Deite Aqui Comigo

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Desgraçadamente apaixonado.

Essa foi a conclusão que cheguei naquela madrugada de primavera, quando a noite, mais fria que o normal, parecia nostálgica lembrando do inverno já passado. A minha perturbação no momento, entretanto, não tinha nada relacionado com o clima desconexo, mas sim com uma morena de beleza anormal que não saía da minha mente.

Com a casa mergulhada em silêncio, revirei na cama diversas vezes tentando dormir assim como os outros, mas nada. Cada vez que fechava os olhos, Regina aparecia com seu sorriso encantador, gargalhada deliciosa, boca tentadora e olhos, aqueles olhos castanho hipnotizantes. Vê-la em meus pensamentos me levava a lembrar o dia com ela: o gazebo, nossas mãos unidas, seu carinho na minha nunca e a maravilhosa sensação de tê-la junto a mim, em meus braços.

O calor sobrevindo com aquela simples recordação me fez desprender da manta grossa sob meu corpo e abrir a janela próxima a cama, esticando-me ao máximo para fazer isso sem pisar no chão frio. O vento gelado entrou pela abertura e logo contaminou o cômodo com seu toque de gelo. Não me importei, meu corpo parecia em brasa e minha cabeça em ebulição. A leve ilusão tida na mesa de jantar já havia caído por terra, complicando ainda mais minha saúde mental. "Estou me apaixonando por Regina Mills? ", por favor, Robin, deixa de tolice, homem, você já está completamente apaixonado por aquela mulher.

Droga.

Como eu fui capaz de tamanha estupidez?? E pior, em um mísero dia??

Não. Tinha que ser um erro. Sim. Um erro. Era apenas um delírio momentâneo, mas nada de mais, com certeza uma loucura passageira.

Será?

Merda.

Desesperado demais, pisei no chão frio sem me importar com o choque térmico ou com o desconforto que o ato causou. Eu precisava andar, espairecer, pensar e fazer isso naquele quarto não adiantaria de nada, não com a causadora da minha tormenta há tão poucos passos dali. Vestir a roupa do dia anterior ainda sob a cadeira também não me pareceu ser a melhor das ideias, minha camisa exalava o delicioso perfume amadeirado de Regina, por conta das vezes que ela havia ficado com o corpo colado ao meu, o que nada me ajudaria na lida de voltar a raciocinar.

Abri o armário, retirando de lá alguma outra peça qualquer e terminando por encostar a porta do mesmo bem lentamente; naquela hora da madrugada, eu não precisava acordar toda a casa com o ranger irritante daquele móvel.

Como um adolescente desobediente da hora de recolher, andei pelos corredores silenciosos na ponta dos pés, com passos largos e cuidando para não esbarrar em nada pelo caminho. Quando fechei a porta de entrada e me vi finalmente fora daquela casa, consegui respirar aliviado, minha escapada foi um sucesso.

Meus primeiros passos no jardim foram marcados pelo frio, vento forte e o breu da noite. A lua iluminava tudo, mas seu brilho por vezes era encoberto por nuvens, o que dificultava meu percurso até a parte de trás da propriedade, mais precisamente rumo ao lago e sua calmaria. Andei em automático até lá, cada centímetro daquele caminho estava fresco em minha memória, não havia o que errar. Quanto mais me aproximava da água, mais o gelado vento doía em minha pele.

Teimosamente obstinado em chegar na margem onde havia um singelo deck de madeira, coloquei as mãos nos bolsos da calça de moletom para tentar, em vão, aquece-las e continuei caminhando. A camisa que eu escolhi sem pensar ou ver, era a pior para a circunstância. De algodão, fina e sem mangas, ela era uma das peças que eu usava antigamente para correr pelas ruas de Storybrooke durante os dias quentes de verão. Considerando doze anos de inutilidade, a peça parecia menor e absurdamente mais apertada, o tecido praticamente colava-se ao meu corpo.

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