Surpresas da Vida

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Não pareceu ter se passado mais de um segundo desde o instante que fechei os olhos até o momento em que os abri, ainda um pouco sonolento tateei o espaço no colchão procurando sentir a morena de orbes castanhas ao meu lado, mas para meu susto e tristeza, não achei nada além de um vazio e a marca deixada por seu corpo no lençol provando que em alguma hora ela esteve ali comigo.

Abri os olhos com maior propriedade e me sentei de rompante na cama a procurando em cada possível canto do quarto, mesmo considerando as poucas possibilidades, ainda tinha esperanças que ela tivesse apenas sentado em outro lugar ou usando o banheiro, chance descartada quando notei as portas abertas do lavabo e do cômodo onde eu dormia. Não pude evitar a frustração com a conclusão de que Regina somente me esperou dormir para ir embora. Piorando tudo, minha insatisfação estava ligada ao fato de eu não poder fazer nada, nem reclamar, nem a chamar de novo para perto de mim. Infelizmente, para ela eu era apenas o irmão mais velho de seu namorado.

Maldição de mulher. Por quê fui me apaixonar logo por Regina Mills?

― Idiota. Eu sou um idiota!! ― Explodi em voz alta.

― Eu tenho certeza disso ― a mulher entrava no quarto com uma cara nada simpática ―, se não fosse não teria saído na noite mais fria de Storybrooke com uma roupa fina e ainda dormir com a janela aberta, ah menino!

― Granny? O quê? Quem te contou?

― Regina é claro. Como você se atreveu a fazer uma estupidez dessa e ainda ficar resfriado??

― Regina? ― Seu nome me deixou em alerta ― Onde ela está?

― Depois de muito insisti, eu consegui fazer com ela saísse desse quarto e fosse se cuidar. Você sabia que sua burrice a fez largar o café da manhã dela e vim até aqui cuidar de você mesmo tendo acabado de acordar?

As palavras da minha avó fizeram meu coração saltitar de felicidade.

― Regina fez o quê? ― Precisava ouvir novamente

― Além de burro, você agora ficou surdo também, meu neto? ― Vovó sempre carinhosa ― Foi o que eu acabei de falar. Belle chegou no hotel esbaforida, falando feito uma matraca que você havia ficado doente e que Regina tinha ficado cuidando de você. Ora, onde já se viu. Ela saiu do hospital ontem e você já me apronta uma dessa? Menino inconsequente.

Nem as várias broncas dadas por Granny eram capazes de fazer sumir o sorriso que ornava meu rosto. Regina não apenas ficou ao meu lado, como também cuidou de mim, ela largou tudo para cuidar de mim. Seria essa a resposta, universo?

― Faz o que não deve e ainda fica sorrindo aí?! Menino, você está merecendo um puxão de orelha.

― Desculpa, Granny, não fiz por mal.

A mais velha me olhou com cara de poucos amigos, do mesmo jeito que fazia quando eu aprontava e ela me pegava no ato quando criança.

― Vou pensar no seu caso. ― Ela deu um meio sorriso, quase despercebido de tão contido, e sentou na cama, repetindo o mesmo gesto da morena, ela levou uma das mãos até minha testa e suspirou.

― Sua temperatura está voltando ao normal, graças a Deus. ― Vovó por fim sorriu ― Mas nunca mais me apronte uma dessa. ― Da água para o vinho, o sorriso desapareceu para dar lugar à uma feição brava que, infelizmente, veio acompanhada de um puxão na orelha.

― Ai, vovó! Isso doeu. ― Passei a mão pela área dolorida.

― Quem manda não se comportar?

― Poxa, vó, eu não sou mais criança.

― Então não aja como uma.

A gargalhada mais linda de todas interrompeu a repreensão da minha avó e chamou nossa atenção para ela. Regina observava a situação divertida no batente da porta, com uma roupa diferente e cabelo molhado, ela parecia ter acabado de sair do banho, o que confirmei com a mistura de cheiros, do sabonete e de seu aroma amadeirado, que se espalhava pelo quarto conforme ela se aproximava. Já dominando as muletas, ela adentrou o cômodo com certa rapidez e naturalidade.

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