Noiva

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Em cada amanhecer, durante os sete dias seguintes, me vi despertando mais alegre, ativo, repleto de energia para aproveitar cada instante de sol e depois apreciar as maravilhas de um céu estrelado.

Sempre fui uma pessoa matutina, na família eu era o primeiro a levantar, o que por consequência me levava também a ser quem se recolhia mais cedo; mas com a chegada de Regina tudo mudou. A morena virou meu mundo de cabeça para baixo e até perceber e aceitar o que de fato eram meus sentimentos por ela foi um longo caminho.

Neguei não apenas uma, mas várias vezes; tentei expurgar aquilo do meu peito, falhei miseravelmente; procurei esfriar a cabeça e pensar em outra coisa, terminei com um belo resfriado e um puxão de orelha da vovó; era inútil lutar contra algo mais forte e que morava dentro de mim. Meu coração se rendeu aos encantos de Regina Mills, meu único dever era aceitar isso de bom grado, e quando o fiz, senti paz e uma felicidade impossível de ser contida.

Com essa euforia percorrendo meu corpo, eu levantava antes do nascer do sol, esperava que os primeiros raios começassem a despontar no horizonte para poder correr para o banheiro e me arrumar para ela. Pode parecer bobo ou infantil, mas eu queria impressionar a morena. De banho tomado e bem vestido, o toque final era passar o perfume que ela gostava; Regina nunca confirmou com palavras minha suspeita, mas sua constante inclinação a cheirar meu pescoço sempre que eu a segurava nos braços era um forte sinal.

Ah, morena.

Durante aquela semana de convivência, o que havia entre nós se intensificou e tornou-se algo cada vez mais difícil de esconder. Perto dela eu não conseguia parar de sorrir ou admira-la, era complicado também não pegar em sua mão quando havia pessoas ao nosso redor, e praticamente impossível ter que apenas chama-la de Regina perto da minha família, visto que quando estávamos sozinhos, os apelidos de minha rainha e meu anjo eram sempre usados. Não havíamos posto em palavras tudo aquilo, mas a conexão nos possibilitou também conversar através do olhar, bastava olhar para a mirada do meu amor para saber o que ela pensava.

Apesar de odiar a circunstância, eu estava aliviado por Neal estar passando uns dias na casa, uma vez que isso deixou Emma bastante ocupada com o traste para notar minha cara de bobo apaixonado. Eu simplesmente não conseguia evitar, bastava Regina entrar no ambiente para meus olhos brilharem e meu coração pulsar em um ritmo mais rápido. Com a conclusão da reforma do quarto de baixo e sua, infeliz, mudança para lá, meu prazer diário de tê-la em meus braços fora impossibilitado, assim, meu único regozijo era acordar cedo e espera-la na sala de jantar para tomar café da manhã comigo.

― Bom dia, ladrão.

Minha morena era a primeira a aparecer e sempre me presenteava com um sorriso lindo.

― Bom dia, meu anjo.

Nossa conversa se resumia a isso, o resto era falado através de nossos olhares conectados.

― Por que sempre que chego aqui vocês estão calados? ― Minha mãe questionou entrando no lugar ― Não vão me dizer que já brigaram? Robin, você não toma jeito, meu filho?

― Se nós estivéssemos brigados a culpa era logicamente minha?

― De que mais séria, ladrão? Eu sou um anjo. ― Regina mordeu a boca e sorriu inocentemente logo após. Era como alternar entre o inferno e o paraíso, ela não perdia oportunidade nenhuma de me provocar.

Ava ficou entretida no celular e eu aproveitei a situação para responder a provocação. Movimentando a boca em um "meu anjo" sem som, deixei para Regina o trabalho de entender o que eu falava apenas lendo meus lábios. Não me decepcionando, ela sorriu e levantou uma das sobrancelhas enquanto me olhava.

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