Acordo o meu pequeno com muitos miminhos. Hoje era sábado por isso tínhamos o dia todo só para nós. Dou-lhe banhinho e depois visto-o. Descemos até à cozinha. Fiz o pequeno-almoço para os dois. O programa de hoje era irmos até à quinta dos primos Barata onde toda a sua família, e os meus pais, se encontravam para termos todos um almoço de família.
EU: Simão, olha a mamã. Não mexas nisso! – digo vendo-o a querer pegar num prato que estava em cima da mesa.
Corro até ele para lhe tirar o prato antes que acontecesse algo. Meto-o preso no carrinho enquanto eu acabara de lhe meter a sopinha na marmita para levar para o almoço. Arrumo as coisas na sua mala. Meto a mesma e o carrinho no meu carro. Prendo-o na sua cadeirinha. Entro no carro e seguimos viagem até à quinta.
Chegámos. Com a ajuda do Afonso tiro tudo do carro.
EU: Obrigada Afonso! – sorrio.
AFONSO: Não tens de quê cunha… Ana! – num instante se corrige.
Finjo não ouvir. Tiro a sua malinha e o seu carrinho do meu carro.
AFONSO: Tens-te portado bem? – mete-se com o sobrinho.
Entrámos em casa e fomos logo recebidos pelos donos da mesma. Cumprimentámos todos e fui logo para a cozinha ajudar enquanto que o Afonso brincava com o meu filho.
ANABELA: Ele tem-se portado bem?
EU: Sim. Só entra mais em euforia quando acorda da sesta mas de resto não me posso queixar. É uma criança calma! – sorrio orgulhosa do meu menino.
ANABELA: Lá nisso não sai ao pai…mas bem, vamos almoçar que os nossos estômagos não têm culpa! – muda completamente de assunto.
Sentámo-nos todos na mesa e começámos a comer. Ouvia-se conversas aleatórias por toda a parte. O Simão fazia birra porque não queria comer a sopa. O soninho já estava a apertar. O Afonso tentava fazer o avião mas nem isso estava a resultar.
MÃE: Tenta dar-lhe a sopa depois da sesta!
EU: Mas eu não queria que ele dormisse de barriga vazia!
MÃE: Descansa que ele em tendo fome desperta logo! – gargalha.
Arrumo então a sua sopinha. Vou até às sala de estar e deixo-o dormir. Volto para a sala de jantar e começo então a almoçar.
AFONSO: Olha, estou a pensar ir ao ginásio onde o Vasco trabalha!
EU: A serio? Acho que fazes muito bem porque essa gordura… - gozo.
AFONSO: Olha minha querida, eu não sou gordo! – diz com uma voz afeminada que fez com o seu tio goza-se com ele.
O almoço tinha decorrido. Arrumámos a mesa e todos contribuímos na arrumação. O Simão dormia serenamente. Parecia que não dormia à séculos. Por momentos fico vidrada na beleza do meu filho. Caramba que é tal e qual as feições do pai. Lábios carnudinhos, olhos grandes e nariz perfeito. Resumindo, todo ele era perfeito.
Ai André, porque fizeste isto…
Já se fazia tarde. Eram cerca de 16h40 quando acabo por dar a sopa ao Simão. Lavo a sua tigelinha e colher. Limpo a mesma e ao entrar na sala tudo o que tinha na mão cai ao chão…
Fazia anos que não via. Sempre que ele falava com o filho era por via skype com o Afonso. Eu nunca apareci nem tinha intenções de o ver…até hoje.
Ele estava a olhar para todos nós com uma mochila nas costas e outra na mão.AFONSO: Que estás aqui a fazer? – diz com amargura.
ANDRÉ: Voltei para o meu país!
ANABELA: E porque não avisaste?
ANDRÉ: Porque queria fazer uma surpresa e como hoje é sábado calculei que estivessem aqui todos!
AFONSO: Bela pontaria! – diz baixo mas eu ouço-o.
Sem dizer uma única palavra pego na tigela e na colher. Meto as coisas na malinha do meu filho. Ele olhava para o pai. Provavelmente estava a reconhecê-lo.
ANDRÉ: Ana… - toda eu estremeço.
Ignoro-o. Pego na mala e no meu menino. Despeço-me de todos, menos dele, e saio até ao meu carro. Por momentos pensei que ele me seguisse mas felizmente não o fez.
MÃE: Tem calma filha. Ninguém sabia que ele vinha!
EU: Eu sei mãe. Não te preocupes que eu estou bem!
MÃE: Claro que não estás filha!
EU: Mas vou ficar! – fecho a porta de trás do carro – Adeus mãe! – beijo-lhe a bochecha.
Ia para entrar no carro quando o ouço.
ANDRÉ: Ana, espera! – pára de correr. – Deixa-me só dar um beijo ao meu filho!
Fico reticente ao seu pedido mas eu não podia negar. Ele também era pai dele. Ele fala com o Simão.
ANDRÉ: Agora vou poder brincar mais vezes contigo meu amor! – beija-lhe a testa. – Sempre!!
Ele fecha a porta do carro. Olha para mim.
ANDRÉ: Obrigada por teres deixado!
Mais uma vez ignoro-o. Entro no carro e conduzo até minha casa.
////
EU: Mas ele pensa que é quem para chegar assim? – digo enervada de um lado para o outro.
VASCO: Ele merecia uma avisozinho! – diz apertando os punhos.
EU: Esquece isso Vasco. Também não quero porrada! – sento-me ao seu lado no sofá. – Que raiva. Passei anos a ignorá-lo para depois chegar assim!
VASCO: Tu ainda sentes alguma coisa por ele?
EU: Sim, ódio! – digo bastante enervada.
VASCO: Ele agora vai querer passar muito mais tempo com o filho!
EU: Pois eu sei…. mas vamos parar de falar sobre mim. Que se passou entre ti e a Rita?
VASCO: Sabes, acho que chegámos à conclusão que não estamos bem um para o outro!
EU: Como assim?
VASCO: Nós somos muito diferentes. Não nos completamos!
EU: Mas vocês já estão juntos há 3 anos!
VASCO: Metade dos anos foi em brigas. Isto não é saudável para nós!
EU: Eu compreendo vasquinho. Se calhar o melhor é mesmo ficarem separados!
VASCO: Yha! – bufa.
EU: Ficas para jantar certo? – levanto-me do sofá.
VASCO: Não quero incomodar!
EU: Então ficas mesmo! – gargalho.
Enquanto eu fazia o jantar, o Vasco brincava na sala com o Simão.
...