Duas Linhas

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A chuva, que se formava quando estávamos na piscina, caiu com a força de uma tempestade de verão e permaneceu sob Storybrooke durante a noite toda. Os relâmpagos iluminando o céu e série de trovões ecoados fez com que todos voltassem correndo para suas casas, antecedendo o fim do primeiro dia do festival de primavera.

Além de afugentar as pessoas, o barulho do temporal também fez Robin e eu darmos voz à nossa razão, a qual gritava em alerta pelo que estava prestes a acontecer. Como somar um mais um, era claro o resultado da paixão ardente que sentíamos combinada com a minha falta de roupa e uma cama tão próximo de nós. Um passo grande demais para nossos pés e extremamente complicado para a nossa atual situação. Em comum acordo decidimos parar e esperar, não houve, entretanto, palavras pronunciadas ou escritas sobre o assunto, mas através de nosso olhar o assunto foi discutido e definido. Eu o queria, muito, mas havia muito em questão para ser resolvido antes de nos entregarmos de corpo e alma a aquele amor.

Robin despediu-se aquela noite dizendo o quanto me amava, logo depois de ter unido nossos lábios em vários selinhos doces e apaixonados. Ele se foi e eu fiquei no quarto, sozinha e suspirando, com uma felicidade tão grande que transbordava meu peito e não me permitia fazer nada além de sorrir.

Nosso amor me fazia voar, eu flutuava ao vento de olhos fechados aproveitando a ausência das amarras ou gaiolas, porque com Robin eu conseguia livre para rir ou falar o que pensava sem que houvesse algum tipo de repreensão. Ele me amava por quem eu era e em nenhum momento tentou me mudar ou exercer controle sobre mim. Ao seu lado, eu podia escolher, podia pensar e, acima de tudo, eu podia ser eu mesma.

O escurecer da noite deu lugar para o nascer do sol, acordando-me para mais um dia. Não esperei o despertador tocar e antes mesmo que a claridade se tornar mais forte, eu já estava de pé, pronta para sair do quarto e ter novamente seu corpo perto do meu, sentir seu calor e beijar seus lábios.

Era ridículo meu entusiasmo, mas eu não podia evitar, nunca havia sentido algo parecido.

Não depositei em Robin minhas esperanças, não o tornei meu salva-vidas, porque com ele eu não sentia que precisava ser salva. Ao contrário de toda a minha vida, naqueles dias em que descobri como é amar verdadeiramente, eu também achei em mim força e coragem para enfrentar qualquer batalha, que infelizmente, eu sei que um dia viria.

Afastei as preocupações da minha mente, por que se preocupar com o futuro quando se pode viver o presente intensamente?

Abri a porta do quarto e me deparei com a casa ainda mergulhada em breu e silêncio. Não havia ninguém por perto - ou acordado - e sem que os interruptores estivessem ligados, a escuridão era quebrada por alguns brandos raios de sol que passavam pelas janelas, tocando tudo aos poucos e sutilmente.

Livre do barulhento par de muletas, eu consegui caminhar até a sala de jantar sem que toda a propriedade ficasse ciente dos meus passos. Feliz por não ter esbarrado em nada e ansiosa por, finalmente, o surpreender desde que começamos com aqueles encontros matutinos, não consegui evitar a frustração por não o encontrar ali como sempre. Passei meus olhos por toda a extensão da sala de jantar e cada cadeira disposta, mas não havia sinal seu. Ri baixo e pensei alto:

― É, ladrão, você me deixou mal-acostumada.

Assim que a frase foi proferida, eu me assustei ao sentir um par de braços musculosos me envolvendo, abraçando-me forte; porém foi momentâneo, o seu calor e o perfume que eu tanto amava me fizeram sorrir e relaxar contra seu corpo.

― Quer dizer que eu te deixei mal-acostumada, vossa majestade? ― Ele pousou o queixo sob meu ombro, falando em meu ouvido e aproveitando, logo após, para cheirar meu pescoço.

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