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Daniele

Naquela hora em que ela falou da minha mãe não aguentei, Beatriz não sabe o que aconteceu pra ta falando alguma coisa.

Flashback on.

Há alguns anos atrás minha mãe estava muito mal e não tava podendo trabalhar eu não sabia o que fazer, meu pai tinha morrido, na mesma invasão que a mãe do Zezinho morreu.

Não fui muito aberta pra conversar, as únicas pessoas que me sentia em liberdade pra conversar certos tipos de assuntos era a tia Nanda mãe do Zezinho e Maju, elas já me ajudaram muito com tudo e pedir ajuda com isso que a gente tá passando sentia que tava abusando da boa vontade delas.

Já tava cansada de ver minha mãe mal e não poder fazer nada, com a idade que eu tinha não dava pra trabalhar em nada. Me machucava ver a mesma daquele jeito, tinha medo de acontecer o pior e perder a mesma.

Então um dia minha mãe tava dormindo, observei a mesma dormir pra ver se piorava, graças a Deus minha mãe dormiu bem. Tentei dormir e não consegui, fui caminhar de madrugada meu pai fazia muito isso, virou costume sempre ia com o mesmo quase todas as vezes me sentei na calçada olhando a favela.

Muitos conhecem a favela pelo o que falam na televisão, algumas são sim de fato verdade, já outras não! Televisão só mostra a parte negra da comunidade, muitos julgam quem mora aqui mas nem todos são pessoas ruim, aqui tem beleza só basta olhar com outros olhos, mais tem suas vantagens e desvantagens morar em um lugar assim.

Sou afastada dos meus pensamentos com alguém tocando meu ombro me fazendo assustar. Suavizo minha expressão ao ver DM sentar ao meu lado.

DM: Tá fazendo o que essa hora fora de casa? Virou zumbi.- reviro os olhos.

Daniele: Não tava conseguindo dormir.- disse.

DM: Aconteceu alguma coisa contigo?- olhei pra o mesmo.

Daniele: Por que? Ta preocupado agora?- DM passa a mão no rosto.

DM: Eu sempre vou me preocupar com tu porra, tu sabe Daniele.

Daniele: Uhum.

DM: Tu nunca perde o sono, quando perde já sabe que aconteceu alguma coisa.- suspirei.

Daniele: Besteira, só algumas problemas.- não queria falar com ninguém sobre isso muito menos com ele.

DM: Fala ai o que tá pegando? Sabe que eu te ajudo.

Daniele: Nada Douglas, sério mesmo!- o mesmo arqueia a sobrancelha.

DM: Fala logo Daniele, tá de caô pro meu lado agora?

Daniele: A minha mãe tá meio doente e não pode ir trabalhar e eu não sei o que fazer pra ajudar ela.- disse.

DM: Mais tarde venho aqui e a gente vai pro postinho levar a tia Rosa.

Daniele: Sério Douglas, não precisa.- nego.

DM: Claro que precisa pô, quero ver vocês bem, sempre que precisar de ajuda em qualquer coisa que seja, me fala.- abracei o mesmo que retribuiu.

Daniele: Tenho medo de ser uma coisa grave e perder ela.- disse sentindo as lágrimas descendo.

DM: Ela vai ficar bem, só não pensa coisa ruim.- disse passando a mão no meu cabelo.- desiste da coroa assim não, Rosa tem o santo forte.

Daniele: Obrigada.- abaixo a cabeça colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha.

DM: Prometi pro teu pai que ia cuidar de você e da tia Rosa, agora vai pra casa e cuida da sua mãe.- me soltou fitando meus olhos.

Olho para seus lábios aproximando os mesmos.

DM se levantou e foi embora, suspiro voltando para casa.

Flashback off.

Chego no alto do morro, me sento na grama e fico pensando. Alguém senta ao meu lado, sabia bem quem era.

DM: Reprise de anos atrás.- disse com um sorriso de lado.- já me resolvi com a Beatriz, não ia deixar ela falar de você e da tia Rosa.

Daniele: Todo mundo ficou me julgando por você ter ajudado a minha mãe, as pessoas comentam muita coisa que não sabe Douglas. Escutei pessoas dizendo que as vezes que fiquei com você foi pra pagar a ajuda, ninguém nunca entende, sempre julga antes de saber.

DM: Ei.- segura meu rosto me fazendo olhar para o mesmo.- dês de quando tu liga pro comentário dos outros, deixa eles falaram o importante é que a tia Rosa tá bem, ninguém paga tuas coisas não Dani pra ta falando alguma merda, tu sabe que sempre vai ter um filha da puta pra falar porra.- disse olhando nos meus olhos.

Meus olhos estavam fixos nos seus, desço meu olhar para seus lábios. Me aproximo fechando os olhos, iniciamos um beijo calmo.

O toque do Douglas me fazia vibrar e ao mesmo tempo me acalmava, me sentia segura, me sentia a pessoa mais especial do mundo. Douglas tinha esse poder sobre mim.

Paramos o beijo com selinhos, um sorriso bobo se forma em meus lábios.

A verdade é que ninguém vai te entender, até passar pela mesma situação.

Amor com Traficante(Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora