Bônus IV:

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Gina bateu a porta do dormitório o mais forte que conseguia, passou as mãos pelos cabelos ruivos em um ato desesperado de se acalmar. Ela não queria chorar, não mesmo, mas havia tanta coisa acumulada em seu peito. Gui ferido, Dumbledore morto, Voldemort retomando o poder, Harry... Harry terminando com ela, Harry se arriscando na guerra, Voldemort atrás de Harry. Ela suspirou.

-Gina?

Hermione entrara no quarto, usando uma jaqueta jeans trouxa com uma camiseta Rosa por baixo, arrastando um malão e com um pedaço de pergaminho enfiado no bolso.

-Oi, Mione. - saudou-a, sorrindo forçado, a morena lhe devolveu o sorriso.

-Fiquei sabendo... sobre você e Harry. - disse - Eu sinto muito.

-Tudo bem. - ela tirou um casaco surrado do malão e o vestindo, ao mesmo tempo que prendia os cabelos ruivos em um rabo-de-cavalo.

-Harry só quer seu bem. Ele te ama, e quer que você fique segura, por isso...

-Mione, tudo bem. - repetiu, Hermione assentiu e lhe entregou o papel que estava em seu bolso.

-Ele me pediu para te entregar. - ela se encaminhou até a porta - Gina, se precisar... Eu estou sempre aqui, ok?

E saiu. Com as mãos trêmulas ela abriu a carta. Estava toda escrita em tinta marrom.

"Gina,

Eu deveria estar te dizendo isso pessoalmente, porém só pelo fato de olhar no fundo dos seus olhos, eu já tenho vontades de voltar atrás com a minha decisão.

Mas eu realmente preciso fazer isso, preciso te manter segura, se algo lhe acontecesse, eu nunca mais iria me perdoar.  E por essa carta eu quero lhe dizer minhas últimas palavras como seu namorado.

Sabe por quê eu nunca te chamei de princesa? Eu vivi minha infância inteira como trouxa e via na televisão (enquanto Duda assistia) aquelas garotas sendo salvas por homens que mal sabiam sacar uma espada. E você não precisa ser salva, Gin. Você é tão forte quanto qualquer homem, quanto qualquer mulher. E além do mais é tão mais bonita que qualquer mulher que eu já conheci.

Antes eu acreditava que a cor mais bonita era aquela que coloria os céus de Hogwarts, mas hoje sei que as cores mais bonitas são o laranja dos seus cabelos ruivos e o marrom dos seus olhos. Já sabe o porque de eu ter escrito essa carta com essa tinta, não sabe? Você já se olhou no espelho e encarou as suas orbes? Bem, elas são viciantes, me faz vontade de nunca desviar o olhar. E os seus fios ruivos... Já vi milhares de pôr-dos-sóis, mas nenhum deles se comporará com o laranja dos seus cabelos.

Eu nunca fiquei tão viciado em um perfume como eu estou com o seu, Gina. A melhor sensação era quando eu te abraçava, o perfume dos seus cabelos eram como um calmante para mim, um porto seguro. Você é meu porto seguro. Poder desabafar com você... Nossa! É incrível! Principalmente quando ganhava um beijo no final.

Agora, o que dizer sobre os seus lábios? Eu realmente não sei descrever a se sensação deles acariciando os meus. Eles são sempre tão macios, doces e serenos. Quando ganhamos a Taça de Quadribol e experimentei eles pela primeira vez, foi pior do que qualquer droga... Porque eu fiquei totalmente viciado em sentí-los.

O seu sorriso... Eu simplesmente o amo. O jeito como os seus olhos ficam pequenininhos, é como se eles sorrissem para mim também. Como as suas bochechas ficam para cima, ás vezes coradas... É a mais bela arte.

As suas sardas, desde o nariz até os ombros. Eu sempre gostei de olhar constelações, mas as suas sardas são as estrelas mais belas de se olhar. Enquanto uns tentam contar os pontinhos brilhantes no céu, eu tento contar os pontinhos amarronzados da sua pele alva.

Você deve estar pensando que eu estou muito poeta, mas é disso que todos precisam, não é? De alguém que nos faça ter vontade de escrever poesias. Você é o meu alguém.

Me desculpe por te deixar, mas a sua segurança é o que me fará conseguir dormir nas noites que se sucederão.

Eu só quero que saiba que eu te amo. E nada vai mudar isso.

Com amor,
Harry"

As lágrimas molharam inconscientemente as bochechas da ruiva, mas logo elas tomaram. conta de Gina, como um dilúvio.

Ela caiu na cama segurando o pergaminho contra seu peito, soluçando como nunca fizera antes. Por que ela sabia que aquele garoto a amava, assim como ela amava ele.

E Gina odiava tanto Voldemort naquele momento, mais do que ela jamais odiou.

Esperou, esperou por algo que ela sabia que não ia acontecer. Ela esperava que Harry entrasse naquele quarto e a abraçasse e dissesse que tinha voltado atrás com sua decisão.

Mas ela sabia que isso não ia acontecer, e Gina não ia ficar ali, deitada, sofrendo e chorando.

Se levantou, lavou o rosto, colocou um sorriso nos lábios (mesmo que fosse forçado), agarrou fortemente a varinha nas vestes.

A guerra se aproximava, e se achavam que ela não iria participar daquilo... Ah, como estavam enganados.

E se eles voltassem?Onde histórias criam vida. Descubra agora