Apaixonado

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Nota mental: estar com Regina era esquecer que o mundo existia e encarar isso com um sorriso no rosto. Aquela morena de olhos castanhos é poderosa demais e o agravante é que ela nem sequer sabe. Seu encanto está no seu humor carregado de acidez, sua gargalhada eletrizante, sua voz grave que levanta todos os pelos do meu braço quando sua boca pronuncia meu nome.

Boca. Aquela boca marcada pela cicatriz é meu ponto fraco, todo tempo naquele quarto, eu lutei contra meus instintos para não deixar meus olhos caírem sob aquele ponto específico ou pior, não ceder aos meus desejos mais profundos e cobrir aqueles tentadores lábios com os meus.

Durante aquela tarde, conversamos, rimos, nos provocamos e desabafamos. Havia uma estranha conexão entre nós dois, não parecíamos duas pessoas que haviam se conhecido de maneira tortuosa e agora conviviam sob o mesmo teto, definitivamente não. Regina e eu tínhamos a confiança e tranquilidade para falar sobre qualquer tipo de assunto, do mais bobo ao mais dolorido. Em seus olhos, além de paz, eu via compreensão e nunca julgamento, e sinto que era recíproco.

Regina Mills era o meu fim e começo, tenho certeza. Quanto mais a conhecia, mais a admirava, mais me complicava.

Os raios solares começando a embrandecer chamaram minha atenção para a janela e foi quando percebi que estávamos atrasados. Levantei de rompante da cama, a assustando e fazendo formar uma expressão confusa em seu lindo rosto.

— O que foi, Robin?

— Vem, eu preciso te levar em um lugar. — Tentei soar o mais sério possível.

— O quê? Onde?

— Você vai ver quando chegar lá. — Abaixei meu tronco, pronto para segura-la em meus braços novamente, e perguntei sussurrando com o rosto próximo ao seu. — Confia em mim? — Ela ofegou olhando para minha boca e concordou.

A tomei em meus braços e sorri satisfeito. Não há nada melhor do que segurar Regina contra meu corpo, sentir seu cheiro, o calor que emana de si e ainda ter seus olhos em uma conexão ininterrupta com os meus.

Descemos a escada em silêncio, palavra alguma poderia se encaixar naquela situação. Meu maior medo era falar e estragar a magia, ou pior, fazer desmanchar o importuno sorriso que ornamentava nossos rostos, um sorriso que era impossível de ser desfeito. Em seus olhos, eu via que o sentimento eclodido em meu peito também estava presente nela. Pensar que aquilo era uma loucura ou alucinação da minha mente perturbada não era mais concebível, a conexão que me unia a Regina era forte o suficiente para ser palpável, por nós dois. Creio que o pulsar do coração da morena em meus braços, assim como o meu, batia em um ritmo diferente, como uma melodia lenta e doce, orquestrada pela primeira vez. Uma música única, apenas nossa.

Eu estava ferrado e feliz demais por isso.

Sorrindo, desci o último degrau e em seguida caminhei rumo à porta de entrada, ignorando completamente a revoltante cadeira de rodas que a separaria de mim.

— Robin, a cadeira. — Regina alertava inocente como se eu não tivesse visto o objeto no canto da sala.

— Ela vai acabar sendo um problema aonde vamos, acredite.

— Desse jeito, vou começar a pensar que você está me sequestrando. — Sorriu passando a mão pela delicada região entre o pescoço e meu cabelo, fazendo um carinho ali. Céus, Regina.

Seu ato inocente ou não, premeditado ou não, percebido ou não, fez meu corpo se deliciar com aquela carícia e por um segundo quase me rendi na luta contra meus impulsos. Forcei meus olhos a permanecerem abertos, atentos ao caminho, mas não pude fazer nada com a minha respiração pesada e um pouco ofegante.

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