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#ANDRE

Hoje acordo mais cedo que o habitual. Como é sábado decido então tentar falar com a Ana para poder passar o dia com o Simão.

ANA: Estou? Quem fala? - diz com a voz ensonada.

EU: Bom dia Ana. Sou eu o André!

ANA: Que queres? Como tens o meu número? - exalta-se.

EU: Calma. Só quero saber se posso passar o dia com o Simão!

ANA: Não sei se é boa ideia!

EU: Porquê? Que eu saiba sou o pai dele e quero passar o máximo de tempo com ele!

ANA: Que horas o queres vir buscar? - diz sem paciência.

EU: Pode ser por volta das 10h?

ANA: Pode!

EU: Obrigada. Sendo assim até logo!

ANA: Adeus! - desliga o telemóvel.

Respiro fundo e bloqueio o telemóvel. Faço as minhas higienes e desço até à cozinha.

PAI: Bom dia filho. Já a pé? - diz bebendo um gole de café.

EU: Sim. Estou a preparar-me para passar o dia com o meu filho! - sorrio orgulhoso.

PAI: O Simão vem? - diz contente.

EU: Sim!

PAI: E a Ana deixou? - diz com ar desconfiado.

EU: Claro. Porque não haveria de deixar?

PAI: A sério que perguntas isso filho? Todos sabemos que a Ana não te pode ver à frente!

EU: Eu sei pai mas eu vou fazer com que isso mude o mais rápido possível!

Acabo de tomar o pequeno almoço e vou até à casa de banho para lavar os dentes. Depois de lavados pego nas chaves do carro e na carteira e saio de casa. Faltavam 5 minutos para as 10h. Estaciono o meu carro à porta de casa da Ana. Saio do mesmo e toco à campainha.

FELIPE: André? Por aqui? - diz assim que abre a porta e me encara.

ANDRÉ: Felipe? - digo sem estar à espera de o encontrar ali.

ANA: Obrigada por teres aberto a porta Felipe! - aparece por detrás do brasileiro. - Entra!

Entro em casa ainda sem reação. Porque o Felipe está aqui em casa da Ana? Que cena se está a passar aqui?

ANA: Tens tudo o que é preciso aqui na mala! - passar-me a mala do Simão.

EU: Que horas queres que o traga?

ANA: Convinha ser antes das 20h!

EU: Tudo bem!

Após isto aparece o Felipe com o Simão ao colo. Pego no meu pequeno e dou lhe uma carrada de beijos em toda a sua face.

Ana despede-se do filho como se nunca mais o fosse ver. Dava para ver que ela era mesmo uma mãe galinha e isso orgulha-me. Orgulha-me saber que ela é a mulher que toma tão bem conta do meu menino.

ANA: Por favor tem cuidado! - diz séria após no acompanhar até ao exterior da casa.

EU: Eu sei como tomar conta do meu filho! - prendo o pequeno à cadeira.

ANA: Não sei não. Raramente estavas com ele. A não ser que a loira tenha sido emprenhada e a tenhas ajudado com o bebé! - dá um sorriso cínico.

EU: Ana, eu não quero discutir! - fecho a porta de trás.

ANA: Ótimo. Eu também não! - sorri falsamente.

EU: Até logo!

ANA: Cuida bem dele!

Entro no carro e sigo viagem até à minha casa.

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AFONSO: Sabes que ela vai seguir com a sua vida em frente! - senta-se no chão à minha frente enquanto o Simão brincava com uns Legos.

EU: Eu sei Afonso mas o Felipe… - passo a mão pelo cabelo. - Eu tenho de a voltar a conquistar. Pelo nosso filho porra!

AFONSO: Não te fies nisso André. A Ana vai muito pela sua cabeça e não pela dos outros. Não te esqueças que a merda que tu fizeste foi vista pelos próprios olhos dela!

EU: Eu sei. Não me faças lembrar sempre isso! - grito o que faz o Simão virar a sua atenção para mim com medo. - Está tudo bem meu amor. O papá não fez por mal! - beijo a sua bochecha.

MÃE: Meninos, para a mesa! - grita da cozinha.

#ANA

Batia freneticamente com o garfo na mesa e mantinha o meu olhar fixo no nada.

FELIPE: Amor, não podes andar assim. O menino está bem!

EU: Ele está com o André. Não pode estar bem! - quase que grito.

FELIPE: Ana, ele está com os avós também. Não está só com ele!

EU: Não Felipe! - levanto-me. - Percebe de uma vez por todas que não é por eu e o André termos um filho em comum que vamos ser amigos! - digo raivosa.

FELIPE: Mas eu não disse isso. Apenas não podes andar assim sempre que o vês ou falas com ele. Ele agora vai querer passar mais tempo com o filho. É normal!

EU: Eu sei que ele vai querer passar mais tempo com o filho! - grito nervosamente. - Tu falas porque não sofreste o que eu sofri! - as lágrimas correm-me pela cara. - Veres o teu marido na cama com outra é demais!

FELIPE: Eu…eu não consigo imaginar a tua dor Ana mas compreendo que seja mesmo muito difícil! - levanta-se e vem até mim agarrando-me nos braços. - Mas eu estou contigo e não vou deixar que ele te ponha neste estado! - limpo as suas lágrimas e beijo-lhe a testa.

EU: Ele só não tinha que aparecer… - encosto a minha cabeça no seu peito e choro mais uma vez.

Ele apenas abraça-me fortemente e beija a minha cabeça.

FELIPE: Tudo vai passar!

O peso da consequência ❇Onde histórias criam vida. Descubra agora