódio gratuito, e parecia que tudo tinha voltado ao normal. Mas isso não fez com que tudo aquilo se apagasse da minha memória.

Harry vinha me ligando todos os dias desde o que aconteceu, e parecia nunca estar ocupado demais pra isso, mesmo que ele estivesse trabalhando horrores no novo CD com os meninos. As garotas estavam me dando todo o apoio possível, sempre tentando me animar e nunca me deixando sozinha, me impedindo de raciocinar mais sobre o assunto. Já fazia quase duas semanas, e eu me sentia relativamente melhor.

Apesar disso, voltei a ter o péssimo hábito de visitar o meu Twitter diariamente. Quando nós saímos em turnê com os garotos eu havia parado de visitar tanto as redes sociais, mas de uns tempos pra cá isso voltou a fazer parte da minha rotina. Eu não conseguia ficar sem visitá-lo, a curiosidade de saber sobre o que estavam falando de mim estava sempre me atormentando. Acho que eu tinha medo que as mensagens voltassem com toda força como no dia da garrafada, e precisava verificar todo dia para ter certeza de que não estava acontecendo.

Desde o incidente da garrafa as mensagens haviam diminuído, mas elas nunca desapareciam. Lê-las havia se tornado algo automático, um hábito, quase tão comum quanto tomar banho. Mas ver aquelas coisas com frequência não fez com que eu criasse imunidade a elas. Os xingamentos continuavam me afetando, a única diferença é que era com mais intensidade e mais silenciosamente.

Estávamos em Nova York, a caminho de uma entrevista para o New York Times.

- Meu Deus, garota, você não sai desse celular! – Valentina resmungou entrando na van. – Larga isso. – Ela disse tomando da minha mão.

- Me devolve – Protestei, mas pareceu não adiantar. Ela começou a ler minhas mensagens.

- Por que fica lendo essas merdas? – Ela disse ainda olhando para a tela.

- Porque são minhas postagens e eu gosto de lê-las. – Falei tentando tomar da mão dela.

- Que tipo de pessoa gosta de ler essas coisas sobre si mesma?

Eu já estava ficando aborrecida. Apenas fiquei em silêncio.

- Por acaso isso aqui faz bem pra você? – Ela disse autoritária, parecia minha mãe falando. Continuei quieta. – Eu não nasci ontem, Má – Falou agora num tom preocupado. – Faz dias que você fica ai grudada na internet lendo essas besteiras.

- Valen, eu estou bem, sério. – Falei, finalmente recuperando meu celular.

- A Valen tem razão, Má – Mai se intrometeu na conversa. – Você está viciada nesses tweets, e não é bom você ficar lendo essas coisas.

- Eu lendo ou não elas continuam lá. Do que vai adiantar eu ignorá-las? – Respondi.

- Você não vai sofrer. – Disse Maira. – As meninas que te mandam essas coisas querem te atingir, e você está deixando. Querem que se sinta inferior. Uma coisa que você não é.

- Você está ficando cega com esses comentários. Acha que a gente não percebeu a sua autoestima baixa?

- Eu não estou com a autoestima baixa.

- Está sim, mas você não percebe. Você leu tanto uma coisa que está começando a achar que é verdade, que você é assim mesmo. Você tem estado indiferente quanto as suas roupas quando nós saímos para fazer compras, nem opina mais no seu visual pros shows... Tem algo acontecendo com você.

In a Song | Harry StylesOnde histórias criam vida. Descubra agora