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#ANDRÉ

Pego na minha carteira e nas chaves do carro e saio de casa. Conduzo ao som da radio RFM.

I found peace in your violence
Can't tell me there's no point in trying
I'm at one, and I've been quit for too long
I found piece in your violence
Can't tell me there's no point in traying
I'm at one, and I've been silent for too long.

Dou um murro no volante devido à minha raiva e furia. Eu sou um merdas crlh.
Estaciono o carro em frente da porta da casa de Ana. Respiro fundo e saio do mesmo. Toco à campainha e logo de imediato a porta é aberta por Felipe.

FELIPE: Ah..olá André. Entra! - dá espaço para eu entrar.

EU: Eu não quero entrar. Só quero o meu filho! - digo sério e autoritário.

FELIPE: Tu é que sabes! - vai-se embora deixando-me sozinho na porta de casa.

SIMÃO: Papá!!! - levanta os bracinhos para vir ao meu colo. Automáticamente sorrio.

EU: Olá meu amor! - pego-lhe ao colo.

ANA: Ele é para almoçar ás 13h00! - passa a malinha dele para a minha mão disponível.

EU: Ok!

Ela despede-se do nosso filho. Prendo-o na sua cadeirinha e sigo viagem até à praia.

EU: Gostas de futebol? - olho para ele pelo retrovisor.

SIMÃO: Sim!

EU: Então vamos jogar um bocado!

Estaciono o carro. Tiro o meu menino da cadeira e caminho com ele num braço e com a bola de futebol debaixo do outro braço. Corro com ele pelo areal. Ele corria com as suas pequenas pernas e caia sempre devido ao terreno arenoso.
Fizemos duas linhas na areia para marcar as balizas.

Obviamente que eu o deixava marcar todos os golos. Ambos estávamos cansados de tanto correr. Havia pessoas ao longe a observar-nos. Após reparar que a praia estava a encher-se de pessoas, pego no meu menino e na bola e sigo viagem para casa.

MÃE: Olha só se não é o meu amor mais lindo! - pega nele e dá-lhe muitos beijos pela face.

EU: Ahaha eu vou só tomar um banho rápido. Volto já!

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AFONSO: Como ela falou contigo hoje?

EU: Rude como sempre!

AFONSO: Habitua-te porque ela vai falar contigo sempre assim!

EU: Eu dava tudo para a voltar a ter...

AFONSO: Esquece. O passado não volta!

EU: Já não há mesmo volta a dar para eu a ter de volta pois não? - digo com desilusão na voz.

AFONSO: Lamento dizer-te mano mas eu acredito que nada do que possas fazer te a vai trazer de volta... - diz desiludido.

O Simão dormia serenamente ao meu lado na cama. Passava ao de leve com o meu polegar pela sua face. Este pequeno ser era a única coisa que nos podia voltar a juntar mas estou a ver que nem isso a comove. Ela sofreu. Sofreu muito mais do que eu sofro agora. Ela aguentou com isto tudo sozinha enquanto eu estava em Itália a fazer merda.

Caí em mim quando assinei o papel do divórcio. Foi nesse momento que um enorme mal estar se apoderou de mim até hoje. 3 anos com esta dor no peito que por mais que eu tente nunca vai embora.
Acabo por me deixar dormir com os olhos molhados.

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EU: O papá promete que te vem buscar mais dias! - beijo a testa do meu menino.

Toco à campainha da casa da Ana. Ela estava apenas com um robe vestido e uma toalha na cabeça. Assim que ela encara o nosso menino pega-lhe logo ao colo e beija-lhe a face toda.

ANA: Já tinha saudades tuas meu amor! - o pequeno ria. - Obrigada! - olha para mim.

EU: Não tens de quê! - sorrio sem jeito.

ANA: Queres entrar para tomar alguma coisa?

EU: Ahh...não obrigada! - digo sem estar à espera.

Despeço-me mais uma vez do meu filho.

EU: Achas que o posso vir buscar mais vezes? - coço a nuca.

ANA: Por mim tudo bem. Quando quiseres é so ligares! - diz séria mas simpaticamente.

EU: Obrigada! - sorrio fraco.

Entro no carro e abalo com as lágrimas nos olhos. Até quando vou sofrer com isto? Até quando vou ter de me lembrar da merda de pessoa que fui?

O peso da consequência ❇Onde histórias criam vida. Descubra agora