Antes de Tudo Escurecer

210 16 0
                                    

Dez. Nove. Oito.

Em cada vez que eu tinha a infelicidade de ouvir alguma bobagem escapando pela boca de Neal, eu fazia uma contagem regressiva em minha mente, esperando que fosse o suficiente para me acalmar e evitar que eu pulasse no pescoço daquele homem.

― O bar nesse fim de mundo bem que podia abrir de manhã, não é?! ― Bêbado infeliz, ainda esperava que eu concordasse.

― Ei ― eu precisava mudar de assunto ―, o mal-estar da Emma ontem à noite foi repentino? Granny disse que ela quase desmaiou.

― Sei lá, cara. ― A falta de preocupação da sua expressão e sua voz me deixou irritado.

― Como assim? Você não estava com ela? ― O olhava bravo, mas ele não parecia se importar ou perceber.

― Não, Emma disse que não queria tomar uns drinks comigo naquela noite, então eu fui sozinho.

Sete. Seis. Cinco.

― Você simplesmente a deixou sozinha? ― Minha respiração ficava mais rápida ao passo que a fúria dominava meu corpo.

― Ah, cara, vai me julgar? ― Não, Neal, eu vou te matar. ― Ela anda tão insuportável ultimamente. ― Bufou. ― Não quer mais sair comigo e reclama quando eu vou sozinho, fica chorando pelos cantos e muda de humor completamente de uma hora para outra. ― Revirou os olhos. ― Se não fosse gata, eu já tinha...

Quatro. Três. Dois.

― Tinha o que, Neal??? ― Meus punhos se fecharam e eu tive certeza que a veia em minha testa saltou de tamanha ira.

― Você sabe, Robin. ― Ele ria, o desgraçado ria. ― Nenhum homem aguenta tudo isso, ainda mais quando está sendo negado na cama, eu sou quase um santo.

Um.

― ORA, SEU...

― Robin! ― Quando eu estava prestes a esganar seu pescoço, uma voz que eu conhecia muito bem gritou por meu nome. Ruby estava do outro lado da rua, mas correu para perto de mim, puxando-me pelo pulso para longe dali, mais precisamente para os fundos do restaurante da Granny.

― Eu preciso falar com você! ― A voz dela era séria. ― Aliás, o que estava acontecendo ali? ― Ela olhou para trás onde o traste, como se nada tivesse acontecido, seguia carregando as caixas de flores como vovó ordenou.

― Você evitou que eu cometesse um assassinato contra aquele desgraçado. ― Respirei fundo e encarei minha prima. ― Mas o que aconteceu? ― Estranhei sua expressão assustada. ― Você parece tensa, tem algum problema?

― Não sei, é você quem vai me responder. ― Ela cruzou os braços. ― A Regina está bem?

Franzi o cenho, não fazia sentido. Por que minha prima estaria me encarando daquele jeito só para perguntar como minha morena estava?

― Está sim ― respondi receoso ―, cada dia melhor. Ela ainda usa a bota ortopédica, mas a fisioterapeuta...

― Eu não estou perguntando sobre a perna dela, Robin! ― Exasperada, ela cortou minha explicação falando um pouco mais alto do que o habitual, mas assim que percebeu que atraiu alguns olhares, diminuiu o seu tom de voz novamente. ― Primo, eu vou ser direta.

― Ruby, você está me deixando preocupado. ― A última vez que tinha visto ela tão aborrecida foi quando eu confessei estar amando a morena de olhos castanhos.

― Robin, você e a Regina já... ― ela parou esperando que eu entendesse.

― Já... ― Através de gestos, eu pedia que ela continuasse.

Hearts CollideOnde histórias criam vida. Descubra agora