Amando Outra Pessoa

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Fugir. Refazer os passos daquele menino que sofria pela perda do primeiro amor e deixar essa cidade para trás, essa opção nunca foi tão tentadora. A certeza de um amor não correspondido, perceber que tudo não se passou de um sonho e imaginar que a veria em um futuro próximo vestida de branco pronta para dizer "sim, aceito" ao meu irmão era estarrecedor.

Amar Regina era dolorido.

Depois de anos vivendo o luto, o meu coração escolheu amar justamente quem não deveria. Com Marian pelo menos, eu consegui viver feliz ao seu lado antes de tudo ruir, mas esta era uma possibilidade nula com a morena. Não seria eu quem veria seu primeiro sorriso no amanhecer, não seria eu quem ganharia seus beijos e seus carinhos, não seria eu quem teria a honra de segurar em suas mãos, não seria eu com quem ela compartilharia a vida. Meu anjo já havia escolhido e eu soube sua decisão tarde demais, meu coração já era dela.

Maldição.

Desci as escadas com certa rapidez, eu sabia que elas estavam reunidas na mesa para o jantar e como fiz doze anos atrás, eu teria que guardar todo o sofrimento e não deixar transparece-lo. Foi mais difícil do que eu imaginava.

Assim que pus os pés no lugar, os olhos brilhantes de Regina e seu doce sorriso foram ao meu encontro, porém, não ficaram presentes por muito tempo. Senti o olhar da morena me analisar por completo e sua testa franzir, ela estava confusa e também parecia um pouco brava, o que passou a ser fúria logo após tudo que foi falado por Emma. Se eu não soubesse do seu amor por Daniel, poderia jurar que ela estava com ciúmes. Abstrai aquela ilusão, já bastava todas as outras criadas por minha mente apaixonada.

Inferno de amor.

Saí de casa sem olhar para trás e com pressa dirigi pelas ruas de Storybrooke. Minha mente estava em batalha com o meu coração, um contradizendo o outro em uma luta da razão com os sentimentos, onde o único ferido no fim seria eu. Precisava da única pessoa que poderia me dar uma luz ou simplesmente me ouvir. Tinker foi meu ponto de sustento quando Marian morreu, esteve ao meu lado quando pensei que o mundo fosse desaparecer sob meus pés, e além de mim e Daniel, era a única que também sabia da verdade, bom, partes desta ao menos.

Naquele momento que fui traído por meu coração, ela era a única que poderia me ajudar.

Estacionei na frente da pequena casa amarela, passei pelo imenso jardim florido e finalmente cheguei até a porta de entrada. O capacho com os dizeres "oh no, not you again", era a total prova de que eu estava no lugar certo. O humor negro da loirinha sempre me divertiu.

Uma. Duas. Três. Quatro batidas e a porta finalmente é aberta, revelando uma mulher de cabelos castanhos longos completamente bagunçados e cobertos por algo branco parecido com farinha de trigo. Confuso e segurando o riso, olhei a figura da minha prima tentando limpar as mãos na roupa, o que era inútil, o tecido estava tão ou mais sujo que o resto de seu corpo.

― Droga, Robin, não ri de mim.

Bastou sua fala para acontecer justamente o contrário, minha gargalhada explodiu ali na porta de entrada, ecoando pelos corredores da casa amarela e também no jardim.

― Perdão, Ruby, mas o que aconteceu?

Passei por ela e entrei na casa ainda tentando conter o riso, mas foi tudo a baixo quando notei a bagunça que seguia da cozinha até a sala, o mesmo pó que a cobria estava espalhado por todo o chão e moveis. Não apenas havia farinha de trigo por todo o lugar, como também era possível ver e sentir algumas gotas amareladas, do que certamente um dia já foram ovos, escorrendo pelas paredes e pingando do teto.

― Merda. Você nunca vai parar de rir. ― Ela falou fechando a porta e indo em direção ao núcleo do desastre.

― Você estava cozinhando? ― Indaguei já sabendo da resposta, ao que parecia a fama desastrada de Ruby continuava firme e forte.

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