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Dois dias depois
Grace

Já se passaram 2 dias e por incrível que pareça ainda não nos matamos. O frio está cada vez pior, mas a neve ainda não chegou até as fazendas. Talvez ainda esteja longe..

Alaric quando quer, é uma ótima companhia, nossos dias se resumem em acordar cedo tomarmos café juntos e passar o dia jogando cartas e assistindo filmes.. Até consegui vencer ele em uma competição. Agora estou lavando a louça do almoço e quando levanto meus olhos vejo NEVE. Isso aí, ela a tão temida chegou. Mas eu tinha amado! Tanto tempo sem ver. Era como se eu nunca tivesse visto!
Corri em direção ao quarto de Alaric e sem querer abrir a porta sem bater. E me deparei com ele só de cueca correndo para pegar uma roupa.
Quando escutou o barulho da porta, caiu de bunda no chão fazendo um estrondo de raio! Não me aguentei! Ri tanto que quase mijei nas calças!
Mas depois que percebi que ele tinha caído, fui em sua direção para ajudar.

- Engraçadinha você hein, Grace? - Disse ele carrancudo por ter caído.

- Me desculpa, não aguentei. Você se machucou? - Em meios a gargalhadas eu tinha ficado preocupada.

- Acho que sim. Meu pulso está latejando de dor! Acabei caindo em cima dele.

- Posso ver? Pode ter fraturado..- digo de forma firme! Sei o quanto ele as vezes pode ser teimoso!

- Claro, mas antes posso colocar uma roupa? Além de um pulso fraturado não quero ficar congelado! - Sorri de lado e olha para baixo. E assim que percebi, que ele estava só de cueca sai correndo do quarto. Sem dar uma resposta. As vezes me surpreendo com o corpo dele. Cada vez que olho parece que surge mais músculos! Seu peitoral que carregava pelos quase imperceptíveis, o seu abdômen que tinha uma cicatriz de faca e também vários gominhos que iam descendo até o "caminho da felicidade".

Enquanto esperava ele descer para ver o pulso possivelmente fraturado dele, olho pelo vidro vendo a neve cair de forma espontânea e leve. As vezes me sinto dura igual pedra e invejo as pessoas que conseguem ser como a neve. Me sinto tão coordenada por ações já pré dispostas. Me sinto triste por não ser uma mulher leve como a neve..me sinto PRESA dentro de mim mesma.

Quando ele desce mostro empolgação para ver a neve, mas infelizmente hoje não podemos e nem devemos sair de casa porque a tempestade ainda não passou. Visualmente o pulso está roxo, mas ele disse que só doeu na hora, que agora não sente mais nada. Peguei um saco de ervilhas congeladas e coloquei em cima do local.

- Está doendo?- Perguntei.

- Tudo bem, doendo não está. Mas não estou conseguindo mexer..

- Meu Deus, por que não me disse?

- Não queria preocupar..

Corri escadas a cima e peguei tudo que eu tinha para fazer uma imobilização decente. Desço cheia de coisas nas mãos. E o encontro no mesmo lugar que deixei. Pego meu kit de primeiros socorros e começo a imobilizar o pulso. Por sorte carrego comigo anti-inflamatorios. Depois de medicado e confortável, já se passa das 3h da tarde e meu estômago esta rocando para comer algo..
Acho salsichas enlatadas e vem em minha mente a receita de um cachorro quente brasileiro.
Olho pelo portal e vejo Alaric deitado no sofá com seu cachorro. O aquecedor esta a mil, e sinto que esta caindo a temperatura..
Faço o molho com tomates e cebolas, e coloco as salsichas e espero ferventar! O cheiro esta ótimo e a fome começa a reclamar!
Coloco o molho dentro de um recipiente e pego ketchup, maionese e mostarda.. por sorte tínhamos um saco de pão de cachorro quente. Equilibro tudo no braço e sigo para a sala, onde Game of Thrones já estava começando.

- Que cheiro bom é esse?
- Cachorro quente brasileiro, eu acho!- digo sorrindo.
- Tomara que você não tente me envenenar porque vou comer muito!
- Bem que eu queria. Porém esse frio poderia me matar..

Sirvo para nós dois e sinto o quão gostoso aquilo estava.. tudo muito bom. Depois de comer 4 pães grandes, sinto meu estômago pesar e paro de comer com medo de colocar tudo para fora.. Já ele comeu tanto que sua barriga está esticada e só sossegou quando acabou com as salsichas.. resmungando por ainda querer comer, ele tira a mesa e me deixa relaxando enquanto vejo outra programação na televisão. Na janela a neve cai e aos poucos vai acumulando.. acabo cochilando.

Vejo Flex choramingar na vidraça e quando olho para fora Alaric esta correndo em direção a um cão no meio da neve, quase não enxerguei o bichinho pois era tão pequeno e tão branco que se confundia.. o vento era tão forte que vejo meu "marido" ser jogado contra o vento com o filhote nos braços. Ele era maluco só pode, me preparo para abrir a porta e ajudar ele entrar. Coloco por cima dos moletons o casaco felpudo pendurado na porta, a bota e saio.. Flex vem correndo atrás de mim e me arrependo de não ter colocado luvas, esta tão frio que sinto congelar. Alcanço os dois, e ofereço minha mão, e vou puxado até chegarmos seguros na casa. Meus dedos estão roxos e quando o filhote chora e fechamos a porta correndo.

Liberta - RESSURGINDO.Onde histórias criam vida. Descubra agora