Grace
- Estou bem, Alaric. Não precisa gritar com eles. Eu fui por conta própria. - Tentei amenizar o humor terrível que ele estava.
Ele mandou os rapazes irem embora, e virou as costas para mim. E incrivelmente entendi que estava preocupado de verdade. Eu como enfermeira quase formada, sei que tenho que me cuidar. Mas minha curiosidade sempre falou mais alto.
Resolvi ir dormi, ao invés de ficar andando pela casa. Confesso que só comer aquele sorvete me deixou faminta, mas amanhã cedo eu teria que ir a faculdade, assistir 2 aulas que faltavam para terminar a parte teórica. Então como algo na rua..
Acordei com leves batidas na porta, creio que eu tenha dormido só 1 hora. Abri a porta vestida de babydol, sem me importar muito com quem era. Alaric estava com um saco de fastfood, não identifiquei qual, mas sabia que estava bom, pelo cheiro..
- Que roupa mais interessante, não sabia que gostava de ursinhos. - Diz ele rindo da minha roupa de dormir, enquanto tira sarro dos meus ursinhos carinhosos.
- Quer uma para você?- Pergunto.
- Para de ser abusada, vim com uma oferta de paz, trouxe comida.. - Até que enfim uma atitude decente desde que vim para cá.. - Grace, estou lá embaixo te esperando.
Enquanto eu só lavava meu rosto de sono, soltei meu cabelo com os dedos. Ele sempre ficava muito embolado quando eu deitava. Algumas vezes me olhando no espelho, noto que ainda dentro de mim falta algo. É complicado dizer, meu sonho era casar com um homem que me amasse tanto que no fundo saberia exatamente o que estou pensando. Já conheci uns caras, mas não conseguia levar isso a sério, no final nem encontro tinha.
Eu sei, eu sei, complicado achar o amor da minha vida assim. Mas os homens que passaram por minha vida, eram tão inapropriados para mim.
Desliguei meu devaneio, e resolvi descer logo antes que o convite da comida fosse desfeito..
Alaric estava sentado no balcão com suco de maracujá, dois enormes hamburguês e batata frita.
- Achei que tinha morrido lá em cima!- Disse rigidamente, me fazendo lembrar do seu mal humor natural.
- Esse seu mal humor está se tornando parte de você! - Sorri, tentando não parece tão irritante como sou. - Você vive de fastfood? Procurei algo para comer e só tinha sorvete, ainda bem que trouxe isso, senão até amanhã de manhã eu poderia estar desidratada.
- Como sempre reclamando, eu esqueci de abastecer as prateleiras, mas estão cheias agora, não precisa sem tão chata! - Ele sorriu, e me lembrou quando me beijou a primeira vez. Ele era tão doce antes, não costumava ser mal humorado.. As vezes as pessoas mudam.
- Eu não reclamei, estava brincando.. sou divertida quando quero..-Será?
- Então me avise, para eu poder rir. -Como ele é grosso! Desisto.
Comemos e ficamos implicando um com o outro. Era divertido ter contato com ele. Éramos tão amigos antigamente. Foi ficando tarde, e ele subiu para o quarto. Enquanto eu, senti medo de dormir sozinha lá novamente. Peguei minhas cobertas e liguei a televisão da sala, fiquei horas tentando dormir, mas o sono não chegava,até que fui vencida, e desmaiei no sofá, esquecendo que aquela casa não era minha. Acordei num solavanco, sentindo algo mexer no meu rosto. Abri meu olhos e dei de cara com o grande pastor alemão do Ric, que susto! Meu berro de medo foi alto, que vi o cachorro sair correndo e ele se aproximar de mim rindo da situação.
- Ninguém mandou dormir no sofá! - Ele riu e me olhou deitada de bruços, segui seu olhar, até parar na minha bunda. Não muda nada!
- Eu fiquei com insônia..- tentei me justificar. - Tenho que ir a faculdade.
Levantei antes de escutar sua resposta. E segui ao banheiro, lavando meus cabelos, meu rosto babado de cão, e fazendo minha higiene normal. Eu me sentia um zumbi, dormi mal no sofá. E estava chateada de ter que estar aqui. Eu sou muito emotiva, e não aguentei o choro depois de lembrar do meu grande amor por Alaric, e por tudo que ele me fez passar. Ele contou a escola toda sobre nossa primeira vez, e ainda espalhou que meu corpo não era gostoso como viam.. Não que eu me importasse em ser vista como a gostosona, mas era meu ultimo ano, custava me deixar em paz? Kai, me disse que ouviu ele falar com o time de basquete, e ai começou a fofoca, até meus pais ficaram sabendo, eu desejava me matar, e tomei uns 5 comprimidos diferentes, antigamente eu não sabia, mas hoje como enfermeira sei os risco de tomar remédios sem prescrição médica.. Alaric nunca soube que tentei me matar. Só Kai e Sô sabiam do enorme buraco feito dentro de mim.. Coloquei um vestido azul claro, que estava um pouco curto em mim, mas que me deixava bonita. Soltei meus cabelos, mas dessa vez não passei maquiagem, eu não queria. Quando sai, vi que ele me olhava, e de alguma forma sabia que eu estava me sentindo sozinha. Desci as escadas com minha bolsa atravessada, e pensei no longo caminho até o ponto de ônibus. Até que ele, me chamou na cozinha e perguntou se eu queria carona e café. Eu posso até ser relutante, mas não sou burra, não quero travar uma guerra com ele, só quero que tenhamos uma boa convivência.
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Liberta - RESSURGINDO.
RomanceO que você faria se a grande chance da sua vida, viesse mediante a um casamento inesperado? Foi o que aconteceu com Grace. Depois de 4 anos da volta do seu grande amor, ela se vê diante a uma grande dúvida. Salvar a sua fazenda ou ter a liberdade de...