Vamos Assumir?

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Cinco anos depois e a placa verde reaparecia.

― Welcome de Storybrooke. ― Leu ele em voz alta, fazendo um arrepio percorrer meu corpo.

Na língua francesa aquele sentimento era definido pela palavra déjà-vu, a estranha sensação de trilhar um mesmo caminho já percorrido antes, não como uma lembrança, mas como na irrealidade do subconsciente. Voltar para aquela cidade na data exata em que pisei ali pela primeira vez era como um sonho onde eu não sabia o que podia aparecer na próxima esquina, eu teria que lidar com um arco-íris? Ou uma tempestade? A ansiedade perante ao futuro e a nostalgia do passado gritavam em minha cabeça e eram fortes demais para que eu pudesse silencia-los.

― Ai como é bom voltar para esse lugar. ― Ele sorriu e suspirou alto, talvez falando mais para si do que para mim.

Não vou dizer que não concordava com a fala dele, Storybrooke era uma cidade linda, encantada, cheia de pessoas adoráveis, algumas delas partes da minha família agora, mas era um local onde as recordações pareciam estar vivas em cada esquina. Muitas delas eram boas, lindas, mas em outras o sentimento era o completo oposto, e eu tinha medo de encarar minhas lembranças e principalmente, a pessoa quem eu deixei para trás.

― O que foi, querida? Está calada. ― Disse olhando-me de relance e em seguida se concentrando na estrada novamente.

― Nada não, apenas pensando.

― Eu sei que não é só isso ― afirmou ―, conheço muito bem minha querida esposa para saber que algo está te incomodando.

Eu não esperava que minha resposta simplória o tivesse convencido, mas como explicar que estava feliz de voltar, mas em completo pavor que isso fizesse minha vida mudar completamente de novo?

― Podemos falar sobre isso depois?

Meu marido me olhou de novo e depois de ler o que meus olhos diziam, ele assentiu em silêncio, apenas movimentando a cabeça. Sua mão direita, que pairava sob o volante, deslizou para o encontro da minha, a acariciando com suavidade. Sorri com o gesto. Mesmo depois de anos, aquele era um hábito que Robin e eu nunca tínhamos perdido.

Unidas, nossas mãos simbolizavam o quanto nosso amor era forte, era mais que um mero contato, era uma ligação. Nossos dedos entrelaçados se apertavam e se afagavam em um sinal de força e presença, era como dizer: "Não tema, eu estou aqui ao seu lado". Por atitudes simples como essas que eu me apaixonava por ele em cada amanhecer e agradecia a Deus por ter me abençoado com uma vida maravilhosa.

Confiar no nosso amor e lutar por ele foi a melhor decisão que Robin e eu já tomamos. Não vou negar, o começo não foi fácil, porém, eu não queria e nem conseguia esconder nossos sentimentos, não depois de quase tê-lo perdido.

Nos assumir para a família dele foi aterrorizante, principalmente por ela. Seus olhos se arregalaram e sua pele empalideceu quando adentramos na sala de estar de mãos unidas e dedos entrelaçados. Era a hora. Trêmula e com o coração batendo em um ritmo acelerado, eu mal conseguia erguer meus olhos e encarar Ava durante os eternos instantes em que Robin contava que estávamos apaixonados, nem quando ele explicou que não havia sido premeditado e como lutamos contra o que sentíamos, mas a força daquele sentimento era intensa demais para ser ignorada ou sufocada.

Altivo, a voz do meu amor ecoava firme pelo lugar, quebrando o silêncio que os demais alimentavam. Com exceção de Belle, todas as mulheres naquela sala sabiam do nosso segredo, e assim como eu, esperavam atentas às reações de Ava. Entretanto, a expressão em seu rosto não dava pistas sobre o que se passava em sua mente, ela apenas ouvia.

Meu amor, em nenhum momento, deixou que nossas mãos se separassem e que seus dedos acariciassem os meus com suavidade. Era um afago doce, mas que me acalmou e deu coragem. Com a cabeça erguida, vi que a caricia não passou despercebida por ela. Ava estava atenta as palavras do filho, mas seus olhos variavam entre nossas mãos e nossos olhares.

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