Conforme a distância diminuía, a fortaleza que eu havia aprendido a construir ao meu redor foi sofrendo abalos, o sentimento era como se cada passo dado estremece minha coragem e esperança. A aproximação do inevitável fez o ar escapar completamente de meus pulmões e um pânico crescer e se alastrar por todo o meu corpo, o dominando e espalhando tremores por cada parte minha.
A teoria era mais fácil de ser entendida do que a execução da prática. Ao longo dos dias, o despertar de Daniel começou a representar um momento crucial em minha vida, era o limite entre meu passado com ele e meu futuro com Robin. Eu queria ser livre parar amar, porém, como eu poderia fazer isso sem causar mais transtorno? Como eu poderia encarar os olhos do então meu noivo e afirmar que não podíamos mais ficar juntos porque meu coração já não lhe pertencia? Como eu poderia dar tão duras notícias para alguém que havia acabado de escapar de uma vida vegetativa? Eu poderia viver com essa culpa?
― Você está bem? ― Preocupado, Robin questionou assim que voltei para perto de si. Os olhos azuis que tanto amava estavam mergulhados em angustia e preocupação. Meu amor tentava se manter sereno, mas sua mirada o entregava. Talvez ele estivesse sentindo os meus medos crescendo e ganhando voz em minha mente, ou talvez eram os dele que também gritavam em sua névoa de pensamentos.
Vislumbrar a imensidão azul do meu britânico me fez perceber que havia algo acima da culpa, o amor, o meu amor por ele. A verdade não podia ser esquecida ou ignorada, eu precisava respirar fundo e resgatar minhas forças para lutar por aquele sentimento. Desistir de Robin para não fazer Daniel sofrer era inconcebível e causaria mais dor do que o peso do remorso.
Olhei rumo às suas mãos e as juntei com as minhas, entrelaçando nossos dedos. Meu amor se surpreendeu com o meu ato, seus olhos se arregalaram em descrença por eu estar nos arriscando em público e há poucos passos de seu irmão, porém o julgamento de quem visse não me importava. Eu precisava da força que o amor de Robin me entregava.
Unidos podíamos lutar contra o que fosse, unidos o desespero se esvanecia.
De mãos dadas, nós encaramos a entrada do quarto. Não nos movíamos ou falávamos, apenas mirávamos a superfície branca e lisa buscando respostas ou coragem. Infelizmente, não encontramos nenhuma das duas ali.
Emma, então, nos percebendo paralisados, tomou a iniciativa e lentamente foi abrindo a porta. Meu coração bateu em um ritmo distinto, temeroso e cada vez mais rápido ao passo que a imagem do interior do quarto era relevada. Apertei a mão de Robin contra a minha quando tivemos a visão das três Locksley posicionadas ao redor da cama dele, formando sem intenção, uma barreira de amor e carinho que nos impedia de ver Daniel por completo.
Respirei fundo e agradeci em silêncio. Naquela disposição, meu noivo ficava impossibilitado de ver Robin e eu caminhando ao seu encontro de mãos dadas e assim, adiaria a explicação de uma situação complicada e delicada, até porque desfazer aquele contato não era sequer cogitado. Eu precisava dele, precisava sentir o calor de Robin, precisava senti-lo perto para não desmoronar.
Um passo de cada vez. Pressionei mais uma vez nossas mãos em um clamor de socorro pelo nervosismo e aflição que cresciam e buscavam o controle do meu corpo, Robin não falou nada, mas eu o senti comigo, emocionalmente ao meu lado, quando seu polegar acariciou suavemente minha pele gelada, trazendo de volta a calma para mim
Granny, Ava e Belle estavam tão emocionadas com o milagroso despertar que não prestaram atenção em quem adentrava o cômodo ou se perceberam, não conseguiram desviar os olhares fixos nele. Apenas quando já estávamos próximos o suficiente para vislumbrar Daniel por completo que as três voltaram seus olhares e posturas em nossa direção.
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Hearts Collide
RomanceAs curvas do destino às vezes nos levam a lugares inimagináveis. Regina Mills, certa de que já havia achado sua alma gêmea vê tudo mudar após um grave acidente no dia de sua festa de noivado. Com Daniel em coma, seu último pensamento era se apaixona...